• Tempête •

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- Um irresponsável!  Completo irresponsável! Isso que ele é! É não, sempre foi e sempre será! - falo nervoso andando de um lado pro dentro dentro daquele gabinete.

- Eu juro que não sei o que se passa na mente de João!

- Nada! Um monte de nada! - falo bravo parando atrás da mesa - Ele acha que a vida dele sempre será assim, boa! Aprontando o que der na telha e correndo atrás de nós pra que tudo seja resolvido! Mas dessa vez não! Dessa vez não!

- Pedro, você não está querendo dizer que ...

- Eu não movo um dedo! Um conto sequer pra procurar João onde quer que ele esteja ou pra tentar descobrir porque esse irresponsável fugiu! Ele que se vire! Sem dinheiro, sem família, sem ajuda! Já passou da hora de João tomar um rumo na vida dele, Francisca!

- Eu concordo com você, mas e se ele tiver correndo perigo de vida?

- Que arque ele próprio com as consequências disso! - falo bravo. - Eu tenha duas filhas pra criar e um país pra governar, não tenho mais tempo de ficar atrás de João! E te aconselho fazer o mesmo! Ou acha que meu cunhado vai aceitar isso até quando? Pierre e Francisca precisam de bons exemplos! Assim como Isabel e Leopoldina! E claramente o tio deles não é um!

Vejo Francisca suspirar, antes de pegar novamente a carta.

- Você tem total razão! Até porque nem nossa mãe e muito menos nosso pai passariam a mão na cabeça dele nessa situação.

Balanço novamente a cabeça incrédulo.

- E, e quanto ao outro problema, o que vamos fazer?

Sorrio com deboche.
Eu claramente queria proferir um palavrão.

- Pedir pra Glória conversar com a família da tal noiva, não sei, ver quanto foi o valor do dote adiantado pro irresponsável e devolver! Infelizmente esse dinheiro ai teremos que gastar! - me sento finalmente, coçando a testa com os dedos.

- E se a família não aceitar? E se resolverem fazer um escândalo?

- Vamos ter que rezar pra que aceitem! Afinal de contas, o que mais pode ser feito? João fugiu sabe-se Deus pra onde! Tudo que deixou foi um bilhete de adeus pra Glória! E bem, tomara que ele não tenha feito nada com essa moça, porque se tiver!

- Para! João pode ser irresponsável, mas creio que ele sabia perfeitamente bem com quais moças ele podia ter certas intimidades e quais não!

- Tomara! Tomara!

- Eu vou escrever pra Glória, pedir ela que procure a família da moça e explique a situação se é que eles já não saibam! Eu não conheço a tal moça, não faço ideia nem do seu nome, vou perguntar isso a Glória também, se for uma família da qual eu conheça, posso até adiantar minha ida pra França pra tentar ajudar em algo.

- Por favor minha irmã, faça isso! Qualquer coisa que você souber ou precisar me informe, sim?

- Claro! Se me dá licença! - e sem mais ela sai do gabinete, me deixando ali perdido com meus trilhões de pensamentos.

Não tinha um dia do qual eu podia falar que era tranquilo, que nada me causava problemas ou preocupações.

Nem meu próprio irmão parecia disposto a querer cooperar pra paz dessa família. Se é que algum dia já tivemos, eu já tive momentos de paz.

Uma batia da porta me faz voltar a realidade.

- Entra!

- Com licença Pedro, eu estava passando pelo corredor e não pude deixar de ouvir os gritos, aconteceu algo com dona Francisca? - Teresa pergunta parando de pé bem na minha frente.

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