Capítulo 5

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A segunda-feira, da terceira semana, iniciara-se com muita chuva, a temperatura havia caído um pouco e como fazia todos os dias, ele passaria na sua escola. Era necessário efetivar a matrícula das gêmeas que iniciariam suas aulinhas e ele havia combinado um horário com a mãe das garotinhas. Como todas as vezes, Jimin estava ao seu lado, mas dessa vez com um bico inexplicável, resmungando algo para si mesmo.

Talvez ainda estivesse com ciúmes da Srª Wang, pois ela era muito bonita e tinha um olhar nada discreto para Jeon, este que por sua vez, se fazia de desentendido quando apresentou para ela a escolinha, na sexta-feira. Nesse dia ela não havia levado suas filhas, pois quiseram ficar com o pai.

Jimin não estava muito confortável, sentia-se inquieto, não gostava de tempo fechado, chuvoso e frio. Tinha medo de raios, não gostava de trovões e se tivesse vento forte, preferia ficar deitado embaixo de suas cobertas, mas...onde Jeon fosse, ele também iria.

No trajeto até a escola ele passou sua mão na coxa de Jeon. Ambos não se sentiam, mas o fato de estar ali flutuante sobre a perna do outro lhe dava a sensação de proteção e que se pertenciam. Ele sentia algo por Jeon e sabia que o sentimento era recíproco. Havia sentimentos nascendo entre os dois.

Devido ao tempo ruim e ao trânsito, demoraram um pouco mais que o habitual para chegar à escola. A Srª Wang e as gêmeas já aguardavam Jeon, que se desculpou pelo atraso.

Enquanto os dois adultos conversavam, as gêmeas olhavam curiosas para onde Jimin estava sentado. Até pareciam que o estavam vendo quando sorriram e em seguida esconderam-se nas pernas da mãe.

-Meninas, se comportem. Sentem ali no sofá e fiquem quietas. -Mandou ao que as duas iam em direção ao sofá, sentando uma de cada lado de Jimin que cruzou os braços e repetiu com desdém a frase da Srª Wang "se comportem" e mostrou a língua para a mulher que estava de costas para ele.

-Num pode mostrar a língua. -Falou a de maria-chiquinha.

-É falta de educação. -Reforçou a de rabo de cavalo. Fazendo com que Jimin ficasse de boca aberta.

-Vocês podem me ver?

-Sim. -Responderam juntas.

-Meninas...silêncio. -Pedia a Srª Wang ao que Jeon olhava para as duas garotinhas que cochichavam algo com a mão na lateral da boca, como se houvesse alguém entre elas e sorriam.

Observando vez ou outra o comportamento das garotinhas, ele procurou mais que depressa finalizar a parte burocrática com a Srª Wang e a acompanhou até a saída da escola, voltando rapidamente para as duas menininhas em sua sala. Podia ouvi-las conversando através de sua porta, mas ao entrar as duas silenciaram-se.

-Nossa vez de conversarmos meninas, tudo bem?

-Sim, Senhor.

-Eu sou Jeon, o diretor da escolinha. Eu queria que vocês dissessem seus nomes para que eu possa escrever aqui para vocês. -Disse mostrando o pequeno crachá para as duas.

-Eu sou Wang Sayuri. -Disse a de maria-chiquinha.

-Eu sou Wang Jihan. -Respondeu a outra.

-Vocês têm nomes muito bonito. Posso colocar o crachá na roupa de vocês? -Perguntou pedindo permissão para ambas que assentiram, ao que ele as identificava.

-Foi o papai quem escolheu nosso nome. -Sayuri respondeu.

-Senhor Jeon, o Jimin disse que o Senhor precisa sorrir mais.

-Você consegue ver o Jimin, Jihan?

-E ouvir também. -Responderam as duas.

-E como ele é? -Perguntou deixando um leve sorriso surgir em seu rosto.

-Ele tem cabelo de boneca, amarelinho. A boca é gordinha e ele fez bico agora. O olho dele fica dois risquinhos quando ele ri. -Jihan descrevia Jimin com detalhes que surpreenderam Jeon.

-E ele tem um dente torto. -Completou Sayuri. -Ele tá mostrando a língua pra mim.

-Jimin se comporte. -Jeon chamou sua atenção.

-Ele falou que quando ele acordar do sono, ele mesmo vai mostrar a língua pro Senhor.

Ao que ouviu isso Jeon sorriu mostrando seus dentes proeminentes para as duas garotinhas.

-Lindo...parece um coelhinho.

-Ele disse que o Senhor é lindo e parece um coelhinho.

-Isso não era para você falar, Sayuri. -Reclamou.

-Desculpa Jimin.

-Por que desculpa Sayuri?

-Ele disse que não era para falar. Senhor Jeon, ele me chamou de fofoqueira.

-Não querida, você é uma princesa. Não é isso que ele disse não. Vamos conhecer a professora de vocês?

-Vamos! -Responderam animadas.

Sayuri e Jihan, eram duas garotinhas lindas e inteligentes. Estavam com 6 anos, mas eram bem espertas. Ao entrarem em sua salinha, a professora pediu que se apresentassem para os coleguinhas e escolhessem um lugar para sentar.

Jeon observou a sala por um tempo, pediu licença para a professora, deu tchau para as crianças e retornava para sua sala pensando no que havia acontecido ali minutos atrás. Como elas poderiam ver e falar com Jimin e ele não? Queria entender o que as diferenciava dele, mas seria algo que provavelmente não teria resposta como tantas outras perguntas que circulavam por sua cabeça.

Algumas vezes pensou em contar para Jin o que havia acontecido entre ele e Jimin, mas ficou com medo do irmão achar que ele estava tendo delírios, alucinações ou ficando doido. Era tudo surreal, ninguém acreditaria nele e por isso calou-se.

***

Após almoçar, Jeon seguia como todos os dias para o Hospital. Como todas as vezes, lá estavam os médicos fazendo os testes de sensibilidade em Jimin, verificando os aparelhos, fazendo suas anotações, regulando o gotejar do soro como sempre faziam.

Jimin estava estável, sua recuperação estava muito boa, seus machucados não estavam mais visíveis, com exceção da perna que permanecia imobilizada. Como Dr. U-Jin mesmo disse "só estamos aguardando-o despertar". Quando ele acordar novos exames serão feitos em busca de sequelas ou o que quer que fosse que precisasse de acompanhamento.

Jeon e Jimin foram deixados a sós pois os médicos seguiram para seus afazeres, os outros pacientes sobre suas responsabilidades.

JungKook sentou ao lado da cama, como de costume para conversar com Jimin. Colocou sua mão sobre a do loirinho afagando-a com carinho, olhando para o rosto sereno do rapaz.

-Eu sei que você está aqui Jimin e vai ouvir o que eu vou dizer agora, então não surta tá? -Quem ouvisse Jeon falar acharia que ele estava doido, pois como uma pessoa em coma poderia surtar, se nem se mexia?

-Eu juro que não surto Kookie.

-Eu sei que você quando acordar, voltará para sua vida, sua rotina, talvez nem se lembre de tudo isso que está acontecendo. Talvez você não se lembre de mim. Talvez eu não tenha coragem de repetir isso quando você acordar. Sabe, me assusta a possibilidade de você não saber quem eu sou, pois eu jamais irei esquecer você. Eu me apaixonei por você Jimin.

-Eu também me apaixonei Kookie. Eu também tenho medo de não lembrar de você, de não lembrar que me apaixonei. Tenho medo de te ver como um estranho na rua, enquanto você sabe quem eu sou. Não desista de mim caso eu não me lembre de nós.

Remember To MeOnde histórias criam vida. Descubra agora