GUILHERME
Yuri está aprontando algo, ou melhor, Yuri já aprontou algo. Eu não sei o que é, mas com certeza é algo horrível, ele tem feito literalmente tudo que eu já pedi para ele. Se digo que estou com vontade de comer um snickers, ele sai no meio da aula e pega um para mim na lanchonete – eu até cheguei a falar que precisava de papel higiênico super fofo para assoar meu nariz e ele conseguiu.
Yuri nunca faz nada do que eu peço, imagina ser tão prestativo assim. Ele só faz isso quando fez que eu não vou gostar nada – no dia, em que ele voltou com a ex dele, ou então na vez que ele fez uma festa surpresa para mim, sendo que eu tinha dito milhões de vezes que não queria nada – para não ser criticado, porque ele sabe que vou criticá-lo demais.
Às vezes eu queria ser um pouco mais como Yuri, irracional, impulsivo e aventureiro, mas não consigo. Acho que, para toda e qualquer amizade, é necessário um pouco de equilíbrio. Imagina se nós dois fôssemos tão malucos quanto Yuri? Provavelmente estaríamos mortos. Yuri já me levou para fumar na Beira Mar – não aguentei o cheiro –, Yuri já aceitou várias caronas de estrangeiros, Yuri já quase foi preso por atentado ao pudor – e olha que eu tinha conversado com ele por dois minutos sobre como correr pelado perto do Departamento de Polícia não era um bom protesto.
Mas sinceramente? Estou aproveitando cada segundo de Yuri como meu empregado, porque conhecendo meu troll como conheço, daqui a uns três minutos ele se cansa de fazer tudo e conta o que fez, então depois sai correndo dizendo que tem um compromisso super importante com os pais. Nem sei porque ele usa essas desculpas, nós dois sabemos que os pais de Yuri são ausentes para caralho – os dois decidiram viajar para Índia comprar um tapete tenebroso e antigo, isso no dia do aniversário dele.
Me estico no banco do jardim do Mereyos, minhas costas estalam. — Tô sentindo uma dor nas costas… – digo, como quem não quer nada. — Bem no meio, sabe? – faço uma careta de dor.
— Sério? – Yuri pergunta, seus olhos arregalam em emergência e ele sobe no banco, então se posiciona atrás de mim. — Aqui, mano? – ele então pressiona bem no meio das minhas costas.
Solto um gemido de dor enorme, Yuri precisa medir a força dele, mas até que é bom. — Caralho, isso tá muito bom.
Ele continua massageando aquele local. — Mais forte? Quer que eu suba? Quer que eu coloque com mais força?
Eu seguro meu riso, Yuri não prestou atenção no duplo sentido. — Você quer colocar com mais força?
Ele assobia. — Ué, se te fizer relaxar, mano – eu não aguento mais e explodi em uma risada. — O que foi? – ele pergunta, curioso.
— Mancho, tu não percebeu o duplo sentido não? – pergunto, ainda me acabando de rir. Yuri continua confuso para caralho. — Primeiro, tu tá atrás de mim e ainda quer colocar com mais força pra eu relaxar… pô, aí é foda né?
Ele me empurra, me derrubando na grama do extenso Jardim do Mereyos, enquanto eu me acabo de rir. — Vai se foder, Gui. Eu aqui, todo atencioso contigo e tu pensando em besteira.
— Tu que ficou falando besteira! – digo, ainda me acabando de rir.
— Ah, mas você gostou quando eu fui por trás que eu sei.
Rio. — Nós dois sabemos que é você que gosta quando eu vou por trás – mando um beijinho para ele.
Ele revira os olhos. — Tu tava me fazendo de idiota, não tava?
Concordo com a cabeça. — Claro que sim. Tu fez alguma merda, só me aproveitei.
— Mancho, isso é coisa de vacilão, papo reto.
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O Contrato - COMPLETO
Romance[COLEÇÃO SCHOOL & LOVE] Isadora Alves estava acostumada com o título de "senhorita perfeitinha", afinal ela gostava, então por isso sempre guardou muito bem todos seus segredos e suas desavenças. Entretanto, seu maior segredo, que ela era uma das st...