• Dès Le Début •

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- Com tanta coisa pra esse jornalista noticiar, denunciar e cobrar, a pauta maior dele todo dia pela manhã é: Quando virá o novo casamento do Imperador? Terá o Imperador uma nova esposa ou não? Suas filhas precisam de uma nova mãe. O país precisa de uma nova Imperatriz. - falo jogando o jornal de lado e balançando a cabeça.

- É mais do que normal Pedro! Lenora faleceu tem 4 ano! Todos esperavam de você um novo casamento logo! Pelo país, por suas filhas, e por você mesmo meu irmão! - Chicá fala colocando a xícara novamente em sua lugar. - Você é muito novo! Se casou muito novo e enviuvou muito novo também! E não é porque é meu irmão não, mas você é lindo! E sabe que se eu não achasse eu falaria! 

Sorrio mais uma vez.

Minha irmã não era conhecida por ter paciência ou mentir pra agradar.

- Já lhe disse, se me autorizar, arrumo a noiva perfeita pra você em poucos dias! 

- E eu já lhe disse que não quero! - falo já cansado - Estou bem assim! Muito bem na verdade!

- E até quando ficará bem assim? - ela pergunta. - Isabel e Dina irão crescer, casar e mudar-se. Se castigará com uma vida solitária aqui na Quinta? Sem companhia, sem carinho, sem alguém pra lhe apoiar ou ouvir?

- Gosto da vida solitária e, tenho bons ouvintes!

- Pedro, uma múmia não pode jamais ser considerada uma ouvinte! Isso é doentio meu irmão! - ela fala exasperada. - Você precisa de carinho! De carinho que só uma mulher é capaz de dar! De amor! E não venha me dizer que homens conseguem isso fácil! Não estou falando de libertinas! 

Eu amava minha irmã. Muito!
Assim como amava meus outros dois irmãos, Glória e João.
Mas minha ligação com Chicá era inexplicável. Talvez fosse por sermos os mais velhos.
Éramos eu, ela, Glória e João.

Tínhamos passado por tanto com a morte precoce de nossa mãe, com a loucura de nosso pai pôs morte dela. Que eu assossiava com remorso.

Que nos apegamos mais e tomamos como nossa a responsabilidade sobre Glória e João, mesmo com tão pouca idade que tínhamos na época.

Com Glória deu certo, com João nem tanto.

Ele era irresponsável. Mulherengo como nosso pai.
Se gabava por ser da nobreza e usava disso pra aprontar o quanto podia.

Recentemente havíamos recebido uma carta anunciando que estava noivo.
Pobre da moça.
Espero que pelo menos ela saiba onde estava se metendo. 

- E você volta quando pra Paris? - pergunto tentando mudar o foco daquela nossa conversa.

- É só eu começar a tocar nesse assunto que você quer logo me tocar pra França.

- De forma alguma! Apenas ... apenas fico pensando em meu cunhado e meus sobrinhos.

- Eles estão muitissímos bem! Francisco está a cuidar de seus afazeres e as crianças em aulas. Não sou tão necessária lá quanto sou aqui! 

- Não acho! Minha sobrinha está numa idade onde precisa da mãe, assim como o pequeno Pierre.

- Minha filha tem a idade de Isabel, e acabo de ouvir você se negar a casar novamente, mas me diz minutos depois que sua sobrinha precisa da mãe? Onde está a concordância disso Pedro? -

Touché!
Ela não perdia uma.

- Retiro o que eu disse!  - falo me dando por vencido.

- Já que se recusa mesmo a casar, me deixe levar Isabel e Dina comigo! Elas terão a mesma educação que minha filha, se tornarão mulheres cultas, refinadas.

• Ma Fée • Onde histórias criam vida. Descubra agora