Capítulo 10

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Um mês se passou desde que eu pedi que Louise fosse minha namorada. Um mês de relacionamento sério e um mês desde que eu pedi demissão da livraria. Estava trabalhando dobrado na criação do meu novo livro. Meu horário de sono já estava tão desregulado que eu não fazia ideia de que algum dia pudesse voltar a ser normal. Várias vezes eu acordava no meio da noite com uma ideia mirabolante e passava o resto da madrugada em claro de frente para o computador.

Dei uma pausa de dedilhar as teclas para tomar um gole do meu chá. O dia estava incrivelmente frio hoje e eu me enrolava cada vez mais no conjunto de moletom que em meu corpo. Podia observar os flocos de neve caindo lentamente do lado de fora da janela, fazendo da cidade de Nova York um enorme tapete branco. Suspirei. Eu amava aquele clima.

Ouvi o bocejo de Louise atrás de mim, me fazendo girar a cadeira para olhá-la. Seus cabelos loiros estavam presos para o alto, levemente bagunçados e o corpo envolto em uma de minhas cobertas felpudas, suas costas quase deitadas por completo no braço do sofá enquanto lia um livro qualquer da minha estante com atenção. Ela estava passando alguns dias no meu apartamento e eu estava adorando ter companhia para os meus dias de trabalho árduo. O clima já não ajudava muito, só me dava mais vontade de ficar debaixo das cobertas abraçada com ela e tendo sua total atenção, mas ela sempre me impulsionava a levantar e tomar uma xícara bem forte de café quente para começar bem o dia.

Essa era uma das diferenças entre mim e Louise. Ela amava uma rotina. Acordava cedo, se exercitava e ficava quase uma hora inteira submersa em seu subconsciente em sua meditação. Ela tinha hora de comer e dormia tão cedo que me fazia ficar por horas no sofá esperando o sono vim. Eu, por outro lado, acordava tarde e quase sempre pulava o café da manhã. Me alimentava da pior forma possível e odiava qualquer coisa que me fizesse suar. Gostava mesmo era de passar horas com a cara enfiada nos livros até me dar conta que uma vida do lado de fora existe, mas quando eu me perdia dentro de mim, ela sempre encontrava um jeito de me lembrar.

A observei morder o lábio inferior entretida. Sorri, eu gostava tanto de ter ela perto de mim, mas ela logo percebeu que eu a admirava. Me fitou com seus lábios se formando um sorriso e deixando o livro de lado na mesa de centro. Deixei minha cabeça pendurada para o lado ainda a olhando em silêncio, vendo ela ajeitar a coluna e se sentar no sofá.

- Está me encarando - exclamou sorrindo brincalhona.

- Talvez seja por ter a mulher mais linda desse mundo na minha sala de estar. É um pouco difícil não admirá-la - comentei descruzando as pernas e ela riu, suas bochechas tomando uma coloração avermelhada.

- Boba - eu sorri.

Me levantei da minha cadeira, caminhando na sua direção. Puxei o cobertor de seu colo e me sentei em seu colo, com os joelhos rodeando seu quadril. Suas mãos adentraram o meu moletom, tocando a pele da minha cintura enquanto eu selava rapidamente nossos lábios. Permanecemos assim por um tempo. Eu sentada sobre o seu corpo e seus braços me rodeando de maneira confortável. A respiração suave de Louise contra o meu pescoço e meus dedos acariciando seus cabelos lentamente. Eu poderia passar o resto da minha vida ali, sem me importar se o mundo estava acabando do lado de fora.

Eu achava impressionante o impacto que a mulher de cabelos loiros tinha sobre mim. Uma semana atrás, ela me levou para uma campanha onde se arrecadam agasalhos para pessoas que não tinham condições. Ela fez questão de abraçar e ser gentil com cada uma das pessoas que trabalharam com ela. Sempre me apresentando como sua namorada ou "sua garota", que me fazia arrepiar todas as vezes que as sentença saia de seus lábios. Ser a pessoa com o maior coração do mundo era a sua essência e ninguém conseguirá mudar isso.

Com todos esses dias com ela ao meu lado, uma parte de mim começou a ter planos e pensamentos que jamais passaram pela minha mente. Eu nunca fui o tipo de garota que planejava me casar e ter filhos, sempre odiei a ideia de matrimônio pela experiência horrível em minha família. Apenas tinha a esperança de conhecer alguém legal e talvez viver com essa pessoa, mas com Louise era diferente. Eu queria ter ela comigo a todo momento, a cada segundo do meu dia. Até comecei a imaginar como seria vê-la sendo parte de mim em um altar e por mais loucura que parecesse, até tendo crianças correndo pela casa.

Louise havia me contado sobre o seu sonho de ser mãe, mas sempre dizia que as mulheres da sua família tinham dificuldades para engravidar. Não ser mãe era o seu maior medo e mesmo esse nunca sendo algo que passou pela minha cabeça, com ela eu estava disposta a ter mais alguém no meu coração.

- Meu pai me perguntou sobre o ano novo. Você vai conosco, certo? - perguntou com sua voz vibrando contra a minha pele.

- Pode confirmar a minha presença. Vou chegar a tempo da casa dos meus pais - respondi vendo ela erguer a cabeça para me olhar.

- Falou com a sua tia? - senti meu estômago revirar e ela riu.

- A última vez foi naquele dia. Se ela tivesse falado algo para a minha mãe, ela teria me ligado imediatamente - suspirei e ela depositou um beijo no meu maxilar assentindo levemente.

Seus olhos azuis cintilavam. Eu apenas a puxei pela nuca colando nossos lábios por completo. Senti seus pelos se arrepiarem em minhas mãos e sorri antes de deixar sua língua acariciar a minha. O gosto do chá que ela tomava antes se misturou com o gosto do meu chá, trazendo um sabor diferente do que eu jamais tinha provado. Suguei seu lábio com uma mordida antes de puxar sua cabeça para o lado e depositar beijos em seu pescoço. Sua pele era tão macia e o cheiro me inebriava como uma droga. As mãos dela desceram por meu quadril, agarrando minhas coxas em um aperto, então eu dormi um pouco de pele no local, fazendo ela pular.

- Você me mordeu? - perguntou com olhos arregalados e eu gargalhei alto.

- Talvez - seus olhos se semicerraram na minha direção.

Seus dedos agarraram a minha gordurinha saliente das costas, fazendo um grito deixar meus lábios. Ela gargalhou voltando a dar beliscões pela minha barriga como vingança e eu me afastei tentando me levantar. Suas mãos agarraram no cós da minha calça me puxando novamente na sua direção antes dela me derrubar no sofá e se erguer sobre mim.

- Agora sofra as consequências - fez uma voz maldosa enquanto enfiava os dedos em minhas costelas me fazendo gargalhar e me contorcer no sofá.

- Maldita hora que eu fui me apaixonar por você - gritei enfiando meu rosto no encosto do sofá e ela parou.

Seus olhos me fitaram surpresos. O azul a mostra com as pupilas dilatadas e os lábios semiabertos.

- Está apaixonada por mim? - perguntou com as bochechas ficando cada vez mais vermelhas e eu sorri.

- Completamente - suspirei.

Um sorriso imenso surgiu em seu rosto antes dela me puxar contra si e colar nossos lábios fervorosamente. 

E SE NOVA YORK FOR TÃO DISTANTE DE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora