Dumblodore leu:
Os Sete PotterHarry voltou correndo ao seu quarto, chegando ainda em tempo de ver o carro dos Dursley se afastar rua acima. Avistou, ainda, a cartola de Dédalo Diggle entre Petúnia e Duda, no banco traseiro. O veículo virou à direita, no fim da rua dos Alfeneiros, suas janelas se avermelharam por um momento ao sol poente, e, então, desapareceu.
Harry apanhou a gaiola de Edwiges, a Firebolt e a mochila, lançou um último olhar ao quarto anormalmente arrumado e, então, desceu desajeitado para o hall, onde pousou a gaiola, a vassoura e a mochila próximos ao pé da escada. A claridade diminuía rapidamente, o hall enchia-se de sombras crepusculares. Parecia muito estranho ficar parado ali, naquele silêncio, sabendo que ia sair de casa pela última vez. Anos atrás, quando os Dursley o deixavam sozinho e iam se divertir, as horas de solidão tinham se constituído num presente raro: parando apenas para furtar alguma guloseima da geladeira, ele corria escada acima para brincar com o computador de Duda, ou ligar a televisão e trocar de canal à vontade. Dava-lhe um estranho vazio lembrar aqueles tempos: era como lembrar um irmão mais moço que tivesse perdido.James suspirou pesadamente, seu filho teve que crescer tão rápido, se sua morte tivesse significado um mundo melhor para seu filho, mas não, só o deixou órfão morando na casa daquelas pessoas horríveis.
– Não quer dar uma última olhada na casa? – perguntou a Edwiges, que continuava aborrecida com a cabeça sob a asa. – Nunca mais viremos aqui. Você não quer lembrar os bons tempos? Isto é, olhe só para esse capacho. Que recordações... Duda vomitou aí depois que o salvei dos dementadores... Ele acabou me agradecendo, dá para acreditar?... E no verão passado, Dumbledore entrou por essa porta...
Harry perdeu por um instante o fio dos pensamentos, mas Edwiges não fez nada para ajudá-lo a retomar seu discurso e continuou parada na mesma posição. Harry virou as costas para a porta da frente.
– E aqui embaixo, Edwiges – Harry abriu uma porta sob a escada –, é onde eu costumava dormir! Você nem me conhecia na época... caramba, eu tinha esquecido como é apertado...A cada momento que passava, todos percebiam que Harry era uma pessoa muito boa, quem consegue ver as coisas boas dessa forma, mesmo sofrendo tanto?
Harry correu o olhar pelos sapatos e guarda-chuvas empilhados, lembrando-se de que acordava toda manhã encarando o "avesso" dos degraus da escada, que muito frequentemente estavam enfeitados com uma ou duas aranhas. Naquele tempo, desconhecia sua verdadeira identidade, e ainda não descobrira como os pais tinham morrido nem a razão de coisas tão estranhas sempre acontecerem ao seu redor.
Harry ainda lembrava os sonhos que o perseguiam, mesmo naquela época: sonhos confusos que incluíam clarões verdes e, uma vez – tio Válter quase batera com o carro quando lhe contara um deles –, uma moto voadora...
Um ronco repentino e ensurdecedor ecoou perto dali. Harry se endireitou abruptamente e bateu com o cocuruto no portal baixo. Parando apenas para dizer alguns dos palavrões mais enfáticos aprendidos com o tio, saiu cambaleando até a cozinha com as mãos na cabeça e espiou o quintal pela janela.
A escuridão parecia estar ondulando, o ar estremecia. Então, uma a uma, as pessoas começaram a aparecer instantaneamente à medida que se desfaziam os Feitiços da Desilusão. Dominando a cena, ele viu Hagrid, de capacete e óculos de proteção, montando uma gigantesca motocicleta com um sidecar preto. A toda volta, outras pessoas desmontavam de vassouras e, em dois casos, de cavalos alados negros e esqueletais.
Abrindo com violência a porta dos fundos, Harry correu para o centro do círculo. Ergueu-se um grito de boas-vindas enquanto Hermione abria os braços para ele, Rony lhe dava um tapinha nas costas e Hagrid perguntava:
– Tudo bem, Harry? Pronto para o bota-fora?
– Com certeza – respondeu, incluindo todos em um grande sorriso. – Mas eu não estava esperando tanta gente!
– Mudança de planos – rosnou Olho-Tonto, que segurava duas sacas grandes e cheias e cujo olho mágico girava do céu do anoitecer para a casa e dali para o jardim, com estonteante rapidez. – Vamos entrar antes de lhe explicar tudo.
Harry conduziu-os à cozinha onde, rindo e tagarelando, eles se acomodaram em cadeiras, sentaram-se nas reluzentes bancadas da tia Petúnia ou se encostaram em seus imaculados eletrodomésticos: Rony, magro e comprido; Hermione com os cabelos bastos presos às costas em uma longa trança; Fred e Jorge, com sorrisos idênticos; Gui, cheio de cicatrizes e cabelos longos; o sr. Weasley, o rosto bondoso, os cabelos rareando, os óculos meio tortos; Olho-Tonto, cansado de guerra, perneta, o olho mágico azul girando na órbita; Tonks, cujos cabelos curtos estavam pintados no rosa berrante de que tanto gostava;
Lupin, mais grisalho, mais enrugado; Fleur, esguia e linda com seus longos cabelos louros platinados;
Kingsley, careca, negro, os ombros largos; Hagrid, de barba e cabelos sem trato, curvando-se para não bater a cabeça no teto; e Mundungo Fletcher, franzino, sujo e trapaceiro, com aqueles olhos caídos de basset hound e os cabelos empastados. O coração de Harry pareceu crescer e se iluminar ao vê-los;
gostava incrivelmente de todos, até de Mundungo, que ele tentara estrangular da última vez que o encontrara.
– Kingsley, pensei que você estivesse cuidando do primeiro-ministro trouxa, não? – perguntou do lado oposto da cozinha.
– Ele pode passar sem mim por uma noite – respondeu. – Você é mais importante.
– Harry, adivinha? – falou Tonks, empoleirada sobre a máquina de lavar roupa, acenando os dedos da mão esquerda para ele; brilhava ali uma aliança.
– Você se casou? – gritou Harry, seu olhar correndo da auror para Lupin.
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Lendo Harry Potter e as reliquias da morte
FanficImagina se surgisse uma carta falando que na leitura de um livro, todos teriam respostas para como parar o Lorde das trevas. Será que os alunos de 1977 junto com os professores de hogwarts aceitaram ler esse livro e descobrir um pouco mais do futuro...