Olhei no espelho e fiquei satisfeita com o resultado, a mudança de visual me caiu bem - pra variar, pois quase nunca acho nada de bom em mim, seja o de sempre ou algo novo - mas dessa vez eu realmente curti a mudança. Meu cabelo estava na famosa fase "grande demais para ser considerado curto e ao mesmo tempo não era grande o suficiente para ser considerado longo".
Argh, que saco isso. Então resolvi cortá-lo e agora vejo no espelho o meu reflexo de cabelo curto - um pouco abaixo do queixo, mas acima do ombro - bem cacheados castanhos escuros, assim como meus olhos que encaram todo o meu corpo e percebo que a única coisa bonita em mim são meus cabelos.
- Acho que podemos fazer mais uma mudança, um complemento, se preferir, o que acha? - Pergunta Carolina.
Carolina é uma das minhas melhores amigas e adora - ADORA mesmo - mudar o cabelo, agora ele está com a raiz de cor natural, ou próximo disso, que é um loiro acastanhado e da metade para baixo está partes azuis e partes rosas, me lembrando a Arlequina.
- Que tal deixarmos a mudança por isso mesmo, que tal?! Já mudei bastante, acho que suficiente para a minha pessoa – Respondo.
- Fala sério Liv. Não. Não mesmo. Vamos acrescentar uma corzinha ou algo do tipo. Me fala qual cor, o que quer fazer que já vou preparar e fazer?
Foi mal, esqueci de me apresentar, meu nome é Olivia, mas todos me chamam de Liv. E não, não quero, mas nada nem corzinha nem nada do tipo.
- Eu sei o que você está pensando e pode parar, porque já que começou a mudança vai até o fim agora. - Diz decisiva - Agora me diz o que quer fazer. - Disse
Derrotada, digo:
- Pode ser, algumas mechas principalmente nas pontas, na cor..... Roxa. O que acha? - Indago receosa.- Ahh, Liv, vai combinar com certeza com seus cabelos, seu modo de vestir. Tudo. Acho que é uma das suas cores. Muito sua cara.
Então Carol começa seu processo de descolorir algumas mechas, pintá-las e terminar minha transformação nos cabelos.
Tento imaginar o que Rebeca reservou para mim para ajudar na minha transformação, no projeto que eles chamam (PROJETO "TROUNVM") que significa "Transformação e Repaginando Olivia em Uma Nova e Verdadeira Mulher" - achei meio grande e brega o nome, mas o que vale a intenção, né.
Só quero saber aonde isso tudo vai me levar, mas isso é cena para os próximos capítulos...
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Mas antes, provavelmente você quer saber o que raios é esse projeto/missão ou sei lá o que chamado "TROUNVM", não é mesmo? Bem, foi uma ideia, não tão brilhante assim dos meus melhores amigos de como eles dizem "levantar a minha autoestima" já que ela anda baixíssima desde sempre, mas que deu uma piorada nos últimos anos.
Nunca me achei bonita, no máximo apresentável, e perto dos meus irmãos e primos e dos meus melhores amigos ainda, eu com certeza fico apagada e esquecida, mas tá tudo bem (não tá na verdade, mas já me conformei). Não sou o tipo de garota fútil que só pensa em beleza, mas o que também não sou lá uma pessoa cheia de qualidades, do tipo inteligência impressionante, atlética, bem humorada, divertida, extrovertida, simpática o tempo todo, nem nada disso, sou mais do tipo que fica quieta, introvertida, mau humorada, péssima em esportes, cheia de problemas de saúde (de todos os tipos) e sou consciente disso, mas meus amigos me chamam de pessimista e falam que eu conspiro contra mim mesma - fala sério.
Então Carolina, Rebeca, Lucas, Ramon (e talvez também Juliano) decidiram fazer esse projeto/missão de trazer de volta a minha autoestima e fazer eu reencontrar o meu eu confiante e instigante - argh, não acredito que concordei com isso.
Bem, como disse antes, meu nome é Olivia, mas todos as pessoas mais próximas me chamam de Liv, tenho 1,60 de altura, sou a menor entre meus amigos e irmãos (e maioria dos primos também). Sou parda, filha de pai branco, mãe preta, tenho mais uma irmã e dois irmãos, sou magra - bem magra, do tipo que ganhou o apelido de "Olivia Palito", reta na frente e reta nas costas, aff - tenho poucos seios, pernas finas, cabelos cacheados castanhos escuros e os olhos grandes também castanhos escuros, e por um longo tempo tentei me entender, me encaixar, já que não conseguia me identificar com nenhuma das minhas amigas, nunca senti uma vontade desesperadora de namorar (ou transar) me sinto atraída em poucas ocasiões, em casos específicos, por fatores X ou Y, e por causa dessas coisas me achava um ET, achava que tinha algum problema sério, do tipo sério mesmo comigo, até que de tanto pesquisar e conversar via internet, e em grupos, descobri que sou assexual (mas ainda estou em processo de "descobertas sobre ser assexual") hetero romântica estrita - mas não tenho 100% de certeza, porque as vezes flui e acho que sou Gray-A - e então quando "sai do armário" para os meus melhores amigos eles meio que já desconfiavam, logo foi tranquilo toda essa situação o que acabou sendo um alívio eles meio que saberem e não me julgarem por ser assim.
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- O que acha de acrescentar umas mechas rosas e azuis no cabelo? Liv? - Indaga Carol me tirando do meu transe e me trazendo a realidade com força total.
- O quê???
- Achei que ficaria bom roxo, rosa e azul, criando uma áurea meio galaxy no seu cabelo, pelo menos tentar, que tal?? - Pergunta eufórica.
- Ahhh, não.
- Porque não? Ia ficar massa e ia super combinar com você, sua personalidade e sua identidade, pensa bem...
Paro por uns instantes e medito no que ela disse, eu sei o que ela quis dizer com "combinar com você, sua personalidade e sua identidade", ela sabe que galaxy, space/espaço e coisas do tipo são símbolos, são coisas que representam os aces (assexuais) e percebo que ela tá certa e acho que "devo" abraçar esse lado e se for para mudar o visual, o cabelo, tem que fazer direito.
Então falo:
- Você venceu, pode usar rosa e azul também e fazer o efeito galaxy no meu cabelo.- Sério?!? - Pergunta entusiasmada
- Sério, vamos nessa!
Então volto a entregar minhas madeixas nas mãos de Carol e torço para não me arrepender dessa mudança um tanto radical, mas empolgante.
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Uma Nova Forma de Amar
RomanceSeguindo a vida do jeito que acha certo para si e com o auxílio e apoio de seus amigos, Olivia tenta viver sua vida um dia de cada vez, mas depois de tantos traumas e relacionamentos fracassados, acha que não é digna de amar - e de ser amada. Takesh...