Capítulo 5

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Hoje era quinta-feira e o dia onde teria a última apresentação de trabalho do semestre. Após aquelas poucas horas na sala de aula eu estaria completamente livre e finalmente graduada em Literatura. Então acordei animada, vesti minha melhor roupa e corri para o prédio principal da faculdade. O tal trabalho era mais um projeto do que um trabalho em si, eu deveria apresentar o esboço de um livro criado por mim e depois de muitos meses de trabalho duro, eu havia terminado a tempo de apresentar no prazo.

O livro contava a visão do amor vindo de um rapaz jovem adulto. Como era a sua percepção feminina e como eram as mulheres no seu olhar. Parecia ser algo um tanto estranho já que foi escrito por uma mulher, mas a maior parte dos pensamentos foram baseados em tudo que Mark me falava sobre os homens. O que me fez repensar milhares e milhares de vezes se realmente deveria ou não deletar o nome do dito cujo da edição final do esboço, mas eu deveria agradecer no mínimo. Se não fosse o olhar dele sobre a perspectiva masculina, mas com as minhas palavras, esse projeto nunca estaria pronto.

Tentei acalmar a minha ansiedade no momento em que me sentei no banco do lado de fora de uma das salas que as turmas de literatura usavam. Eu carregava debaixo do braço uma cópia do esboço e mesmo já tendo entregado o original para a banca, eu me sentia mais segura com uma cópia me acompanhando. Mesmo com a boca do estômago gritando em desespero e nervosismo, me levantei com toda a classe que eu poderia um dia ter dentro de mim assim que chamaram o meu nome e adentrei a sala me sentindo no primeiro ano de aula do maternal. Só queria minha mãe e chorar em plenos pulmões para ir para casa.

A banca mal me olhou, apenas analisaram uma pilha de papéis sobre a mesa.  Pude ver o meu livro digitado nas mãos de um dos examinadores e isso só me fez ficar ainda mais nervosa. Eles começaram a cochichar entre si e só então se viraram na minha direção.

- Senhorita Nina Carter, certo? - assenti rapidamente com a cabeça fitando o homem que por anos foi o meu professor nas aulas de inglês. - Pode falar um pouco sobre o seu esboço? - assenti novamente coçando a garganta.

- Eu demorei longos meses para escrevê-lo. Queria que tudo saísse fiel aos sentimentos e a forma de pensar correta. Meu esboço fala sobre a história de um rapaz que tem a sua experiência da sua primeira paixão, então eu quis escrever de forma clara como é a cabeça de um rapaz quando se apaixona por uma mulher. Escrever como os homens nos vêm de verdade e sem mascarar o sentimento com palavras bonitas e bem estruturadas - quase perdi o fôlego ao terminar de falar e fitei as quatro pessoas sérias a minha frente sentindo que meus olhos estavam tão arregalados que eu podia jurar que sairiam da órbita a qualquer momento.

Meu antigo professor de inglês dessa vez analisou meu rosto com cuidado. Seus olhos escuros envoltos por bolsas de inchaço que deveriam ser pela idade, vidrados nos meus que pareciam tão desesperados como nunca. Porém, ele sorriu. Abriu um pequeno sorriso no canto dos lábios e esfregou os dedos sobre o papel do esboço.

- Posso dizer que foi uma ideia fascinante. Escrever de fora da perspectiva feminina - comentou desviando o olhar para o papel. - Nina, preciso ser honesto com você e me perdoe se isso assustar você de alguma forma.

Senti meu coração bater fortemente contra as minhas costelas que poderia facilmente ser ouvido de fora do meu corpo. Minha respiração travou em meus pulmões e eu senti como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.

- Seu livro está ótimo. Magnífico, na verdade - sorriu abertamente. - Pode facilmente se tornar um best-seller. Por isso, decidimos enviar uma cópia para uma editora local e eles gostaram tanto quanto nós. Enviamos os seus dados para que eles entrem em contato com a senhorita e te façam as propostas pessoalmente - eu assenti sentindo minha cabeça rodar.

- Obrigada. Muito obrigada. Isso significa muito para mim - agradeci antes de sair da sala.

Meus pés pareciam pisar em nuvens e meu coração acelerado me fazia querer sair correndo sem rumo. Um sorriso imenso surgiu em meus lábios e logo após um grito agudo rasgou minha garganta enquanto eu impulsionava meu pés para o alto em pulinhos. Algumas pessoas à minha volta direcionaram seus olhares na minha direção, mas eu pouco importei. Apenas apressei os passos no caminho da livraria ainda com o sorriso pendurado no meu rosto.





E SE NOVA YORK FOR TÃO DISTANTE DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora