O Contrato - COMPLETO

Capítulo 1

ISADORA

O baile está maravilhoso.

A decoração está impecável, a comida é a mais divina de todas – já comi pelo menos quinze petiscos – e o setlist das músicas é simplesmente perfeito. Não tem defeito.

E, acima de tudo, amo que essa luz branca e fraca faz meu look ficar mais perfeito do que ele já é naturalmente.

O vestido azul com pedras pratas foi ideia de Daiane, ela disse que eu ficaria divina e ela estava certa. Hoje, eu fui totalmente produzida por Daiane. A maquiagem leve, as pedras brilhantes no cabelo, o vestido e até mesmo o salto alto – que eu não vejo a hora de tirar.

Minha irmã é magnífica e é simplesmente de partir o coração ver como ela está agora. Ela está mais cabisbaixa do que nunca, toda vez que algum menino se aproxima de nós duas, vejo seu rosto se iluminar, ela fica esperançosa que algum deles a chame para dançar.

Mas eles não fazem isso. Eles sempre pedem para dançar comigo e a pior visão do mundo é ela tentando esconder o quão isso machuca ela. O único menino, único mesmo, que chamou Daiane para dançar foi Arthur.

Choque, não?

Ela não aceitou, pensou que ele estava frescando com a cara dela e agora eu sei que toda vez que ela levanta a cabeça, ela está procurando por Arthur e implorando para ele chamá-la para dançar mais uma vez.

— Procurando Arthur? – pergunto.

Daiane se assusta e se vira para mim, horrorizada. — Claro que… – ela até tenta mentir, mas desiste quando sabe que não vai me enganar. — Ok, claro que tô. Ele foi o único cara que me chamou pra dançar. Pensei até que o idiota do Lucas fosse me chamar, mas ele tá parecendo um dançarino do Faustão com a Francisca.

E é verdade. Lucas está fazendo umas piruetas e saltos com Francisca que chega a ser engraçado, mas também é bastante surpreendente o fato de Francisca conseguir fazer tudo isso usando uma capa com penas.

Rio. — Eles tão arrasando.

— Sim – Daiane concorda, a contragosto. — Queria tá dançando.

Me viro para ela, seu corpo não para ao som de Mastruz com Leite. — Tô vendo – rio. — Você deveria dançar sozinha.

— Sozinha? – Daiane pergunta, horrorizada. — Jamais! Nunca dançarei forró sozinha, entenda.

— Então não vai dançar com ninguém – ela me mostra a língua.

Eu até estaria curtindo mais o baile, mas hoje simplesmente não estou no clima para dançar e festejar, só quero chegar em casa e tirar esses saltos.

— Você tinha que escolher os saltos mais altos? – pergunto, me queixando, me abaixo um pouco para ver se era um salto de fivela, mas para minha sorte, não. — E ainda sem fivela.

— Gata, esse é meu salto mais baixo – ela diz, ainda procurando por Arthur. — Culpa sua que só usa Melissa.

— São confortáveis.

— Acho que ele foi embora.

— Quem?

— Arthur – ela diz, e surpreendentemente, ela está triste com isso.

— Nunca vi você triste por ver que Arthur não tá mais no mesmo canto que tu – digo, surpresa. — Se me lembro bem, você disse, em uma festa no barco da Aurora, que se aparecesse um tubarão faria questão de se jogar na boca dele pra não ter que sentir a presença do Arthur.