✎ Zoe não tinha condições de se alimentar sozinha naquele pronto e eu a alimentava todos os dias enquanto ficava sentada na cama. Às vezes ela olhava para mim, ou para a comida, mas na maior parte do tempo ela simplesmente olhava para a parede em frente. Os médicos vinham discutindo as opções de lugares onde poderíamos levá-la para dar início a um longo processo de trazer seu corpo e sua mente de volta para o estado em que estava antes do acidente, ou pelo menos o maior próximo possível. Fazer com que pessoas com lesões cerebrais recuperem todo o seu potencial é um processo intenso, altamente especializado e caro.
Os médicos queriam ter certeza de que Zoe seria enviada para o melhor lugar que lidasse com pessoas em sua condição. Em especial um dos médicos recomendou um hospital em Phoenix, e como os pais dela moravam lá, aquela seria uma excelente escolha. Não demorou e mudamos de hospital para o melhor da minha esposa.
Chegamos no fim da tarde e logo fomos bem recebidos pelo neurologista-chefe. O médico explicou que eles fariam seus próprios exames e iriam começar imediatamente depois que ela se instalasse em seu quarto. Não demorou até que outro médico viesse e se apresentasse, ele era um dos médicos da equipe e o seu nome era Saulo Hamilton. Ele seria o médico responsável por Zoe, como explicou o médico associado, e viria examiná-la bem cedo na manhã da próxima segunda-feira. E nós teríamos o fim de semana todo para nos acostumar com aquele ambiente antes que ela começasse sua terapia, dali alguns dias.
O quarto da minha esposa tinha uma janela que dava para um pátio interno, cheio de canteiro de flores e passarelas, naquela época não havia nada florido. Mas eu ansiava pela possibilidade de algum dia poder dar um passeio por ali com Zoe ao meu lado, ela com ótimos resultados de recuperação e segurando o meu braço.
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No dia seguinte, uma enfermeira chamada Alice H. Xavier, juntamente comigo, levamos Zoe para o seu primeiro passeio em uma parte do hospital, nós empurramos a cadeira de rodas de onde ela estava, até o refeitório dos pacientes para ela almoçar. A minha esposa não estava preparada para ver outras pessoas com problemas neurológicos e percebi que ela estava com medo assim que entramos no salão.
― Isso assusta você, não é? ― eu perguntei, baixinho.
― Sim. ― ela respondeu com a voz ainda um pouco rouca.
Eu não esperava que ela me respondesse, e senti uma explosão de alegria apesar do estresse que eu sabia que ela estava sentindo. Então nós voltamos para o quarto e Zoe fez suas refeições ali até que estivesse em condições de ir para o refeitório geral do hospital. Tudo estava indo em passos lentos, mas eu sentia que a mão de Deus estava presente nos pequenos detalhes. E enquanto passamos aquele tempo juntos ela começou a conversar mais, e parecia estar um pouco mais próxima a mim durante as nossas primeiras conversas.
Quando chegamos em Phoenix no hospital há menos de duas semanas após o desastre, ela ficava acordada apenas durante algumas horas por dia e ficava extremamente desorientada. Zoe tentava ficar melhor com seus próprios meios..Naquela primeira manhã de segunda-feira, depois de ser internada no dia em que ela seria examinada pelo dr. Saulo, eu cheguei cedo ao quarto de Zoe, porque queria preparar ela. Tentei conversar com ela e acariciar seu belo rosto, mas não obtive resposta. Em seguida, coloquei a mão em seu ombro e ajeitei, mas não houve qualquer reação a menos que fosse um movimento, bem no mesmo momento em que o dr. Saulo entrou no quarto, vestido como se estivesse acabado de sair das páginas da revista de moda.
Ele não era nada do jeito que eu esperava e me deu um aperto de mão firme, aproximou-se da cabeceira da cama de Zoe, eu estava fazendo o melhor que podia para tentar acordá-la cuidadosamente, mas o médico tinha outros planos.
― Você tem que acordar. ― o doutor Saulo disse, próximo dela.
― Me deixe em paz! ― ela gritou abrindo os olhos.
― Está fazendo birra? ― ele perguntou, mas ela não respondeu.
Não sei como, mas ele conseguiu convencê-la. Em seguida, eles fizeram um pequeno exercício fazendo com que o dr. Saulo me olhasse com um largo sorriso.
― Ela vai ter ótimos resultados. ― ele comentou bem confiante.
Em menos de uma hora, ela já havia começado a sua primeira sessão de terapia. Quando pensava no que havia acontecido conosco ficava assombrado por nossas vidas terem sido poupadas, e eu sabia que Deus havia colocado sua mão em nossa direção. Porque parecia que ninguém havia sobrevivido ao acidente, mas incrivelmente nós três estávamos vivos.
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Eu tinha a intenção de ficar em Phoenix durante todo o tratamento de Zoe e assim me mudei para casa dos pais dela quando chegamos no Arizona, porque não sabia quanto tempo passaria ali durante aquelas primeiras semanas. Zoe estava com uma aparência bem melhor do que aquela que tinha quando estava na UTI de Albuquerque, embora ainda não fosse possível dizer que ela se parecia com a pessoa que era antes do acidente.
Umas amigas de Zoe, principalmente Sabrina e Lisa vieram saber como ela estava no hospital. Lisa a garota ruiva correu rapidamente para o quarto da Zoe. Ela olhou demoradamente para ela e começou a temer, abriu a boca mas não foi capaz de dizer uma palavra até que uma lágrima caiu.
― Eu te amo, Zoe. ― eu disse a abraçando. ― Você vai ficar bem, ouvir? Eu te amo.
― Eu também te amo. ― Zoe respondeu, sem nenhuma reação.
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⤤O Mɪʟᴀɢʀᴇ Dᴇ Zᴏᴇ⤦
RomanceRomance Cristão. (𝗖𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗼) ✔️ "𝖮 𝖺𝗆𝗈𝗋 𝖾́ 𝗉𝖺𝖼𝗂𝖾𝗇𝗍𝖾, 𝗈 𝖺𝗆𝗈𝗋 𝖾́ 𝖻𝗈𝗇𝖽𝗈𝗌𝗈. 𝖭𝖺̃𝗈 𝗂𝗇𝗏𝖾𝗃𝖺, 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾 𝗏𝖺𝗇𝗀𝗅𝗈𝗋𝗂𝖺, 𝗇𝖺̃𝗈 𝗌𝖾 𝗈𝗋𝗀𝗎𝗅𝗁𝖺." - 1 Coríntios 13:4 ━━━━━━━━━...