CAPÍTULO 2 - O TÉRMINO

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A água do chuveiro escorre pelas minhas costas e eu torço para que cada pequena gota em minha pele lave a angústia que aperta meu peito

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A água do chuveiro escorre pelas minhas costas e eu torço para que cada pequena gota em minha pele lave a angústia que aperta meu peito. 

Fiquei muito abalado ao ouvir Melissa dizendo para Dakota que a odeia, com todas as letras e com o olhar afiado, mas não imagino o estrago que isso causou na cabeça da minha namorada.

Ela sempre tentou ganhar o apreço da minha filha, de todas as formas que encontrou, mas em determinado momento, parou de tentar tanto. 

Às vezes, me pergunto como chegamos até aqui. Estamos há um ano e quase cinco meses juntos e tem dias que eu não faço ideia de como nosso relacionamento durou tanto tempo. Com a hostilidade que Melissa sempre direciona a Dakota, se tornou frequente ter conversas sérias com ela. Essas conversas evoluíram para broncas, que hoje em dia já são castigos. 

Odeio ter que punir minha filha, acho que dói muito mais em mim do que nela, mas também não é justo que ela diga coisas tão ruins para a Dakota e não arque com as consequências. Ela já tem sete anos, não dá mais para encarar isso como uma birra de criança ou uma fase. 

Eu não sei o que fazer. Quero viver em paz. Quero ter dias tranquilos. Quero ter Melissa e Dakota, sem tem que escolher. Mas a cada dia parece mais difícil querer todas essas coisas. 

O planeta não deve estar nada feliz com a quantidade de água que gasto, mas não nego que estou enrolando o máximo possível nesse banho. Não tenho tantas experiências assim, mas me parece óbvio que quando sua namorada diz "podemos conversar a noite?", não tem uma notícia muito boa vindo.

O tempo que estou trancado aqui já deve estar suspeito, então me obrigo a fechar o registro do chuveiro e me secar. Ao sair do banheiro, encontro Dakota sentada na minha cama, há um livro aberto em seu colo, mas seu olhar está fixo em uma foto minha e da Melissa, num porta retrato que ela me deu de presente de Dia dos Pais e que desde então fica na minha mesinha de cabeceira. 

— Dakota? — chamo, mas não obtenho resposta. — Dakota! — falo mais alto e ela parece despertar, finalmente notando minha presença no quarto.

— Desculpa, você falou alguma coisa?

— Não — respondo, dando risada de sua feição confusa. — É que você estava meio vidrada na foto, nem me viu.

— Não vi mesmo — confessa, dando um risinho sem graça.

Seu olhar desce pelo meu tronco por alguns segundos e a malícia que suas orbes carregam de repente me dá vontade de arrancar essa toalha do corpo e pedir para adiarmos essa conversa. Entretanto, tão logo seu rosto volta a se contorcer em nervosismo. O que quer que seja, Dakota quer me falar algo importante e é melhor acabarmos com essa ansiedade de uma vez.

Me visto e me deito na cama, desligando a televisão para que nada atrapalhe a concentração da minha namorada. Quero que ela me fale logo o que a aflige, que desabafe comigo, porque sei quanto Melissa a pegou num ponto muito sensível e ela está remoendo esses sentimentos ruins há horas.

Your Daughter Hates MeOnde histórias criam vida. Descubra agora