Por Que Ele?

111 - Beer Pong

Nayara: Então, você já assistiu Harry Potter?  - pegou a bebida do balcão e levou até a boca.

Eu: Sim, quando era pequena.

Nayara: E o que você acha? - perguntou um pouco hesitante.

Eu: Eu gostava, vivia pedindo pra minha mãe pôr pra gente assistir.  - ela me olhou boquiaberta.

Nayara: Meu Deus! Você só pode ter sido enviada por um anjo! - sorri e beberiquei minha bebida - Sem dúvida alguma, é a melhor namorada que o Felipe podia ter!

Eu: Então, eu achei você e o Nicolas bem parecidos, quase...

Nayara: Gêmeos? - completou e eu assenti - Somos gêmeos. - sorriu.

Eu: Sério? Então hoje também é o seu aniversário? - levei meu copo até a boca.

Nayara: Não. Na verdade o meu aniversário foi ontem. Sabe, eu nasci antes e ele depois da meia noite. - arqueei as sobrancelhas e assenti - Só  que é bem óbvio que eu sou a gêmea mais bonita. - relaxou os ombros.

  Soltei uma risada pelo comentário inesperado e ela sorriu.

— Ei  Nay, por que nunca me disse que tinha uma amiga tão bonita? - passou o braço pelos ombros da loira.

  O garoto alto, com a pele negra e olhos escuros escostou na Nayara enquanto me olhava com um sorriso de canto. Ele usava um moletom largo e seu boné preto cobria quase todo o cabelo.

Nayara: Desencosta, garoto. - o empurrou levemente e revirou os olhos - Essa é a Beatriz, namorada do Lipe.

  A expressão do garoto mudou completamente. Ele me olhou com vergonha e um sorriso nervoso se formou em seus lábios.

— Meu Deus. Me desculpa, - voltou as mãos pra si - eu não sabia. Sério.

Eu: Tudo bem. - sorri simpática antes de engolir um gole da minha bebida.

Nayara: Esse é o idiota do Davi. Amigo do meu irmão e carrapato no meu pé.

Davi: Melhor amigo dos dois. - corrigiu e estendeu a mão.

Eu: Prazer. - o cumprimentei. 

Davi: Vou te chamar de Bea. Você tem cara de Bea. - levantei o canto da boca.

Nayara: Ei! - reclamou - Eu já ia chamar ela assim. - cruzou os braços.

Davi: Mas onde que tá o Felipe?  Fiquei de conversar com ele.

Eu: Saiu tem um tempinho, procurando o Nicolas.

(...)

  Já passava da meia noite e tinha um pessoal começando a ficar tonto. Fazia um tempo que eu estava só com o meu namorado, e não tinha sinal algum da Nayara.

  Joguei a minha perna em cima da do Felipe e ele pôs sua mão esquerda na minha coxa, fazendo um leve carinho com o polegar no local.

Eu: Eu tô puta contigo, sabia? - o olhei.

Lipe: Ué, por quê? - falou em meio à uma risada.

Eu: Como cê nunca me apresentou a Nayara antes? - perguntei indignada.

Lipe: Eu falei que vocês iam se dar bem. Ela é meio maluca e cê sempre se dá bem com gente maluca.

Eu: Aquela garota é demais! Eu nem sei porque pensei aquilo sobre ela.

Lipe: Até que você teve seus motivos. - riu.

Nayara: Oi vocês! - se aproximou -  O que tá rolando de bom? - sentou no sofá da frente junto com o irmão.

Nicolas: Ow, o meu aniversário? - falou em tom sarcástico e eu ri.

  Meu celular começou a vibrar no bolso e eu o peguei, vendo o nome "Mãe ♡" na tela. Atendi e levei o aparelho até meu ouvido.

Eu: Oi, mãe.

Vih: Oi meu amor, então você levou alguma chave da casa?

Eu: Não, eu esqueci em cima da mesa. - balancei meu pé.

Vih: Puts. Eu e seu pai estamos fora e o Breno acabou de me ligar dizendo que ia sair com a Mari, Lari e o Luan. Eu acho.

Eu: Ahm, eu dou um jeito mãe.

Vih: O que você vai fazer, Beatriz? - perguntou desconfiada.

Eu: Sei lá, eu passo onde o Breno estiver e pego a chave de casa com ele.

  Vi o Felipe estender a mão na minha frente e o olhei; ele mexeu uma de suas sobrancelhas e eu entreguei meu celular um pouco hesitante, com medo do que ele pudesse falar.

Eu: O que você vai fazer?! - cochichei.

Lipe: Oi tia [...], tá tudo bem por aqui. [...] Ela vai dormir lá em casa hoje. - desviou o olhar para mim antes de voltar a prestar atenção na ligação.

  Os gêmeos na nossa frente nos olharam com malícia e um sorriso brincalhão nos lábios.

  É engraçado como até as reações e os movimentos deles são parecidos.

  Senti minhas bochechas arderem e desviei o olhar, me arrumando no sofá.

Lipe: Tá bom tia, tchau. - desligou a chamada e me entregou o celular - Problema resolvido.

Nayara: Uau, Felipe. - aquele mesmo sorriso continuava em seu rosto.

Lipe: O que? - passou a mão no cabelo antes de pousá-la na minha perna novamente. 

Nayara: Nada, né. - nos olhou de cima à baixo.

Davi: Então, - se aproximou - tá rolando Beer Pong lá fora, quem vai?

Nicolas: Esse jogo é meu! - levantou.

Lipe: Até parece. - debochou.

Nicolas: Escolhe tua dupla e lá fora a gente tira a prova. - desafiou.

  Meu namorado me olhou e antes que eu pudesse concordar em ser sua dupla, a Nayara se aproximou.

Nayara: Não, não, não. - pegou minhas mãos me fazendo levantar - A Bea vai ser minha  dupla! - ri.

Lipe: É assim? Vocês mal se conhecem e eu já fico sem namorada? - cruzou os braços ficando de pé.

Nayara: Vocês dois têm todo o tempo, e toda a noite - destacou -, para serem casalzinho. São apenas algumas rodadas. - deu de ombros.

Eu: Olha eu, sendo disputada. - brinquei.

Nicolas: Beleza, Beatriz e Nayara, Matheus e eu, Felipe e...?

Lipe: Davi. - o garoto concordou.

  Todos fomos para a área de lazer, assim como boa parte das pessoas  naquela casa.

  Eu nunca havia jogado esse jogo antes e pensei que existia apenas em filmes ou livros de adolescentes norte-americanos; mas não. A galera aqui parece ser bem acostumada com isso, inclusive o Felipe.

  A Nayara me explicou o básico e disse que o resto eu entenderia depois, então, começamos a jogar.

  Para abrir o jogo tivemos o Nicolas e sua dupla contra duas garotas, uma ruiva e outra de cabelo azul. O amigo do meu namorado ganhou e ninguém ficou surpreso; ao que eu percebi, ele é bem acostumado com essa disputa.

  Logo em seguida, sua irmã me puxou e nós  jogamos contra dois garotos. Por pouco não ganhamos. E então, o meu namorado e o Davi jogaram, só não pude ver contra quem porque a Nayara me chamou para ir na cozinha com a mesma.

  Perdemos um pouco de tempo bebendo e conversando mas voltamos para a área aberta no momento exato de irmos contra seu irmão.