Teu olhar nublado

Pedido inesperado.

- Eu não vejo como você pode achar o J.R.R Tolwkin melhor do que a J.K Rowling.
- A história é muito bem feita e ambos são fantasia então meus critérios são muito elevados. 
- Sabe o que eu exijo pra decidir qual autor é melhor? Aquele que bota personagens femininas interessantes e bem construídas.
Estou na livraria junto com o Luidi, ele vem querendo ter esse rolê a tempos, depois daqui iremos até o gasômetro.
- A sim, entendo.
Eu dou um leve empurrão nele para que encostasse na parede e coloco uma mão ao lado do seus tronco. E digo num sussurro sedutor.
- Eu vou te emprestar meus livros sobre feminismo, assim você verá como se trata uma mulher.
- Eu não trato minha garota bem o suficiente?
Ele diz se aproximando dos meus lábios me arrancando um beijo, ao final ele me dá uma mordida não tão leve no meu lábio inferior, como finalização. Coro e pego sua mão para continuarmos discutindo sobre livros e nossas opinião divergentes.
- Ah meu Deus. - Digo mais animada do que temia que ficaria.
- O que foi. - Ele pergunta direcionando seu olhar para o livro que me prendeu.
- Essa é a continuação de: A vida compartilhada em uma admirável órbita fechada. O livro quarto pra ser exata. Que lindo.
Ele olha para o livro e anuncia.
- O que você acha de ganhar ele de presente?
Eu o olho quase emocionada.
- Não precisa, sério. Eu tenho minhas economias.
- Eu sempre quis te dar alguma coisa. E essa é a melhor oportunidade. - Olho para ele com uma certa desconfiança, da qual julgo desnecessário.
- Você é incrível. - Digo entrelaçando meus dedos ao redor do seu pescoço dando um beijo leve em seus lábios.
Ele pega o livro e vamos em direção ao caixa.

- Então como foi que você descobriu o amor pelos livros? Luidi pergunta no meio do caminho para nosso destino final.
- Um dia, eu estava no recreio da escola, e ninguém me chamou pra brincar e eu nunca pediria pra brincar com ninguém já que eu tinha uma vergonha absurda, então eu caminhei pelo colégio como sempre fazia quando isso acontecia, eu andava bastante pelo colégio naquela época, então eu me deparei com uma sala com uma prateleira em frente a porta eu vi uma lombada interessante, entre e comecei a olhar tudo, eu tinha assistido o filme da Coraline sabe? Coraline e o mundo secreto. E vi o livro que serviu como inspiração para o filme, eu peguei e comecei a ler. E foi assim que eu descobri o mundo inteiro que me esperava, um mundo de possibilidades. Na verdade, me encantei por aquilo pois eu me sentia relamente feliz e parte de alguma coisa. Maior do que eu de certa forma.
Ele ouvia cada palavra atentamente, isso esquentou meu coração.
- Entendo. - Ele diz dando um sorriso.
- E você, como começou nesse mundo?
- Não é uma história tão inspiradora quanto a sua.
- Ahh para com isso, nada a ver. - Digo dando um mini soco em seu ombro. - Ele ri e começa a história.
- Teve uma noite, eu tinha uns 13 anos, eu virei a noite jogando Assassinas Creed, minha mãe ficou muito brava, meu pai não ligou e o meu irmão ficou preocupado ele sabia no que daria se eu continuasse jogando até tão tarde. Então no dia seguinte ele me apareceu com um livro da Agatha Christie e foi aí que eu me apaixonei por criminologia e suspense. Eu continuo jogando até hoje, mas não tanto.
- Caramba seu irmão deve ser legal, ele foi o único que pensou em algo prático de fato.
- Sim, ele é o meu melhor amigo, eu admiro muito ele.
- E onde ele está agora?
- Ele se mudou com a namorada dele pra São Paulo. Criou uma família e fez uma faculdade. Não nesse ordem mas foi basicamente isso. - Ele diz com um tom de nostalgia e saudade.
Chegamos no gasômetro. E fomos para a pista de skate.
Estava quase na hora do pôr do sol, e o céu tinha um degradê de laranja e rosa.
- Até que não é uma vista ruim. - Digo.
- Tá brincando isso aqui é muito lindo. - Ele diz com um sorriso bambo.
- Você tem razão, é lindo demais.
Ele se aproxima um pouco mais de mim e se inclina chegando perto do meu ouvido e proferindo as seguintes palavras:
- Você quer namorar comigo?
Eu olho pra ele, ele olha no fundo dos meus olhos, ansioso pela resposta. Eu o encaro e abro um sorriso de orelha a orelha.
- Sim. - Ele se levanta e me pega me girando ao redor de seu corpo.
- você aceitou, meu Deus. - Ele parecia extasiado, falava alto devido a animação e eu me aproximo dele e digo.
- Com certeza sim. - Digo gritando, ao mesmo tempo em que o abraço forte e lhe dou um beijo lento, banhado pela luz do sol poente.