Capítulo 6

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ISADORA

Eu só posso ter perdido todo meu juízo.

Isso é pior do que admitir que American Pie são meus filmes favoritos.

Alguém tomou conta das minhas ações e fez eu fazer aquilo. Isso! Essa é a única explicação possível. Pronto, decidi, a partir de hoje eu tenho um alter ego que quando estou com uma vontade enorme de beijar alguém, esse alter ego toma conta.

Só isso faz sentido, porque eu jamais chamaria Guilherme para um churrasco que sequer existe. Eu sou sensata e racional. Não sou uma maluca com libido tão grande que não consegue raciocinar direito. Essa não sou eu, meus irmãos são assim, não eu.

Com certeza isso também é culpa do Guilherme. Claro que é culpa do Guilherme, ele que me tirou um pouco da minha razão e sanidade. Ótimo, isso tudo é culpa dele. Eu não tenho culpa nenhuma.

Meu Deus, como eu vou organizar um churrasco em duas horas? Eu sequer sei qual a diferença de carne para churrasco e carne normal – isso se essa diferença existir. Eu não sei quanto de carvão precisa comprar. Eu não sei cozinhar, o que quase não deve ser considerado.

Ai como eu odeio Guilherme, isso tudo é culpa dele. Não há outra pessoa para culpar, além dele. É culpa dele por ser tão bonito e me tirar toda a sensatez e sanidade. É mais culpa dele ainda por parecer tão feliz quando eu simplesmente fiz um convite para um churrasco.

Não consigo esquecer o sorriso dele depois que ficamos alguns minutos olhando um para o outro, ambos morrendo de vergonha. Ele sorriu, um dos sorrisos mais lindos que já vi na minha vida e depois olhou para baixo e começou a tagarelar, como ele sempre faz.

Ele estava falando sobre aperitivos para churrasco e bebidas diferentes que são excelentes para animar o clima. Eu deveria ter prestado atenção, porque eu com certeza vou precisar. Quais as chances de meus pais, morrendo de raiva de mim, me ajudarem a fazer um churrasco? Com certeza, zero.

Eu não prestei atenção no que Guilherme dizia por um bom motivo: ele. Ele é o motivo. Eu só conseguia olhar para o tronco dele e para como aquela blusa branca de tecido tão fino me dava uma pequena visão de seu abdômen – não era definido, mas com certeza parecia um local excelente para beijar.

Eu fiquei desnorteada. Guilherme me desnorteou. O que eu jurei que não iria acontecer, aconteceu. Estou extremamente necessitada da boca do meu maior inimigo de todos. E pior, ainda vou ter que fazer um churrasco para ele.

Como é que posso sentir vontade de beijar Guilherme? Primeiro, ele sujou meu Galliano com uma gosma branca que eu não faço ideia do que seja e se os danos ao meu vestido serão eternos. Segundo, ele é muito bonito. Bonito? Não! Ele não é bonito, ele é seboso. Isso, seboso.

Terceiro, ele tem um sorriso fofo. Quarto, ele é tímido e fofo. Quinto, às vezes ele me faz rir. Meu Deus, Guilherme me faz rir. E faz um bom tempo que não encontro alguém que me faça rir. Meus irmãos e meus pais me fazem rir. Estefani me faz rir. Jonathan me fazia rir – agora sinto que o clima entre nós está um pouco estranho.

Pensar em Jonathan me traz um pesar diferente. É estranho desejar outro garoto que não seja ele. Foram seis anos. Será que ainda é muito cedo para eu cogitar a ideia de beijar alguém? Será que é muito cedo para pensar em superá-lo completamente?

Não tenho sentimentos fortes e intensos por Jonathan, não como antes. Ainda sinto algo por ele. Carinho, respeito e amor – mas não o mesmo de antes, é diferente. Mas acima de tudo, me sinto culpada, sinto uma vasta gama de culpa. Foi minha culpa o fim do nosso relacionamento.

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