S/n LeBlanc
A manhã foi agitada. Fui no Hospital Hopkins
depois do ocorrido com o homem misterioso da estação de metrô. Sempre visito pelo menos uma vez por semana. Meu objetivo nessas visitas é checar os valores do tratamento, pois sei que eles vivem oscilando. Houve um aumento considerável nas últimas duas semanas. Estou cada passo mais distante de atingir a quantidade de dinheiro necessária.Aqui nos EUA não temos um sistema de saúde pública que possa atender toda a população de forma igualitária gratuitamente. Cada estado tem seu próprio sistema com regras. E bem... Eu moro num estado operado pela iniciativa privada. Ou seja, preciso pagar todos os custos da internação se não tiver um plano de saúde para cobrir.
Agora já está na hora do almoço. Por sorte tem um outlet vizinho ao hospital. O lugar é aceitável, a única desvantagem é o grande movimento no ambiente de apostas da corrida de cavalos. Lá frequentam homens escandalosos e viciados em jogos de azar.
(...)
Minha caminhada havia chegado ao fim. O outlet abrangia diversas opções de restaurantes, mas eu nem estou com tanta fome assim... Acho melhor comprar um Frappuccino no Starbucks e enganar o estômago. Não posso ficar gastando dinheiro com besteiras, tenho que economizar ao máximo.
— Um Frappuccino de Cranberry.— Comuniquei a atendente da cafeteria. A moça assentiu e digitou alguma coisa no computador.
— Qual o seu nome?— Perguntou para emitir a nota. Encarei a mulher com mais atenção e a reconheci. Era a mesma de quando passei aqui pela última vez. Será que ela se lembra?
— Layla Miller.— Inventei após refletir. Paguei fiado semana passada... Não vou correr o risco de falar meu verdadeiro nome e ser cobrada.
— Deu o total de dez dólares.— Avisou esperando o recebimento da quantia. Não compreendi o preço, a placa dizia custar cinco dólares.
— Ali diz cinco.— Falei apontando para a placa de valores. Coitada, pensa que é capaz de me enganar.
— Acrescentei o da semana passada.—Disse dando um sorriso falso. Merda... A idiota não esqueceu.
— Ah... Eu estava devendo? Nem me lembrava.— Me fiz de desentendida. Retirei a nota da jaqueta e pus sobre o balcão.
— Você teve sorte hoje.— Falou se virando do balcão de vendas. A mulher começou a mexer nas máquinas de preparação das bebidas.
— Sorte?— Questionei intrigada. Acabei de ver a minha distância exorbitante de conseguir o tratamento e ainda fui cobrada em dobro. Aonde eu tive sorte?
— A loja está sem fila.— Contou terminando de lacrar o produto, logo indo pegar o canudo.
— Tenha um bom dia!— Saudou entregando a bebida. Não pude deixar de perceber o nome "S/n" escrito na embalagem do copo. Enruguei os olhos forçando simpatia e me virei bufando de raiva.
— Bom dia é o cacete.— Sussurrei enquanto abria a porta do estabelecimento. Saí querendo encontrar um banco para me sentar.
(...)
Faz uns sete minutos que tento encontrar um lugar e só fracasso nessa tarefa. Onde diabos colocaram esses bancos? Tive que fazer o esforço de atravessar inúmeros corredores! E pra "melhorar" estou perto do negócio de apostas, os homens não param de gritar ladainhas.
Diminui minha velocidade quando avistei dois bancos, porém estavam ocupados. Do nada escutei uma voz masculina suplicando para que as pessoas dessem espaço e saíssem da frente. Não deu tempo de eu reagir, pisquei os olhos e já havíamos colidido e caído brutalmente no chão. Adeus Frappuccino de Cranberry.
— Aí! Desculpa, moça! Tá tudo bem?— Perguntou se levantando. Ele pegou o que restava da bebida e colocou o canudo dentro do copo.
— Desculpa, tá?— Disse com a respiração desregulada. O mesmo de cabelos castanhos não perdeu um segundo e voltou a correr desesperadamente.
Fitei o chão e estranhei ver um pacote amarelo do lado do copo melado. O cara deve ter deixado cair... Peguei disfarçadamente, ninguém percebeu. Me levantei devagar da superfície e caminhei até a área externa.
Caralho... Tem mil dólares no pacote!
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Squid game- Louis Partridge
FanfictionS/n LeBlanc, uma jovem de 19 anos que aceitou participar de um jogo misterioso. A mesma é órfã e sempre foi criada pela avó materna. Tudo ia bem, porém certo dia descobriram que a idosa estava com câncer... Elas não tinham dinheiro para pagar a quim...