Tentando não te querer.

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Entre a aula de matemática e física, vou ao banheiro, pois estou me sentindo ansiosa. A caminho do banheiro minhas mãos suam e tento me controlar, ao abrir a porta me deparo com minha imagem no espelho, cabelos ondulados e curtos, cílios grande, testa abundante, quase me sinto bonita, as vezes. Abro a torneira a procura de alívio imediato, jogo água no rosto e molho meus braços. Ouço passos no corredor e posso imaginar a quem pertencem, Lexi entra no banheiro apressada. Com cara de preocupação.

- O que aconteceu? - Pergunta
- Não sei. - Respondo, nem percebi que tinha demorado tanto tempo em meus devaneios.
Ela caminha em minha direção e me dá um forte abraço, me sinto melhor instantaneamente.
- Vai ficar tudo bem - Ela diz.
- Tá bem - Digo, enquanto nos afastamos.
- Vamos voltar pra aula, ou podemos perder as viagens do professor Vinícius.
Voltamos para a sala em silêncio, Lexi sabe de meus problemas com a ansiedade, tenho tido algumas crises ultimamente. Talvez eu tenha que fazer terapia.

Ao final da aula caminho em direção a biblioteca pois preciso devolver um livro, Lexi já tinha ido em bora, ela tem muitas responsabilidades sendo a única referência de seu irmão. Tiro o livro Pilares da terra de minha mochila e o coloca em cima da mesa da bibliotecária Tânia, da qual já tive muitas conversas sobre livros e algumas discussões sobre pontos específicos de alguns, nossas opiniões são diferentes, mas ainda assim acato todas as suas recomendações.
- Irá retirar outro? - Ela pergunta
- Sim, vou sim. - Digo, indo em direção a estante de ficção científica.

Verifico os títulos e escolho um específico, vejo uma sombra do outro lado da estante, mas a ignoro, estendo a mão a fim de retirar o livro e quando percebo dois olhos azuis me fitando do outro lado da estante, dou um sorriso, retiro o livro e seguro sua mão recém estendida.

- Você tem uma bom gosto. - Digo, sabendo que onde ele estava se encontravam os livros de suspense.
- Eu sei, adoro Sidney Sheldon, mas você sabe eu prefiro algo mais intimista. - Aperto um pouco sua mão e depois a solto. Vou em direção ao lugar que ele está.
Sinto algo quente surgindo dentro de mim, vejo ele encostado em uma parede afastada da claridade.
Chego perto e dou um selinho em seus lábios.
- Sabia que te encontraria aqui. - Ele diz com uma rouquidão que me deixa louca.
- Que bom, significa que você me conhece. - Digo em um sussurro.
Já tinhamos ficado outras vezes, mas aqui, num ambiente pouco iluminado entre páginas e mais páginas para nos guardar do mundo exterior, é o meu lugar favorito.
Ele me encosta gentilmente na parede e começa a beijar meu pescoço, não fico para trás e ponho minhas mãos dentro de sua jaqueta aberta, para termos todo contato possível. Ele sobe do meu pescoço, passando pela minha mandíbula beija minha bochecha e encontra os meus lábios, deixo a passagem livre para sua língua, enquanto ele enrosca seus dedos no meu cabelo, aquilo me leva as nuvens. Dou um selinho de finalização e ele começa a se afastar.

Pego o livro esquecido, e vou até a mesa de Tânia.

Teu olhar nubladoOnde histórias criam vida. Descubra agora