Capítulo 22

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GUILHERME

Ok, respira fundo.

Você está indo para a casa da menina que você gosta, na verdade, você já está na frente da casa da menina que você gosta, só precisa bater no portão, ou tocar a campainha, fácil.

Vamos lá, Guilherme. Só tocar a campainha.

Mas não consigo, por quê? Porque sou um baita de um idiota inseguro de merda. Eu vou conhecer os pais de Isadora, não que eu já não tenha os visto no churrasco que vim para cá, mas agora é diferente, eles não vão estar bêbados e pior ainda, vão estar bem próximos de mim.

Eu sou péssimo com pais, pais me odeiam, um exemplo disso é que meu próprio me bate – eu espero muito que meu nervosismo não fique tão grande que eu comece a fazer piada com humor depreciativo.

Certo, eu só preciso tocar a campainha sorrir e fingir ser útil nessa noite de jogos da família Alves. Pensando bem, Isadora vive praticamente um conto de fadas. Os pais a amam, os pais são ricos e pagam a melhor escola de Fortaleza, uma das melhores do Brasil, para ela estudar e não a pressionam nos estudos. Ela tem amigas legais, se bem que não conheço bem a Tati – que agora só aceita ser chamada de Tati –, mas elas parecem pessoas boas.

Isadora é linda. Linda não. Majestosa – meu Deus, que eu nunca fale isso na frente dela, ela iria rir tanto de mim. Isadora é simplesmente… não consigo achar uma definição para o quão perfeita Isadora é. Isadora tem um humor rápido, a língua é sempre afiada, é esforçada, é inteligente, é atenciosa, é tão bonita que tira meu fôlego… céus. Eu estou apaixonado demais, preciso de um freio.

Quando foi que eu fiquei tão louco por Isadora? Yuri insiste em dizer que sempre fui louco por ela, mas eu me recuso a acreditar que passei tanto tempo gostando de uma garota, eu apenas gostava de observá-la, somente isso, mas nunca foi amor, ou paixão. Foi só esse ano, eu acho.

Por falar em Yuri, ele não se aquieta do meu lado. Já o escutei suspirar e bater os pés, pelo menos, quinze vezes. Mas não posso julgar, já faz uns dez minutos que estamos parados em frente ao portão enorme da família Alves.

— Se a gente fosse negro, você veria que já teria mil polícias aqui nessa rua – Yuri disse e eu tive que me segurar para não rir.

— Cara, você foi além agora – falei.

— Olha, foi engraçado, mas é verdade – ele disse, dando de ombros. — E você ainda tá todo arrumado, jamais iam pensar em chamar a polícia pra um branquelo usando grife.

— É uma polo.

— Cê já viu quanto tá custando uma polo? E te conhecendo bem do jeito que eu conheço, tenho certeza que você foi na Polo Wear.

Dou de ombros. — Verdade.

Eu realmente estava bem vestido para a ocasião. Assim que Isadora me convidou e eu não pensei duas vezes em dizer "sim", eu baguncei meu guarda roupa inteiro e olha que eu não sou uma pessoa que gosta de bagunças, ou que fica muito indeciso com roupas. Quando Yuri chegou na minha casa, sendo o bom melhor amigo intrometido que ele é, ele disse que meu quarto estava em um estado de lixão.

Pedi ajuda com o que vestir para Yuri e claro, como o bom melhor amigo filha da puta que ele é, ele passou uns dez minutos apenas rindo do fato que eu tinha "arriado os quatro pneus" pela Isadora. Depois, ele passou uns oito minutos – sou ótimo em contar tempo e guardar rancor – sugerindo roupas que, facilmente, me colocariam para fora da casa, porque eu estava parecendo um maconheiro da Beira Mar.

Ou seja, Yuri não me ajudou em nada na roupa que eu estou vestindo. Tive que me virar sozinho e com a ajuda do Google. "O que vestir para conhecer a família da garota que você gosta, mas nada tão formal" foi o que eu pesquisei no Google. Enfim, toda a pesquisa e tempo perdido, no final, me vesti com uma polo branca, um jeans azul escuro que vai um pouco acima do meu joelho e um sapato slip on preto.

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