Dakota sempre quis formar uma família. Encontrar um amor tranquilo, alguém com quem pudesse falar de futuro e se sentir acolhida. Ela nunca foi grande referência quando o assunto é escolher namorados.
Conhecer Luke foi como uma brisa suave num dia...
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A filha do meu namorado me odeia. E essa é a realidade do nosso relacionamento nos últimos meses.
No início do nosso namoro, acredito que durante os três primeiros meses, eu só sabia da existência da Melissa pelas histórias que Luke me contava e as fotos que ele me mostrava, isso nunca foi um problema, porque ele foi sincero comigo e desde a primeira vez que saímos me disse que sua filha era a prioridade e que queria primeiro me conhecer, para depois me apresentar para a pequena.
Me lembro nitidamente do dia em que a conheci. Era um domingo nublado, as nuvens carregadas indicavam que a chuva cairia sob nossas cabeças a qualquer instante. Quando a menina de cabelos loiros e galochas brilhantes desceu do carro e me encarou, me dei conta que o clima era uma perfeita representação do seu humor.
Fui recebida por um "oi" murmurado e olhinhos raivosos, mas minha esperança me dizia que era momentâneo, que dali a algumas horas ela estaria sorrindo e rindo para mim. Sempre fui boa com crianças.
Os diálogos puramente obrigados e os olhos expressivos nunca abandonaram a feição de Melissa, nem durante aquele almoço, nem nos meses que se seguiram e, agora, com pouco mais de um ano do meu namoro com Luke, também recebo algumas reviradas de olhos e carinhas de tédio quando falo sobre um assunto que não é do interesse dela.
Eu já tentei de tudo para Melissa gostar de mim. Já dei presentes, a levei para fazer compras e para tomar sorvete, me ofereço para fazer penteados em seu cabelo e faço sua comida preferida sempre que eu venho dormir aqui. Mas ela não gosta muito dos presentes que eu dou, fala que odeia andar sempre que eu a chamo para ir ao shopping e diz que meu arroz de forno não é igual ao da mãe dela.
Já tentei até mesmo conversar com ela sobre isso, entender de onde vem esse ódio todo, mas tudo o que consigo é seu silêncio ou uma cara fechada.
Não é algo pontual, ela sempre consegue um jeito de deixar implícito, e muitas vezes até explícito, o quanto me acha chata e o quanto preferia sua vida antes do seu pai começar a me namorar. Ela disse uma vez que eu sou a culpada por seus pais não estarem mais juntos, só que isso nunca me abalou de fato, pois eu sei que não é verdade.
Luke e Vanessa terminaram o namoro há mais dois anos, mas pelo que ele me conta, já não era mais um relacionamento há muito tempo. Eles estavam juntos por conveniência, pela Melissa e talvez até por comodidade, já que esse namoro se estendeu de seus dezoito anos até os vinte e quatro, quando eles entenderam que podiam, sim, ser bons pais para a Mel mesmo estando separados.
Bom, acho que a menina não pensa da mesma forma.
Nos dois últimos meses, a situação tem ficado insustentável para mim. Quanto mais eu tento uma aproximação, mais ela me quer longe. Quanto mais eu tento que nós três sejamos uma família no futuro, mais Melissa me odeia. E, por algum motivo, nessas últimas semanas tudo tem me atingido mais, me sinto mais chateada todas as vezes que Melissa me rejeita e quase sinto dor física quando Luke precisa dar broncas nela outra vez.
Creio que chegamos a um ponto decisivo no nosso namoro.
Meu copo está cheio, apenas mais uma gota é suficiente para que eu transborde.
