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#botinhadecristal
O filho mais velho de um casal sempre é aquele que carrega nas costas o peso da responsabilidade precoce. Quando se é o mais velho, principalmente quando o caçula é alguns bons anos mais novo, a tarefa de cuidar, proteger e ensinar, acaba sendo um pouco desviada dos pais para o primeiro filho a nascer.
Não era diferente na família Jeon.
Há oito anos o patriarca da família, Jeon Kyungmin, havia falecido de câncer no pulmão. Ele era um homem, em todos os seus cinquenta e poucos anos e alguns cabelos grisalhos, gentil e atencioso e que nunca deixou faltar nada para a esposa e os filhos — um deles com apenas um ano de vida, Soobin —, mas que fora pego pelo péssimo hábito do cigarro, sendo assim, levado de sua família precocemente.
Jeongguk, com apenas onze anos, acabou carregando a responsabilidade de homem da casa cedo demais, isso, claro, apenas quando se tratava do pequeno Soobin, um garotinho lindo e doce que enchia o coração da mãe e do irmão de orgulho — e claro, do pai, em dias mais felizes. A questão, no entanto, era que Jeongguk, agora com seus tão sonhados dezenove anos, queria fazer mais do que apenas cuidar de Soobin, mesmo que o já crescido irmãozinho fosse uma ótima companhia.
Logo quando Jeongguk começou a apresentar interesse em coisas que meninos da idade dele geralmente faziam — ir para festinhas, conhecer pessoas novas, trabalhar —, Haesoo, a mãe zelosa que sempre fazia das tripas coração para ver seus meninos bem, deu início a sua preocupação materna instintiva. Saber que um de seus passarinhos (que agora já poderia ser um lindo falcão) estava querendo sair do ninho era, e ainda costumava ser, um dos assuntos que mais mexia com seus sentimentos.
Ela sabia como as pessoas podiam ser cruéis, principalmente com alguém diferente, como era o caso do filho mais velho. Pessoalmente, ela não se sentia preparada para amparar Jeongguk em seus braços, secar as pequenas lágrimas acumuladas em seus olhos enquanto ele dizia "mamãe, eles estão me chamando de aleijado". Apenas a suposição de que aquilo pudesse acontecer fazia o coração de Haesoo quebrar em um milhão de pedacinhos.
Quando vivo, Kyungmin fazia o possível para que Jeongguk não conhecesse o mundo como ele realmente era. Ele sabia da condição do filho que havia nascido com displasia do desenvolvimento do quadril, uma deficiência motora que o fazia ter certa dificuldade ao caminhar por conta do mau desenvolvimento do osso do fêmur, cujo encaixe no quadril se tornava insuficiente, sempre soube que todos olhariam primeiro para aquela característica antes de olhar para os olhos doces de Jeongguk.
Enquanto vivo, ele o protegia de crianças más, as delatava para os pais e abraçava Jeongguk forte na saída da escola, dizendo como ele era forte, corajoso e como ele conseguia andar rápido, mesmo que não pudesse correr como as outras crianças. Jeongguk sempre dava um beijo estalado na bochecha de Kyungmin e dizia que ele era o melhor pai do mundo, e realmente era.
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Pétala de Cristal • Taekook
FanfictionJeongguk sempre amou contos de fadas, embora todos dissessem que garotos com deficiência não podiam ser príncipes.