CAPÍTULO 3 - A DESPEDIDA

224 44 10
                                    

Encaro a sala de estar da casa de Luke, amando e ao mesmo tempo odiando como tudo aqui tem um pouco de mim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Encaro a sala de estar da casa de Luke, amando e ao mesmo tempo odiando como tudo aqui tem um pouco de mim. Amando porque Luke, nos últimos meses, me deu espaço para transformar essa casa em algo um pouco meu, mas odiando porque, agora, preciso retirar tudo, enfiar em uma mala e deixar cantos vazios. Cada coisinha que eu tiro do lugar, deixa mais um espaço oco dentro de mim. 

Ir embora vai doer, mas ficar ia machucar muito mais.

Lutando contra a minha melancolia, caminho até a estante branca e me sento no chão para tirar alguns dos meus livros da gaveta. Aqui também encontro dois álbuns de fotos: um que eu trouxe da minha casa para mostrar ao Luke cada integrante da minha família, porque ele não queria passar vergonha errando os nomes na primeira vez que os conheceu, e o outro é um álbum enorme, do primeiro ano de vida da Melissa, que eu já folheei escondida algumas vezes, imaginando quando eu faria um álbum desse de um bebê meu.

Parecendo adivinhar que estou pensando nela, escuto os passinhos da Mel descendo a escada e rapidamente guardo o álbum onde estava, juntando meus pertences e colocando-os na mesinha de centro. Não acho que ela vai falar comigo, então abro a outra gaveta para continuar minha busca.

Luke tentou me convencer que ele podia levar Melissa para a casa da mãe antes de ir a consulta que ele tinha marcada hoje, mas o consultório era do lado oposto da cidade e, com o trânsito chato de Londres, ele teria que sair de casa horas antes e ainda correria o risco de chegar atrasado. Umas horinhas a mais com a Mel não irão me matar. Eu acho.

— O que você está fazendo? — ela questiona, parada ao lado do sofá e olhando a pilha dos meus livros.

— Estou... Arrumando algumas coisas — digo.

— Por que? 

Ah, ótimo! É claro que justo agora ela vai querer ter uma conversa civilizada comigo.

Luke e eu não conversamos sobre como contar para Melissa, confesso que não foi uma preocupação ontem a noite e hoje de manhã nos vimos por poucos minutos antes dele sair. Não que seja difícil para ela aceitar, só não sei o que ele quer dizer, quais justificativas quer dar para ela.

— Eu vou para a minha casa hoje —  respondo, mas seu olhar curioso me deixa ciente que essa resposta não será suficiente.

— Mas você não leva esse tanto de coisa para sua casa quando vai embora.

Suspiro, tendo os olhos atentos de uma criança como meus piores inimigos nesse momento. Nunca achei que ela prestava atenção em mim nesse nível, mas talvez ela goste tanto de quando vou embora, que conta os segundos para me ver juntando as coisas e passando pela porta da frente.

— Mel... — chamo sua atenção e ela me encara com aquele jeitinho tedioso de sempre. — É que eu não vou mais voltar para cá. 

— Por que não? — pergunta, com curiosidade genuína.

Your Daughter Hates MeOnde histórias criam vida. Descubra agora