CAPÍTULO 8 - O ALÍVIO

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— Claro que sim, Dakota

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— Claro que sim, Dakota. Eu vou assumir nosso filho.

O alívio que perpassa meu corpo é tão intenso que não posso evitar, deixo meus ombros caírem e solto uma respiração audível pela boca.

Deus, acho que eu prendi tanto o ar que estava prestes a desmaiar. 

Fecho os olhos em puro alívio e busco os braços de Luke novamente. Fico surpresa com a naturalidade com que ele me recebe, me puxando para si e apoiando seu queixo em minha cabeça, como sempre fazia.

Acho que nesse momento, foda-se que estamos separados.

Relaxo contra seu corpo e regulo a minha respiração, tentando mandar ar num ritmo normal para os meus pulmões. 

— Eu não sei o que te fez pensar algo diferente — ele começa a falar, cauteloso. — Mas eu jamais negaria um filho nosso, ok? 

Sorrio diante das suas palavras, ainda que ele não possa ver o repuxar dos meus lábios. 

— Me desculpa por ter cogitado outra coisa — peço, sentindo suas mãos acariciarem meu cabelo. — Eu não queria te deixar mal com essa situação, só...

— Tá tudo bem, Dakota. Já entendi que tem algo a mais aqui. Algo que não é do meu conhecimento, mas eu entendo o seu medo.

Mesmo que ele tente mascarar com uma voz compreensiva, percebo perfeitamente o amargor em sua fala. É óbvio que ele percebeu o meu receio e é claro que deve estar deduzindo um monte de coisas, entretanto, seu tom ressentido ainda não é suficiente para me fazer contar tudo o que aconteceu no meu passado.

Eu amo o Luke, com todo o meu coração, mas certas coisas ainda são um problema completamente meu e, por enquanto, irão para o túmulo comigo, Jennifer e meus pais. 

Me desvencilho dele, subitamente desconfortável com esse contato ao recordar que aqui, nessa mesma casa, nessa mesma cozinha, eu decidi que deveria colocar um ponto final em nós dois. Ou uma vírgula, como minha melhor amiga insiste em chamar.

— Obrigada. Eu sei que você deve ter um milhão de perguntas, mas eu tenho uma pra você — digo e imediatamente sinto seu corpo ficar tenso.

—  Pode falar...

— Eu sei que ainda não deu tempo de você pensar nisso, tem literalmente cinco minutos que te contei que você vai ser pai de novo, mas...

— A Melissa, não é? — ele questiona, já sabendo para onde vai minha fala. 

— É. A gente precisa pensar em como contar para ela — afirmo, mesmo que ele já saiba disso. 

Luke dá um sorrisinho discreto, apenas um erguer do canto dos lábios, ele tenta disfarçar, ficando sério novamente, mas sua reação não me passa despercebida. 

— Preciso conversar com a Vanessa sobre isso. 

— A Vanessa está bem aqui! 

Levo um susto quando a mulher aparece na porta da cozinha, rápido demais para ter nos ouvido da sala e chegado até aqui. 

— Você estava escutando a nossa conversa? —  Luke questiona, ofendido, mas a minha vontade é dar risada. 

Ela tem uma pose engraçada, como se estivesse pronta para atacar um potencial inimigo. E algo me diz que esse inimigo seria o Luke, dependendo do que ele me dissesse.  

— Estava — afirma, sem nenhum constrangimento. Seus ombros até se erguem para mostrar que ela não está nem aí para a cara de bravo do homem ao meu lado. — Estava pronta para intervir, caso você fosse um cuzão.

— Falando assim nem parece que viveu comigo tantos anos —  Luke debocha, fazendo um olhar assassino aparecer os olhos da mulher.

— E isso, por acaso, te torna menos homem? —  questiona, colocando as mãos na cintura.

Franzo a testa, mesmo que ainda queira rir, porque bem, não faço ideia do que pode sair da cabeça maluca da Vanessa. 

— Como? — Luke devolve a pergunta, tão confuso quanto eu.

—Querido, eu não confio em homens. Estou nas trincheiras pelas mulheres sempre e para sempre, mas não é do meu feitio colocar a mão no fogo por vocês. 

— Agora que você já confirmou que eu sou minimamente decente perante a minha classe, pode nos deixar a sós?

— Hum, não! — ela afirma, puxando uma cadeira de frente para nós e se sentando. — Agora o assunto chegou exatamente onde eu me insiro. Melissa. 

Suspiro, sabendo que os próximos minutos de conversa não serão nada fáceis.

Luke conta sozinho para ela? Não queria deixar ele lidando sozinho com essa bomba.

Contar com nós três juntos? 

Introduzir o assunto aos poucos? Já estou quase com 4 meses, em breve será impossível esconder.

Deixar que a Vanessa converse com ela primeiro? Esse problema não é dela, não me parece justo jogar esse peso em suas costas.

— Sabe, eu... — digo, depois de longos minutos de discussão. — Eu acho que queria conversar com ela. Sozinha. Só eu e a Melissa.

Os dois me encaram com a mesma cara de dúvida. Vanessa parece se perguntar se ouviu certo e Luke tenta esconder sua surpresa diante das minhas palavras.

Ele não é muito bom em mascarar suas emoções...

 — Você quer... Contar da sua gravidez pra Mel... Sozinha? - Luke questiona, como se estivesse me testando.

— É, eu... Bom, não contar para ela sozinha, mas eu queria muito conversar com a Melissa antes de contar para ela. Sei que já tentei isso outras vezes, aliás, que nós já tentamos, mas queria entender o que está passando na cabeça dela agora que nós... — interrompo minha fala ao olhar para o meu ex-namorado. Ele já sabe o que vou dizer, por isso, nem me dou ao trabalho de terminar.

Dói de toda forma, a cada minuto do dia, mas quando eu falo sobre isso, revivo o dia do nosso término de forma realista demais. E eu já chorei hoje. Não quero chorar de novo. Prometi para mim mesma que minha cota seria um choro por dia.

Eu preciso de uma psicóloga!

— Mas não quero que você faça isso sozinha — ele afirma, depois de alguns segundos de desconforto sustentando meu olhar.

— A Mel pode ser um pouquinho cruel quando quer... — Vanessa pondera, e o jeito que ela coça a cabeça mostra que está desconfortável por admitir isso sobre a própria filha.

Oras, mas é verdade.

— Vocês leram Aristóteles* pra essa menina quando ela estava na barriga, não é? Confessem! Ela me deixava completamente sem argumentos, e ainda usava umas palavras difíceis!

Meu rosto retorcido pela minha impotência diante daquela garotinha é o oposto da reação dos outros dois. Eles se seguram, Vanessa até mesmo esconde o sorriso com as mãos, mas quando se encaram, as risadas ecoam pela cozinha.

— Ah, ótimo, riam mesmo da minha cara!

Brigo com eles, mas no fundo, quero rir também. É, a imagem de Luke com um livro de filosofia aberto lendo para a barriga da Vanessa de fato é engraçada.

Vou mandar ele fazer a mesma coisa pra minha barriga, assim, se um dia meu bebê tiver uma madrasta, eu serei vingada.

Ah, mas espera...

Minha vontade de rir cessa no mesmo segundo.

Definitivamente, não quero ver Luke com outra mulher.

Porra, por que a vida é tão difícil, hein?

— • —

estão gostando da história? me contem!!
não sei se estão estranhando, mas os capítulos dessa história são curtos mesmo, dessa forma, eu tenho um pouco mais de disponibilidade pra trabalhar nela 

Your Daughter Hates MeOnde histórias criam vida. Descubra agora