Gulf respirou fundo assim que estacionou seu carro na garagem. Antes de sair, conferiu suas mensagens, antes de pegar sua pasta preta e algumas provas que precisariam de correção. Então saiu do carro, fechando a porta com um baque alto, seus olhos automaticamente se moveram para o piso superior da casa de seu vizinho, a luz estava acessa, e as pesadas cortinas levantadas, mas homem em questão não estava o observando.
O professor a primeiro momento achou estranho que seu vizinho o observasse de vez em quando, mas também entendia que qualquer som estranho chamasse sua atenção. A quem ele queria enganar? Ter Mew o observando de vez em quando, o fazia se sentir menos culpado por também observa-lo. Outro suspiro cansado escapou de seus lábios, antes que ele entrasse para dentro de casa, fechando a porta branca com um baque suave, e trancando-a. O molho de chaves caiu com um estalido dentro do bote de madeira no centro da mesa, e assim outros sons soaram dentro de sua casa, sua pasta sobre a mesa, seus sapatos ao lado da porta, seu relógio de pulso sobre acômoda, seu casaco sobre o sofá, seus óculos na mesinha do lustre, e seu corpo pesado se esticou sobre o sofá. Seus cílios longos descansaram contra a maçã de seu rosto, o cansaço dominou cada fibra de seu ser, tudo que mais desejava era uma noite de sono ininterrupto.
O professor dormiu um pouco, quando despertou estava tarde da noite, mas não poderia fugir de seus afazeres, ele comeu, e então limpou um pouco de sua casa, recolhendo os lixos para levar para fora. Ao se aproximar do muro onde as latas de lixos estavam, ouviu um som abafado que o fez parar no meio do caminho. As respirações abafadas, e os gemidos contidos eram claros aos seus ouvidos, estando tão próximo, até mesmo o aroma era perceptível.
Seu vizinho era um devasso.
Parado diante do portão de sua casa, e com as sacolas de lixo nas mãos, não soube se deveria se mover, ou ficar em silêncio. Seria muito constrangedor que seu vizinho o visse, mas seria ainda pior ficar escutando-o em silêncio. Separados apenas pelas grades dos portões e uma leve curva do muro alto, Gulf não fazia ideia de como a respiração ofegante do homem ao lado poderia afeta-lo ao ponto de toda sua pele se arrepiar.
Sua garganta ficou seca conforme gemidos suaves e roucos começaram a preencher a noite silenciosa, era como se fossem pequenas gotas de chuva contra o telhado, começando aos poucos e baixas, para então se tornar uma tempestade. Por mais que o professor tentasse se decidir, tinha sido pego pelos sons deliciosos de beijos úmidos e profundos, sua racionalidade foi dispersa, e tudo que sobrou foi apenas um jovem de trinta anos que não se relacionava com ninguém a um bom tempo. Uma pequena gota gelada caiu sobre seu nariz, espalhando suas gotículas sobre as lentes de seus óculos, trazendo-o para a realidade novamente. Lentamente se aproximou de sua lata de lixo, o mais silenciosamente possível a abriu e colocou os novos sacos cheios para dentro, e a tampou. Mas o professor não tinha calculado bem o ângulo de onde sua lixeira estava, não pensou muito, seu único desejo era sair desse lugar, antes que começasse a imaginar demais, e seu vizinho pudesse descobrir que o estava vigiando a algum tempo...
Mas não se referindo ao momento atual. A curiosidade deixou seu sangue quente, suas mãos tremeram um pouco, os sons não pararam, e por isso, Gulf se atreveu a olhar naquela direção.
Um erro. Seu vizinho estava pressionado contra o portão, as mãos grandes e bonitas agarrando as grades, a camisa preta que usava tinha seus primeiros botões quase todos abertos, expondo seu peito e os colares que usava no pescoço, uma mexa de seus cabelos escuros caiam sobre seus olhos, mas não o impediam de encara-lo, sem hesitar, ou fazer qualquer gesto, Mew continuava a gemer baixinho, enquanto outro homem explorava seu pescoço, e sua orelha, as mãos atrevidas dentro de sua camisa, apertando e provocando a pele. Gulf continuou observando-os, mas então percebeu o que fazia, fazendo-o se apressar a ir embora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O vizinho ao lado.
FanficGulf é um professor universitário de história, com 30 anos, vive em um bairro importante e seguro em sua cidade, uma casa que ganhou de presente de seus pais. Sua rotina e sua vida são simples, com poucos amigos o professor mante-se focado no desemp...