CAPÍTULO VINTE E NOVE

14 2 0
                                    

O diadema perdido

– Neville... que... como...?
Mas Neville reconhecera Rony e Hermione e, com berros de alegria, abraçava-os também. Quanto mais Harry olhava o colega, pior ele lhe parecia: tinha um dos olhos inchado, amarelo e roxo, havia marcas fundas em seu rosto e sua aparência de desleixo sugeria que passara um mau bocado. Contudo, suas feições maltratadas irradiavam felicidade quando soltou Hermione e disse mais uma vez:
– Eu sabia que você viria! Sempre disse ao Simas que era uma questão de tempo!
– Neville, que aconteceu com você?
– Quê? Isso? – Ele menosprezou os ferimentos, sacudindo a cabeça. – Isto não é nada, Simas está pior. Você verá. Vamos andando, então? Ah – ele se virou para Aberforth –, Ab, talvez haja mais umas duas pessoas a caminho.

O que será que aconteceu com eles? - perguntou Frank

Provavelmente foram torturados - falou Snape 

– Mais umas duas pessoas?! – exclamou Aberforth, em tom ameaçador. – Como assim, mais umas duas pessoas, Longbottom? Há um toque de recolher e um Feitiço Miadura sobre toda a aldeia!
– Eu sei, é por isso que elas estarão aparatando diretamente no bar – respondeu Neville. – Mande-as pela passagem quando chegarem, por favor? Muito obrigado.
Neville esticou a mão para Hermione e ajudou-a a subir no console, e dali para o túnel; Rony seguiu-a e depois Neville; Harry se dirigiu a Aberforth.
– Não sei como lhe agradecer. Você salvou duas vezes a nossa vida.
– Cuide bem delas, então – respondeu Aberforth, ríspido. – Talvez eu não possa salvá-las uma terceira.

Acho que no fundo ele se importa com Harry - falou James 

Harry subiu no console e entrou no buraco atrás do retrato de Ariana. Havia degraus de pedra lisa do outro lado: a passagem parecia existir há muitos anos. Luminárias de latão pendiam das paredes e o piso de terra estava gasto e sem asperezas; à medida que andavam, suas sombras ondulavam, abrindo-se em leque, pela parede.
– Há quanto tempo isso existe? – indagou Rony quando começaram a andar. – Não consta no mapa do maroto, consta, Harry? Pensei que só houvesse sete passagens para entrar e sair da escola, não?
– Eles lacraram todas aquelas antes de começar o ano letivo – respondeu Neville. – Não há a menor chance de se usar nenhuma delas, não com os feitiços que lançaram nas entradas e os Comensais da Morte e dementadores esperando nas saídas. – Ele começou a andar de costas, sorridente, absorvendo a presença dos amigos. – Mas deixa isso para lá... é verdade? V ocês arrombaram o Gringotes? Fugiram montados em um dragão? É o boato que corre, todo o mundo está comentando isso, Terêncio Boot foi espancado por Carrow por berrar isso no Salão Principal na hora do jantar!
– É, é verdade – confirmou Harry.
Neville riu com gosto.
– Que foi que vocês fizeram com o dragão?
– Soltamos no mato – disse Rony. – Hermione era a favor de adotá-lo como bicho de estimação...
– Não exagere, Rony...
– Mas que têm feito? As pessoas andaram dizendo que você estava apenas fugindo, Harry, mas acho que não. Acho que esteve armando alguma coisa.
– Você acertou, mas nos fale sobre Hogwarts, Neville, ficamos sem notícias.
– Tem estado... bem, realmente não parece mais Hogwarts – disse Neville, o sorriso desaparecendo do seu rosto. – V ocê ouviu falar dos Carrow?
– Os dois Comensais da Morte que estão ensinando aí?
– Eles fazem mais do que ensinar. São responsáveis por toda a disciplina. E gostam de castigar, os Carrow.
– Como a Umbridge?
– Nah, perto dos dois, ela é boazinha. Os outros professores têm ordem de nos mandar para eles quando fazemos alguma coisa errada. Mas não mandam, se puderem evitar. Dá para perceber que eles odeiam os dois tanto quanto nós.
"Amico, o cara, ensina o que costumava ser Defesa Contra as Artes das Trevas, só que agora é apenas Artes das Trevas. Temos que praticar a Maldição Cruciatus nos alunos que ganharam detenções..."
– Quê?
As vozes de Harry, Rony e Hermione ecoaram em uníssono pela passagem.
– Isso mesmo – confirmou Neville. – Foi assim que ganhei esse. – Ele apontou para um corte particularmente fundo na bochecha. – Eu me recusei a amaldiçoar. Mas tem gente interessada; Crabbe e Goyle adoram. Primeira vez que são primeiros alunos em alguma coisa, imagino.
"Aleto, a irmã do Amico, ensina Estudo dos Trouxas, que é obrigatório para todos. Temos de ouvi-la explicar que os trouxas são animais, idiotas e porcos, e que obrigaram os bruxos a entrar na clandestinidade porque os tratavam com violência, e que a ordem natural está sendo restaurada. Recebi esse outro", ele apontou mais um corte no rosto, "porque perguntei qual é a percentagem de sangue trouxa que ela e o irmão têm."

Lendo Harry Potter e as reliquias da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora