Teu olhar nublado

Cordas na ponta dos dedos.

Enquanto passo entre as árvores do local escolhido, tento encontrar Luidi, Lexi está carregando um microfone ao meu lado, ela fez questão de ver minha primeira apresentação em público, ela é a melhor. Encontro ele sentando em um banco da praça, ela é em frente a um shopping e próximo a uma rua boêmia, não é a cidade baixa, claro, não teria coragem para me apresentar lá. Escolhi aquele rua pois me sinto bem nela, tem vários sebos e a cultura pode ser sentida pareando pelo ar.
Ele me avista e dá um sorriso.
- Oii. - Digo dando um beijo no canto de sua boca.
Lexi dá um rápido oi, contei tudo a ela e ela fica relutante sobre isso, ela se preocupa com meus sentimentos e receia que eu saia mal.
- Então, deixei quase tudo pronto. - Ele diz com um sorriso modesto.
- Sim, dá pra perceber. - Digo com gratidão.
- Obrigada por isso.
Finalizo a organização do local, p que não era muito, não foi muito bem planejado, tinha uma caixa de som meu microfone acoplado a ele, meu violão com um amplificador simples. Minhas mãos começam a gelar, meu peito sobe e desce rápido e ouço Lexi dizendo no meu ouvido que consigo fazer isso.
Olho ao meu redor e vejo pessoas passando, apressadas ou tranquilas, a maioria olhava curiosamente para mim, mas logo perdiam o interesse.
Dou o primeiro acorde, e vejo todos desaparecerem diante dos meus olhos, só sigo...
Ao final da música ouço palmas e abro os olhos que a pouco tinha fechado, vejo umas dez pessoas a minha frente e me sinto grata por elas terem parado para me ouvir. Dou um sorriso sincero. Avisto um homem de longe me observando, vejo olhos familiares, um nariz familiar mas não consigo lembrar a quem pertencem, ele está com uma expressão neutra, tranquila. Sinto um beijo em cada buchecha, Lexi e Luidi estão me abraçando, abraço eles também afinal eles são incríveis, só por estarem aqui.

- Você cantou muito, sério. - Ouço Lexi dizer ao meu lado.
- Siiim, eu até gravei. - Olho para ele desconfiada.
- Eu não farei nada que você não permitir. - Ele diz entendendo meu olhar.
- Acho bom - Digo de imediato, confio nele, não sei por quê, mas confio. Caminhamos em direção a minha casa, já que não é distante do local que fiz a apresentação.
- Pra falar a verdade eu tô cansada, foi pura adrenalina, quase não sinto minhas pernas. -
- Você não quer comemorar? - Luidi pergunta.
- Comemorar o que, pelos trinta reais. -
- Quando vai começar a valorizar a si mesma? - O clima começa a ficar tenso.
- Eu sou realista. - Digo meio bruta.
- Você é pessimista, mais do que pes..- Lexi interrompe sua fala entrando no meio de nós.
- Que tal a gente ir no mercado? Hoje tá super quente e vocês precisam esfriar a cabeça. - Ela diz, como sempre conserta tudo antes que dê merda.
Saímos e vamos até o mercado da esquina.

Voltamos para casa com dois potes de sorvete, um d flocos e outro de chocolate.
- Então, que tal um filme. - Digo olhando para meus acompanhantes.
- Pode ser um filme de herói? - Luidi pergunta. Olho para Lexi e ela acena a cabeça afirmativamente.
- Claro. - Digo.
Abro a porta de casa e acomodo as coisas na cozinha pego três colheres e vou em direção a sala, local que Luidi e Lexi se encontravam. Lexi caminha em direção a tv e sintoniza um serviço de streaming.
- A gente pode assistir todos os filmes dos vingadores. - Eu digo, quando chego na sala.
- Sim, são ótimos. Eu gosto de x-man também. - Diz Lexi.
- Podemos assitir da próxima vez que a Vic fizer uma apresentação. - Luidi diz com convicção.
Começo a sentir esquentar não sei por que.
- Engraçadão, talvez isso demorar um pouco pra acontecer, com provas chegando. - Digo olhando para ele com sinismo no olhar.
- Vamos ter que estudar juntos de novo então. - Ele me olha maliciosamente. Fico olhando para ele, para aqueles olhos incríveis que me fazem lembrar de coisas que me deixam embaraçada. Até que eu ouço um telefone tocando. Lexi se levanta e atende.
- Oi, o que foi?
- Tô indo, fica calmo.
Olho para ela com um olhar preocupado.
- O meu pai não foi buscar o Mateus na escola. - Ela diz, antecipando minha pergunta.
- Quer que eu te leve até a escola? - Pergunto, já em levantando.
- Não, claro que não, eu vi o clima de vocês, não tô afim de estragar isso.
Levo ela até a porta, dou um abraço forte e me despeço.