— Pirata? — disse ele, olhando para a caixa aberta no sofá. — Quer que eu vá fantasiado de pirata?Precisara ir ao trabalho por meio período naquele dia. Meio período que se tornara mais longo do que um período inteiro. Estava pronto a esquecer o assunto da festa quando chegou em casa, porém Camila estava tão animada que nem teve coragem de mencionar essa hipótese.
— Não é uma fantasia de pirata. Você não olhou direito — ralhou Camila. — É de cigano. Príncipe dos Ciganos, se quer saber.
Como se o nome alterasse as cores e o corte da fantasia, pensou ele, examinando o conteúdo da caixa.
— Não está querendo que eu use uma coroa, ou algo parecido, está?
— Só se você quiser. — Ela riu.
— Eu nem ao menos quero ir a essa festa — respondeu ele, erguendo a camisa, cujas mangas eram grandes o suficiente para esconder a filha no interior. — Não vejo porque...
Shawn parou de falar quando ela entrou no aposento. Parecia mesmo uma cigana. Uma rainha cigana. Os quadris estavam adornados por uma saia com panos multicoloridos e a blusa branca deixava os ombros arredondados de fora. O conjunto era uma verdadeira tentação.
— Você não vê porque... — disse ela, divertida com o efeito que provocara.
— Não sei o que ia dizer... esqueci — admitiu ele.
Caminhou ao redor dela lentamente, absorvendo os olhos com a visão de Camila. Uma miríade de pulseiras e braceletes metálicos tilintava ao redor dos pulsos a qualquer movimento, combinando com os sininhos no tornozelo direito.
— Você está linda — balbuciou ele.
Camila corou de prazer com o elogio. Os olhos assumiram ares misteriosos e o indicador de uma das mãos coçou a palma da outra.
— Dá uma moeda de ouro para a cigana, e ela lê seu destino.
Ele já sabia o que o futuro reservava para ele. Se tivesse coragem, claro.
— É melhor eu colocar minha fantasia — murmurou ele, apanhando a caixa.
— E eu vou colocar as crianças na cama.
— Acho que todos vão gostar da sua roupa. Eu, pelo menos, adorei.
— Vá se vestir logo, senão a gente vai chegar atrasado.
— Seria uma pena, não seria? — comentou Shawn, saindo.
...
Rex jogara todas as suas cartadas. Chegara a contratar manobristas uniformizados para a festa. Os profissionais atendiam eficientemente a todos os carros que chegavam.
— Quantas pessoas vêm à essa festa? — resmungou Shawn, saindo do carro quando um dos empregados lhe abriu a porta.
Entregou as chaves para o homem e juntou-se a Camila, que era admirada pelo outro manobrista. Não se podia culpar o homem, pensou. Tomou o braço dela e encaminharam-se para a entrada.
— Ainda não estou entendendo. Como você conseguiu que Karen ficasse com as crianças?
— O mérito não foi meu — protestou Camila. — A ideia foi inteiramente dela. Eu pretendia chamar Jane para ficar com eles, e tudo o que fiz foi mencionar o assunto quando ela ligou à tarde. O resto veio sozinho.
Ele jamais imaginaria que a mãe ficasse com dois bebês num sábado à noite.
— Não é problema meu. Vou começar a procurar alguma semente alienígena no porão da casa dela. Aquela mulher que foi até minha casa não era Karen. E ainda se ofereceu para tomar conta da neta. Não é possível!
A diferença que vinha notando ultimamente parecia ter tomado conta da mãe. Tornando-a mais humana, como se tivesse percebido de repente que deixara passar muita coisa durante todos aqueles anos. Que outra explicação existia para aquele interesse súbito em sua vida?
— Não existem porões no sul da Califórnia — observou Camila.
— Isso só mostra como esses alienígenas são cheios de truques — disse ele, tocando a campainha.
Ao realizar esse gesto seu braço roçou os seios macios de Camila. O contato foi eletrizante, acendendo uma centelha de desejo em ambos. Tornaram-se conscientes da proximidade dos corpos.
— Desculpe.
— Tudo bem, não foi intencional — disse ela.
Um Robin Hood um tanto obeso abriu a porta, encerrando o assunto. Rex ergueu a máscara verde para enxergar melhor. Reconheceu Shawn imediatamente, embora o esperasse num terno convencional.
— Shawn?
Se o rosto de Rex sorrisse um pouco mais corria o risco de dividir-se ao meio. Música, risos e conversas elevaram-se do salão por trás dele.
— Sou eu, sim. Não precisa rir.
Mas o patrão já voltava sua atenção para a cigana que o acompanhava, beijando-lhe a mão de acordo com o costume de sua época.
— Essa é?
— Camila. Camila Cabello, Rex Wellington — apresentou Shawn, passando o braço pelos ombros dela, num gesto possessivo. — Sócio da Bytes & Pieces. Ex-amigo.
— Ouvi falar muito de você — disse ela, sorrindo.
— Pois eu não ouvi absolutamente nada a seu respeito, o que nos deixa em desigualdade — respondeu Rex. — De onde veio essa criatura maravilhosa, Shawn?
— Sou a babá — explicou ela com simplicidade.
— Myra, precisamos arrumar um filho ou dois! Venha até aqui.
Camila riu.
— Não encoraje esse homem — alertou Shawn. — Segure seu charme, porque Myra é uma mulher muito ciumenta, embora o marido nunca dê motivo.
— Venha, vou apresentar você aos outros convidados.
— Eu já conheço todos — protestou Shawn.
— Eu não estava falando com você — afirmou Rex, oferecendo o braço a Camila. — Então, há quanto tempo é babá?
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Amor Por Acaso | Shawmila
RomanceA última coisa que Shawn Mendes precisava depois de um ano turbulento era chegar em casa e descobrir que a babá de Andy tinha se demitido. Pai solteiro, Shawn precisava arranjar urgentemente uma substituta e quando se esbarra, por acaso, em Camila C...