Estamos na casa de Rebeca e Ramon e de alguma forma os meninos acabaram trazendo Takeshi junto. Eu nem reparei quando estávamos vindo para cá que ele tava junto. Quando chegamos ouço ao longe Carol me perguntar mais uma vez se estou bem e me oferece um copo de água gelada. Aceito.
Sento no sofá menor da sala enquanto percebo que Carol e Rebeca estão no maior. Parece que Lucas e Juliano guiaram Takeshi até a cozinha acompanhados de um Ramon anormalmente sério. Eles parecem estar perguntando algumas coisas a Tak, mas não consigo entender ou prestar a atenção, pois me mente divaga de volta ao que ocorreu mais cedo, a minha crise de ansiedade.
Percebo meus amigos se movimentando de lá para cá, mas não consigo captar nada, minha mente já está se dissolvendo, saindo daqui, mas pelo que consigo perceber eles vão da cozinha para a sala e Takeshi vem e vai e chegam a me perguntar algumas coisas, mas....
- .... Mas o que desencadeou a crise dela? - Consigo ouvir parte da pergunta de Takeshi.
- Não importa. Como você lidou quando a encontrou? - Questiona Lucas.
- Eu estava lá. Tentei dar o meu melhor. - Hesita Takeshi.
- E o que isso quer dizer? - Alfineta Ramon.
- Peraí, não tô entendendo o que vocês querem dizer... - Comenta Takeshi.
- Acho que sabe... Só nos diga como foi. - Dita Juliano.
- Mas, o que vocês...? - Começa indagar Takeshi surpreso.
- Chega! - Falo sem força, recordando aos poucos do que aconteceu mais cedo, de como aconteceu minha crise.
Então todos me olham. E eu olho fixamente para meus pés e revejo flashes do meu dia, como se fosse outra pessoa e não eu mesma que vivenciei....
"Lembro de que quando cheguei na casa do casal dos meus já conhecidos clientes, eu estava normal, estava ok, mas aí, no trajeto, antes de chegar ao apartamento deles recebi uma mensagem de meus pais dizendo que deveria parar com a minha 'aventurinha de brincar de fazer panfletos e arranjar um emprego de verdade', como meus irmãos, como meu irmão Marcelo que trabalha num banco ou como Luciana que trabalha de meio período em um escritório de contabilidade ou mesmo meu irmão caçula Fernando que faz estágio numa grande empresa de engenharia e arquitetura. Todos os meus três irmãos são validados em sua escolha de profissão, menos eu. Sempre foi assim e não só em relação a profissão, talvez esse tenha sido o primeiro sinal, porque fiquei levemente nervosa e com falta de ar por um tempo.
Depois de uns instantes voltei ao normal - ou achei que tivesse - e fui a casa dos meus clientes. Lá tudo correu normal, tudo tranquilo (ou quase) porque aquilo não tinha saído da minha cabeça, nunca saiu e muitas outras coisas. Mas no geral, consegui finalizar meu trabalho lá, fiz tudo que tinha programado e pelo menos na casa deles, nada de anormal me acometeu.
Parece que a mensagem não foi o suficiente para meus pais, porque acho que eles esperavam que eu respondesse e concordasse com eles e tivesse clicando nos vários links que eles mandaram na mensagem de vagas de empregos em áreas que não tem nada a ver com a minha e que não consigo me imaginar exercendo. Então minha mãe resolve me ligar e coloca no viva voz para eu poder ouvir meu pai também. O que recordo dessa desagradável conversa foi mais ou menos algo como:
- Você viu a mensagem que mandamos Olivia?
- Sim.
- E olhou os sites?
- Não.
- Porque não, minha filha? - Agora era papai falando.
- Porque não me interessa.
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Uma Nova Forma de Amar
RomanceSeguindo a vida do jeito que acha certo para si e com o auxílio e apoio de seus amigos, Olivia tenta viver sua vida um dia de cada vez, mas depois de tantos traumas e relacionamentos fracassados, acha que não é digna de amar - e de ser amada. Takesh...