Capítulo um: alfa

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Onde eu estava com a cabeça quando deixei minha irmã mais velha me arrastar para essa maluquice?

Eu não combinava em nada com aquele lugar e com aquelas pessoas, nem mesmo na idade.

Afinal, o que uma garota ômega de 17 anos, reclusa, sem amigos, quase muda por não falar muito, fazia em uma festa universitária, onde existia mais feromônios e idéias malucas do que qualquer outra coisa?

Eu também não sei.

Infelizmente minha mãe, uma ômega, tinha uma regra na qual, Elisa, minha irmã mais velha e também ômega de 20 anos, não podia sair nas quintas feiras sem mim, pois era o único dia que nossa mãe fazia faxina em uma cidade vizinha e ela não gostava de me deixar sozinha em casa sem qualquer tipo de "apoio". As vezes ela dormia por lá, porém não era sempre e com isso nossa mãe ameaçava Elisa, dizendo que se ela chegasse de surpresa em casa e me pegasse sozinha, as coisas ficariam bem feias. Nós éramos uma família de ômegas, sem qualquer alfa para demarcar território, sendo assim estávamos propícias a passar por qualquer situação perigosa no qual o mundo onde vivíamos pudesse oferecer, e acredite, são muitas. Sendo assim, qualquer cuidado é pouco e minha mãe sabe muito bem disso.

Nunca havia sido um problema, afinal Elisa não marcava festas nas quintas exatamente por conta disso. Porém hoje as coisas saíram do curso natural. É aniversário do alfa super popular dela, Ethan, um garoto moreno todo bombado e de um sorriso bonito. Ethan é um ótimo jogador de futebol americano, exerce muito bem sua função como capitão, mas em contrapartida... o menino é muito burro! Os neurônios não funcionam para outras coisas que não seja futebol e minha irmã. Pelo menos é bem nítido que ele realmente ama Elisa e o sentimento é recíproco.

Minha irmã não queria faltar o aniversário dele de jeito algum. Tentou até mesmo pedir para mamãe contratar uma babá para mim, eu logicamente fiquei puta da vida, afinal sou sim a irmã mais nova, porém não sou nenhuma criança. Por sorte minha mãe recusou. No fim era me levar junto ou não ir. Ou seja, Elisa ficou o dia inteiro enchendo meu saco para ir junto com ela, obviamente neguei todas as vezes, mas no fim ela conseguiu me comprar com alguns livros de edição limitada. Eu sei, sou uma vergonha, me vendi por tão pouco.

Enquanto ela se montou toda para uma festa onde só teriam as mesmas pessoas que ela sempre via na faculdade, colocando um vestido vermelho mega apertado e salto alto preto, eu fui "eu mesma" e escolhi usar calça jeans de lavagem clara, camisa preta de botões e um coturno marrom. Posso até ser estranha, mas gosto de me vestir ao menos decentemente.

Elisa nos levou até o prédio do namorado no carro dela e só de ver o tanto de automóveis estacionados na rua do apartamento eu me arrependi de ter vindo. Minha irmã por ter privilégios, estacionou na vaga dela na garagem do prédio, o que eu agradeci imensamente. E ainda do lado de dentro do carro pude ver que Ethan já estava lá à nossa espera, mas infelizmente não estava sozinho. O garoto conversava e ria com um grupo de pessoas enquanto bebia algo em um copinho plástico. Elisa olhou para mim e me pediu para relaxar antes de sair do carro e seguir até seu alfa.

Mordi fortemente meu lábio inferior e encarei meu colo. Eu não queria estar ali e pensava seriamente em ficar a festa toda no carro, mas uma vozinha no fundo da minha mente me mandou parar de ser tão esquisita e fazer algo diferente pelo menos uma vez na vida. Fechei os olhos com força e sabendo que iria me arrepender decidi seguir aquela voz. Abri a porta e num impulso de coragem desci antes que desistisse.

Me aproximei da minha irmã com a cabeça meio encurvada para baixo, ela estava abraçada de lado com Ethan e conversava animadamente com todos. Eu sempre fui muito diferente da minha irmã que é uma ômega comunicativa e aberta. Elisa é do tipo que se enturma com qualquer um e com qualquer classe, tanto que mesmo sendo bolsista na faculdade, ela é a garota mais popular de lá, sempre no meio da galera mais rica e sofisticada. Ela sempre amou esse mundo do glamour e vida boa, e não escondia isso, tanto que mamãe vive dizendo que Elisa foi trocada na maternidade. Minha irmã é uma verdadeira patricinha sem dinheiro, no entanto Elisa tem uma qualidade que gosto bastante e me faz suportar seus chiliques e jeito mimado; ela não diminui nossa mãe por ser "apenas" uma empregada doméstica e muito menos tem vergonha de nós, sua família, por sermos pobres. Elisa diz que ela é apenas uma patricinha adiantada, afinal um dia ficara rica e nos dara tudo do bom e do melhor. E eu? Bom, eu sou a ovelha bege da família, não tenho nada de interessante, vivo com a fuça nos livros, não saio de casa e nem tenho vontade de fazer amigos, gosto bastante da minha própria companhia desde pequena e isso me basta. Mas também não sou nenhum bicho do mato e sei conviver muito bem na "sociedade" se assim preferir. Porém tem algo sobre mim que ninguém sabe e nem mesmo deve imaginar ao olhar para minha pessoa; minha mente é estupidamente pornográfica. Literatura erótica é meu gênero favorito e não dispenso um bom pornô, em contrapartida nunca nem beijei na vida. Tive meu primeiro cio aos 16 anos como a maioria e desde então os passei dolorosamente com minha própria companhia.

Mon Cher - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora