A aula de matemática segue com a mesma dispersão habitual, pessoas falando alto sobre assuntos variados, o barulho ao meu redor se torna mais alto a cada segundo, olho para Lexi que está tendo uma discussão sobre o resultado de uma equação. Verifico o resultado e reforço que ela está certa, faço umas anotações e percebo que minhas mãos estão molhadas de suor.
Que ótimo, outra crise por antecipação, não escrevi nenhuma música nova e isso está me perturbando, talvez seja isso, talvez seja outra paranóia da minha cabeça, se eu não escrever mais nada vou perder o ritmo e minha música vai ficar ruim.
Peço para ir no banheiro e saio da sala, vejo as coisas embaçadas ao meu redor, caminho rápido até o banheiro e ao chegar me tranco em um deles, olho ao redor e sinto um peso em minha cabeça. Prendo a respiração o máximo que consigo e solto tudo em um som rouco. Ponho minha cabeça apoiada em minhas mãos apertando os dedos ao redor das têmporas. O intervalo começou mas continuo na mesma.
Devo ter feito algum ruído alto demais, por que alguém do lado de fora pergunta:
- Você tá bem?
A desconhecida bate na porta, por baixo da porta ela estende uma barrinha de chocolate.
- Você pode se sentir melhor.
Pego a barra e me levanto abrindo a porta.
Vejo uma garota de cabelo roxo já desbotado, e um piercing na sobrancelha esquerda, com fones de ouvidos ao redor do pescoço.
- Obrigada. - Digo me referindo ao chocolate.
- De nada.
Ela dá um sorriso e tira outra barrinha abrindo e dando uma mordida. Eu olho seu ato e repito.
- Qual é o seu nome? - Pergunto.
- Gabie, e o seu? - Ela pergunta.
- Vic.
Ela se escora na parede ao lado da porta e me observa.
- Eu já vi você tocando violão por aí.
Sinto minhas bochechas ruborizarem.
- É, eu já fiz uma mini apresentação, foi legal.
Dou de ombros e jogo a embalagem fora.
- Agora eu tenho uma dívida com você. - Eu digo pondo minha mão embaixo da água gelada.
- Ela pode ser paga se você se cuidar. - Ela diz transmitindo tranquilidade.
Ela me olha de forma sugestiva e pergunta.
- Aí, você pode me passar o seu número, se você quiser conversar.
- Claro. - É o mínimo que posso fazer, ela me ajudou mesmo sem saber quem eu sou, mesmo sem ter visto nem quem eu era.
Tiro a caneta que estava presa no meu coque, meu cabelo caí circulando meu rosto e eu me aproximo dela.
- Me dê a sua mão. - Peço
Ela o faz e eu escrevo meu número com um coração no final.
Ela saí e me viro para seguir para o outro lado.
- Obrigada de novo. - Digo acenando para ela.
- De nada.
Vou em direção a biblioteca encontrar Luidi.
Vejo ele folheando um exemplar de um clássico brasileiro, e dou um sorriso para mim mesma.
- Oii - Digo sentando na cadeira em sua frente.
- Oii. - Ele diz preocupado.
- O que aconteceu? Eu não te encontrei no início do intervalo e nem a Lexi sabia onde você estava. - Ele diz, com um tom preocupado.
- Eu tive uma crise de ansiedade.
Ele franze a sombrancelha e indaga.
- Você podia ter me enviado mensagem, eu ia te encontrar.
- Uma garota em ajudou. - Digo despreocupada.
- Quem?
- Você não conhece.
- Hum. - Ele vira a cara e volta a encarar o livro.
- Ei, você não tá com ciúmes né?
Ele me olha por baixo com a testa franzida.
- Depende.
Dou um sorriso e pergunto.
- Depende do que?
- Ela era bonita?
- É com isso que você tá preocupado. - Pergunto soltando uma risada.
- Com certeza. - Ele diz com um meio sorriso em seus lábios.
- Eu só tenho olhos pra você. - Digo de repente.
Ele se aproxima de mim e me dá um selinho demorado.
- Eu sei.
- Mas ela era uma gata mesmo.
- Aah - Ele diz e nós dois rimos....
- Então o que você quer fazer hoje? - Ele pergunta enquanto voltamos para casa depois da escola.
- Eu preciso estudar, você sabe é muito importante eu ter notas boas agora que estamos no segundo ano.
Ele faz carinho em minha mão com seus dedão entrelaçado ao meu.
- Sim, mas já faz três meses que a gente tá namorando, então acho que seria legal se a gente ficasse um pouco junto. E talvez isso te deixe mais feliz e tranquila pra fazer as coisas.
Ele me olha com um biquinho nos lábios.
Eu paro e dou um beijo na sua boca.
- Pode ser uma boa ideia.
- Vamos pra sua casa?
- Sim, teremos a casa toda pra gente.
Ele segura minha cintura e eu me aproximo. Quando alcanço seus lábios com os meus sinto algo diferente, uma falta de atração um certo descontentamento. Eu interrompo o beijo e me afasto levemente olhando em seus olhos profundos, e agora confusos.
- O que foi? - Ele pergunta em um sussurro, eu me sinto uma idiota por pensar nisso, mas quando me aproximo dele novamente e entrelaço meus dedos em seu cabelo, abro meus olhos levemente e vejo olhos escuros e um pircing sobre sua sombrancelha, o cabelo que estou rodeando era roxo, e ele era a Gabie, comecei a beija-la com uma vontade renovada aproximando nossos corpos até que a imagem de Luidi volta a minha frente. Eu tropeço para longe de seu abraço e fico confusa.
- Desculpa - Digo ao ver seu olhar confuso.
Balanço a cabeça com uma força exagerada. E ele vem em minha direção parando a pouco menos de um metro de mim.
- Eiei, vai ficar tudo bem. - Ele diz se aproximando mais, segurando meus braços com gentileza e fazendo um leve carinho.
- Isso vai passar fica tranquila.
Ele diz me abraçando e massageando de leve minhas costas.
Vamos embora dali com algumas perguntas e nenhuma capacidade da minha parte para respondê-las.
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Teu olhar nublado
ChickLitEssa história segue a vida de uma garota que está descobrindo como viver, com problemas familiares, e envolvimentos amorosos ela se sente confusa sobre algumas coisas. Espero que se interessem é minha primeira história então...