E SE NOVA YORK FOR TÃO DISTANTE DE NÓS

Capítulo 7

Meu celular apitou sobre o balcão da cozinha onde eu cortava alguns legumes para fazer o meu jantar. A notificação avisando que Louise me enviava mais uma mensagem e mais uma que eu não conseguia responder. Eu vinha ignorando as chamadas e mensagens de texto dela desde a semana anterior e não me orgulhava nem um pouco disso. Eu apenas achava que precisava resolver primeiro essa sensação estranha dentro do meu peito antes de resolver o que fosse com qualquer outra pessoa.

Nessa última semana, Jack se fez mais presente do que nunca na minha vida. Apesar de trabalharmos juntos, saímos para almoçar e até assistimos filmes até tarde da noite no meu apartamento. Mesmo eu tendo falado sobre isso com a minha melhor amiga Wendy, aprecia que ela não sabia muito bem o que falar e não a culpo, nem eu estava conseguindo lidar com essa situação, mas Jack parecia totalmente pleno em conversar sobre qualquer assunto. Ele parecia tão receptivo que até afastava um pouco a ansiedade que corroía meu estômago nos últimos dias.

Eu apenas apaguei a notificação da barra inicial e voltei a mexer a panela com o meu macarrão, quando mais uma notificação apitou. Uma mensagem de Jack avisando que chegaria na minha casa em poucos minutos e me levaria para um lugar especial. Não contestei, estava começando a gostar da adrenalina de fazer coisas aleatórias no meio da semana com o meu amigo. Quaisquer que fosse a ideia mirabolante que surgia na cabeça do rapaz de cabelos cacheados, ele parecia vivenciar aquela experiência da melhor forma possível, com toda a intensidade do seu corpo. Isso me fazia querer ser cada vez mais como ele. Intensa e corajosa.

Desliguei o fogão, despejando um pouco da comida no prato e devorando rapidamente. Não me preocupei em me arrumar, apenas prendi o cabelo e coloquei o meu casaco de frio sobre o conjunto de moletom, quando ouvi o interfone tocar. Meu amigo usava sua costumeira blusa xadrez, uma das muitas de sua coleção e All-Star surrado.

- Para onde vamos? - perguntei envolvendo meu braço no dele e pude ver um sorriso se abrir em seus lábios.

- Quero te apresentar a uma pessoa. Ela me ajudou muito quando eu precisei e acho que pode te ajudar também - essa foi a única coisa que ele falou durante todo o caminho.

Seguimos em silêncio enquanto andávamos e até mesmo dentro do metrô até a outra parte da cidade. Uma rua um tanto movimentada surgiu assim que subimos para a superfície e Jack me puxou para dentro de um dos primeiros prédios que surgiu em nosso campo de visão. Ele cumprimentou algumas pessoas no elevador e só então descemos quando o elevador parou no quarto andar.

Uma espécie de festa acontecia no apartamento. Pessoas de todos os tipos conversavam animadamente, bebiam e até gargalhavam como se algo extraordinário tivesse sido dito. Jack sempre segurando a minha mão enquanto cumprimentava e me apresentava para muitos que deveriam ser seus amigos, todos sorrindo educadamente e sendo super atenciosos. Eu já sentia minhas bochechas queimando fortemente quando paramos diante da cozinha e um rapaz abraçou Jack.

- O que vai querer beber? - o rapaz de cabelos loiros sorriu docemente para mim e apenas dei ombros envergonhada. Ele riu estendendo o copo que acabara de encher. - Se tiver muito forte, me avise - piscou antes de sumir no meio das pessoas.

- Você conhece todas essas pessoas? - perguntei dando um gole na bebida e sentindo meu rosto contrair em uma careta pelo álcool.

- A maioria sim. Muitos apenas de vista - Jack riu e puxou meu braço. - Vamos. Ela está na varanda - eu apenas engoli o resto da bebida antes de o seguir.

Cruzamos a sala de estar onde as pessoas conversavam animadamente sobre o sofá e poltronas e só então Jack abriu a porta de vidro que dava passagem para uma pequena varanda. Uma mulher de cabelos cacheados cor de fogo conversava calmamente com um rapaz, sua pele negra reluzia e suas maçãs do rosto pareciam ter sido esculpidas à mão. Ela se virou na nossa direção, abrindo um imenso sorriso para Jack e seus olhos cor de noite pareciam brilhar ao caírem em mim. Senti minhas bochechas corarem e apenas segurei mais o braços de Jack.