Gringotes
Os planos estavam traçados, os preparativos feitos; no quartinho mínimo, um único fio de cabelo negro, comprido e grosso (tirado do suéter que Hermione usara na Mansão dos Malfoy) estava enrolado em um frasquinho sobre o console da lareira.
– E você estará usando a varinha dela – disse Harry, indicando com a cabeça a varinha de nogueira –, portanto, acho que estará bem convincente.
Hermione olhou assustada, quando a apanhou, como se a varinha pudesse picar ou morder.
– Odeio essa coisa – disse em voz baixa. – Realmente odeio. Parece que não se amolda bem, que não funciona direito comigo... é como um pedaço dela.Deve ser horrível para Hermione, usar a varinha que a torturou - comentou Lili
Harry não pôde deixar de lembrar como Hermione desconsiderara a sua repulsa pela varinha de ameixeira-brava, insistindo que ele estava imaginando coisas quando achou que não funcionava tão bem quanto a dele, dizendo-lhe que só precisava praticar. Preferiu, porém, não repetir para a amiga o próprio conselho; achou que a véspera da tentativa de assalto ao Gringotes era o momento errado para antagonizá-la.
– Provavelmente ajudará quando você tiver assumido a personagem – disse Rony. – Pense no que essa varinha já fez!
– Mas é disso que estou falando! – retorquiu Hermione. – Esta é a varinha que torturou os pais de Neville, e quem sabe quantas pessoas mais? Esta é a varinha que matou Sirius!Então foi isso que Harry quis dizer sobre um destino pior que a morte? - foi a pergunta feita por Frank Longbottom
Todos tinham uma ideia agora do que poderia ter acontecido com o casal e ninguém estava feliz com o destino trágico deles
Harry não pensara nisso: olhou para a varinha e sentiu um brutal impulso de parti-la, cortá-la ao meio com a espada de Gryffindor, que estava apoiada na parede ao seu lado.
– Sinto falta da minha varinha – reclamou Hermione, infeliz. – Gostaria que o sr. Olivaras pudesse ter feito outra para mim também.
O fabricante de varinhas mandara uma nova para Luna naquela manhã. Nesse momento, a garota estava no quintal, testando o seu potencial ao sol do entardecer. Dino, que perdera a varinha para os sequestradores, a observava, tristonho.
Harry olhou para a varinha de pilriteiro que pertencera a Draco Malfoy. Ficou surpreso, mas satisfeito, em descobrir que ela funcionava tão bem com ele quanto a de Hermione. Lembrando o que Olivaras lhe dissera sobre o mecanismo secreto das varinhas, Harry julgou entender qual era o problema de Hermione: a amiga não conquistara a lealdade da varinha de nogueira tomando-a pessoalmente de Belatriz.
A porta do quarto se abriu e Grampo entrou. Harry levou instintivamente a mão ao punho da espada e puxou-a para perto de si, mas, na mesma hora, arrependeu-se do gesto: percebeu que o duende vira.
Procurando suavizar o momento embaraçoso, disse:
– Estivemos verificando umas coisinhas de última hora, Grampo. Avisamos a Gui e Fleur que estamos partindo amanhã e que não precisam se levantar para se despedir.
Tinham sido inflexíveis neste ponto, porque Hermione precisaria se transformar em Belatriz antes de saírem, e quanto menos Gui e Fleur soubessem ou suspeitassem do que iam fazer, melhor. Explicaram também que não retornariam. Como tinham perdido a velha barraca de Perkins, na noite em que foram pegos pelos sequestradores, Gui lhes emprestara outra. Estava, agora, guardada na bolsinha de contas, e Harry ficou impressionado ao saber que Hermione a protegera dos sequestradores pelo simples expediente de enfiá-la dentro da meia.Essa bolsinha da Hermione é realmente muito útil, ainda bem que não perderam ela - comentou Remus para os amigos
Embora fossem sentir falta de Gui, Fleur, Luna e Dino, sem falar dos confortos de casa que tinham usufruído nas últimas semanas, Harry ansiava pela hora de escapar do confinamento do Chalé das Conchas. Estava cansado de verificar se estariam sendo ouvidos, cansado de ficar trancado em um quarto minúsculo e escuro. E, principalmente, ansiava por se livrar de Grampo. Contudo, exatamente como e quando se separariam do duende sem entregar a espada de Gryffindor ainda eram perguntas para as quais Harry não encontrara respostas. Tinha sido impossível decidir como iriam fazer isso, porque o duende raramente deixava Harry, Rony e Hermione a sós por mais de cinco minutos por vez: "Ele podia dar aulas a minha mãe", rosnava Rony quando os longos dedos do duende apareciam nas bordas das portas.
Com o aviso de Gui em mente, Harry não podia deixar de suspeitar que Grampo estivesse alerta para uma possível trapaça. Hermione desaprovava tão vigorosamente a traição planejada que Harry desistira de tentar lhe pedir ideias sobre a melhor maneira de executá-la; Rony, nas raras ocasiões em que tinham conseguido roubar alguns momentos à presença de Grampo, não propusera nada melhor do que "Simplesmente teremos que improvisar, colega".
Harry dormiu mal aquela noite. Ainda deitado nas primeiras horas da manhã, pensou no seu estado de ânimo na véspera de se infiltrarem no Ministério da Magia e lembrou-se de sua determinação, quase uma excitação. Agora, experimentava choques de ansiedade e dúvidas persistentes: não conseguia se livrar do medo de que tudo fosse correr mal. Não parava de dizer a si mesmo que o plano deles era bom, que Grampo sabia o que iam enfrentar, que estavam bem preparados para todos os obstáculos que pudessem encontrar; ainda assim, sentia-se inquieto. Uma ou duas vezes ouviu Rony se mexer, e teve certeza de que o amigo também estava acordado, mas dividiam a sala de estar com Dino, por isso, Harry não falou nada.
Foi um alívio quando deu seis horas e eles puderam sair dos sacos de dormir, se vestir na penumbra e sair furtivamente para o jardim, onde deveriam encontrar Hermione e Grampo. A manhã estava gélida, mas havia pouco vento, agora em maio. Harry ergueu os olhos para as estrelas que ainda refulgiam palidamente no céu escuro e escutou o mar avançando e recuando no rochedo: ia sentir falta daquele som.
Plantinhas verdes irrompiam agora pela terra vermelha na sepultura de Dobby; dentro de um ano, o local estaria coberto de flores. A pedra branca gravada com o nome do elfo já adquirira uma aparência gasta. Ele percebia que não poderiam ter enterrado Dobby em um lugar mais bonito, mas entristecia-o pensar que o deixaria para trás. Contemplando a cova, ele tornou a se perguntar como o elfo teria sabido aonde ir para salvá-los. Distraidamente, passou os dedos na bolsinha ainda pendurada ao pescoço, e sentiu, através do couro, o caco pontiagudo de espelho no qual tinha certeza de que vira o olho de Dumbledore. Então, o ruído de uma porta abrindo o fez virar a cabeça.
Belatriz Lestrange atravessava o jardim ao seu encontro, acompanhada por Grampo. Enquanto andava, ia guardando a bolsinha de contas no bolso interno de outro conjunto de velhas vestes que trouxera do largo Grimmauld. E, embora Harry soubesse perfeitamente que era, de fato, Hermione, não conseguiu refrear um arrepio de repugnância. Ela estava mais alta do que ele, seus longos cabelos negros ondulavam pelas costas, seus olhos espelhavam desdém ao pousarem nele; mas, quando falou, Harry ouviu a voz da amiga através da voz grave de Belatriz.
– O gosto dela foi nojento, pior do que raiz-de-cuia! O.k., Rony, vem cá para eu poder dar...
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Lendo Harry Potter e as reliquias da morte
FanficImagina se surgisse uma carta falando que na leitura de um livro, todos teriam respostas para como parar o Lorde das trevas. Será que os alunos de 1977 junto com os professores de hogwarts aceitaram ler esse livro e descobrir um pouco mais do futuro...