"La famille d'abord", ou "Primeiro a família", era um dos mantras que se perpétuava entre as gerações da família Black. Cada jovem nascido aprendia desde de cedo a recitar o lema com fervor. Alguns rumores diziam até que essas eram as primeiras palavras de um bebê com sangue Black nas veias. Assim como as demais ideologias da família, Sirius poderia recita-la perfeitamente até na pior das situações, sua mãe garantiu isso ao jovem. Afinal, os métodos educacionais de Walburga Black faria até mesmo um mudo pronunciar a frase impecavelmente. Uma pessoa sã certamente não atiçaria uma mente tão perversa quanto a da mulher à criar punições. Os músculos de Sirius se contraiam só pela lembrança. No entanto, mesmo sabendo o bordão, o herdeiro Black nunca pode expressar todo sentimento que lhe era esperado ao dize-lo. A resposta era simples, Sirius nunca acreditou que o que tinha poderia ser chamado de família.
Quando criança, o garoto já era um tanto questionador. Vivia perguntando o porquê de tudo à todos, principalmente sobre os "sangue ruins" de que tanto ouvia. O resultado sempre era
desagradável para Sirius, que terminava em algum dos castigos cruéis da senhora Black. Enquanto lidava com o frio e com a dor pós-maldição latejante no corpo , Sirius se perguntava se todas as famílias funcionavam do mesmo jeito. Com o passar dos anos, como que por instinto de sobrevivência, as perguntas do jovem cessaram. Contudo, sua entrada para Hogwarts fez com que os velhos pensamentos voltassem, dessa vez mais decididos a permanecerem.A primeira noite na escola foi um verdadeiro pesadelo. A voz do velho chapéu gritando "Grifinória!" impediu que o mesmo dormisse. Não era incomum pessoas serem sorteadas para casas distintas do reino de nascença. Ao contrário, as casas eram feitas justamente para aumentar a interação entre reinos, sendo a seleção pautada em traços de personalidade. Porém, sendo de uma das famílias mais puristas e importantes de Sonserina, ser da casa do reino oposto era um ultraje. No café da manhã, as mãos de Sirius tremiam quando sua coruja deixou uma carta vermelha em cima da mesa. O corpo contorcendo de vergonha enquanto os berros de Walburga o chamavam de "Vergonha Black". Já estava pronto para fugir dos olhares incontáveis sobre ele, quando a mão do menino que havia conhecido na viajem segurou seu pulso. E foi no olhar acolhedor de James Fleamont Potter que Sirius se agarrou. Um vínculo forte foi criado entre os dois e o jovem Black finalmente entendeu o real significado de família, criando a sua própria nós corredores de Hogwarts.
A ideia de ver a família sempre fez Sirius congelar, principalmente após a fuga. Há 3 anos o jovem não tinha nenhum tipo de contato com nenhum dos Black, então ter que revê-los de uma hora pra outra o assustava. Entorpecido pelo medo, o jovem encarava seu reflexo no grande espelho, já vestido para voltar ao reino de Sonserina. Tantas coisas giravam em sua mente que se quer percebeu quando Remus entrou em seu quarto. O jovem se aproximou do amigo, passando os braços pela cintura de Sirius enquanto pousava o queixo em seu ombro.
- Você está bem, Sirius?- disse Lupin com a voz calorosa.
Instantaneamente, Black saiu do transe que se encontrava, o coração acelerado dentro do peito. A relação entre seus amigos sempre foi cheia de afeto e contato físico. Abraços, cafunés e carícias repentinas eram comuns para Sirius. No entanto, quando o assunto era Remus as coisas ficavam complexas. Todo o toque do lupino fazia o jovem se revirar em emoções. Desde os 14 anos, seu corpo desandava ao receber qualquer tipo de carinho do outro. O estômago parecia se encher de borboletas agitadas e era inevitável se sentir um pouco quente. Ninguém o fazia sentir assim, o que era extremamente confuso para o garoto. Arriscava dizer que era a puberdade e seus hormônios malditos, mas quando a vida adulta chegou e o sentimentos permaneceram, Sirius simplesmente deixou de tentar entender.
- Eu tô bem aluado.- sorriu, forjando a melhor voz que podia.
- Tem certeza?- disse Lupin com uma das sobrancelhas erguida.
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O Herdeiro
FanfictionO mundo bruxo europeu foi dividido desde de o princípio em quatro poderosos reinos: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-lufa. Depois de anos conflituosos, a aliança entre os reinos mais tensos firmou a paz , cessando as guerras através do casamen...