• Enchanté •

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- Por Deus Pedro, se aquiete homem! Está parecendo um rapaz que nunca esteve com uma mulher antes! - Caxias fala ao me ver dar a quinta volta pela mesa do meu gabinete na câmara.

Apenas me permito a lançar pra ele um olhar.

- Você está nervoso atoa! As vezes essa Luísa é uma mulher incrível e você pode estar ganhando da vida meu amigo, o maior dos presentes.

- Você também? Já não basta minha irmã com essa história que tenha que me casar!

- E eu nunca lhe disse, mas sempre concordei com Francisca nesse assunto! - Caxias fala - Meu amigo você é um homem novo! Ninguém merece o castigo de passar por uma velhice solitária! - ele continua - Isabel e Leopoldina irão crescer, se casar e ir embora, você vai querer virar uma múmia naquela Quinta? O sarcofago que tem lá já está ocupado!

- Muito engraçado General! - falo bravo.

- Ela já está vindo, não está? Se permita! A receba de mente e coração abertos Pedro! Não sabemos o caminho que temos, mas Luísa pode ser o seu e João foi apenas o barqueiro.

Balanço a cabeça e me limito a nada responder.

- Falando na chegada dela, como as princesas reagiram a isso? A chegada dela e a essa possibilidade de uma mãe?

- Não reagiram! Elas ainda não sabem! Ninguém na Quinta sabe! - falo coçando minha barba - Irei comunicar a eles ainda, mas me limitarei apenas em dizer que é uma amiga de Chicá que virá de visita da Franca.

- Uma amiga? De Chicá?

- Sim, uma amiga! Porque meus planos com ela são únicos e exclusivos de faze-la desistir desse casamento!

- E se não conseguir? E se tiver que realmente se casar com ela?

- A esperança meu caro Caxias, é a última que morre! - falo

- E o pior cego meu amigo, é aquele que não se permite enxergar! - ele fala com seu sorriso de deboche que me irrita.

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Depois da minha conversa sem muito futuro com Caxias, fui pra Quinta. 

Havia recebido uma carta de Chicá cerca de 5 dias atrás, comunicando que estava embarcando com Luísa e uma prima dela. Pela data que foi postada, tudo indicava que estavam pra chegar a qualquer momento. 

Por isso da minha agitação e minha necessidade de realmente comunicar aos demais moradores da Quinta que em breve teriamos visitas.

Quando chego em casa a primeira coisa que vejo na sala são minhas filhas com novelos e agulhas em mãos.

- Isso é uma verdadeira perda de tempo! - escuto Dina reclamar

- Não fale assim! Eu consegui fazer a base da touca, olha! - Isabel levanta algo sem forma aparente pra mostrar a irmã.

- Não parece um touca! Parece, um pano sem forma! 

- É porque ainda falta fazer o outro lado! - Isabel fala. - E você? Que não conseguiu fazer nada ainda do que tia Teresa ensinou.

- E nem vou fazer! Não sei pra quer aprender isso! - ela fala colocando as coisas ao seu lado. - Não quero costurar, quero viajar! 

- Mas você terá que saber costurar Dina, pra fazer roupas pro seu marido, seus filhos! - Teresa fala entrando na sala.

- Deus me livre! Pra isso existem as modistas tia! Fazer roupas pra pessoas que odeiam costurar e com isso trabalharem!

- Você não pode pensar assim Leopoldina!

• Ma Fée • Onde histórias criam vida. Descubra agora