Encaro a parede azul do meu quarto, me ajeitando na cama para tentar ficar mais confortável. Queria me fundir a esse colchão. A coberta felpuda causa um atrito gostoso contra as minhas pernas nuas e a sensação é uma delícia, ainda mais com as temperaturas cada vez mais geladas em Londres. Mesmo estando confortável, mesmo tendo uma vida tranquila e muitos motivos para agradecer, não consigo me sentir feliz hoje.
Sinto mais uma lágrima escorrer pela minha bochecha quando me lembro do que eu estava programando para esse dia há quase três meses. Luke queria me levar para um chalé em alguma cidade próxima para passarmos o final de semana juntos, mas eu não tinha certeza se faríamos isso porque meus pais sempre vem jantar comigo no meu aniversário e eu queria manter a tradição.
Acho que esqueci de mencionar isso.
Vinte e sete de setembro.
Feliz vinte e seis anos para mim.
Queria muito dizer que estou aproveitando e que todas as mensagens de felicitações preenchem meu peito, mas eu estaria mentindo e as lágrimas que continuam descendo pelo meu rosto não me deixam blefar.
Eu realmente não aguento mais chorar e todas as vezes que me recupero de uma das minhas crises, peço a Deus que seja a última. Nunca é. Elas sempre voltam. No seguinte, dois dias depois... Já consegui ficar uma semana sem chorar, mas foi meu recorde.
Tiro o braço direito debaixo das cobertas e agarro o papel que está na minha mesa de cabeceira. É um dos motivos do meu choro, ou pelo menos o que torna todos esse sentimentos malucos mais reais. Já tem quase um mês que ele está aqui, quase um mês que eu fiz cinco testes de gravidez e todos deram positivo, quase um mês que Jenny me levou ao hospital e a médica me confirmou a gestação, entregando o resultado do exame em minhas mãos trêmulas.
Semana passada, fui à primeira consulta com a obstetra e fiz alguns exames, fiquei apavorada, confesso, porque descobrir a gravidez com três meses não é o ideal, mas felizmente a médica me garantiu que está tudo bem e que minha gestação progrediu de acordo com o esperado, mesmo que eu não tenha tomado muitas precauções nos primeiros meses.
Não era assim que eu imaginei minha reação ao descobrir uma gravidez. Não reagi assim nem mesmo quando fiquei grávida do Daniel, mesmo sabendo que ele não receberia bem a notícia. Eu sei que Luke não vai me xingar, me mandar embora e dizer para eu me virar sozinha com esse filho, mas ainda assim, meu medo é grande e todos os dias me impede de contar para ele.
Ver a decepção em seus olhos quando ele me viu naquele restaurante foi a pior sensação que eu já experimentei. Ele não queria ter me encontrado e isso ficou muito claro, mas doeu mais ainda quando vi Melissa se aproximando, saltitando, sorridente e parecendo mais leve, mais feliz do que jamais a vi.
O problema era eu.
E Luke também parecia diferente, talvez aliviado por sair de casa sem se preocupar em repreender a Mel por coisas que ela poderia me falar.
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Your Daughter Hates Me
RomanceDakota sempre quis formar uma família. Encontrar um amor tranquilo, alguém com quem pudesse falar de futuro e se sentir acolhida. Ela nunca foi grande referência quando o assunto é escolher namorados. Conhecer Luke foi como uma brisa suave num dia...