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Os olhinhos cor de mel me observavam, era como se ela perguntasse para onde íamos. Nem eu sabia a resposta para isso. Estávamos na estrada à quinze minutos, e Vincent não dizia absolutamente nada, permaneceu calado desde que entramos no carro. O silêncio só era quebrado graças a baixa música que tocava no radio de seu carro. Suspirei cansada, o que eu estava fazendo ali afinal? A velocidade do carro passou a diminuir, até estacionar em frente à uma enorme casa. As janelas enormes refletiam a luz da lua, o jardim bem cuidado com diversas flores e plantas. Era um ambiente bonito de se observar, poderia passar horas olhando aquela casa. Vincent me surpreendeu ao abrir a porta do carro para mim, e me ajudar com as coisas de Ella. Nem tudo nele havia se perdido afinal.

- Onde estamos? - Perguntei finalmente adentrarmos a varanda da casa.

Havia um lindo balanço em frente a casa. Vincent pareu excitante por segundos , tirou a chave de seu bolso e destrancou a porta.

- Na minha casa. 

Olhei para ele surpresa, em todos os lugares que pensei que iriamos hoje, sua casa nem me passou em mente. Adentramos o lugar, era ainda mais lindo que o lado de fora. A decoração era completa em preto e branco, era como assistir um filme antigo pela televisão. O enorme tapete em frente do sofá em V, continha nosso janta: sushi, e duas taças de vinho. Algumas velas estavam distribuídas pelo ambiente inteiro.

- Não podemos sair por conta da criança, mas ainda precisamos ser vistos juntos. - Suas mãos pararam em sua calça jeans azul passou rapidamente a mão por ali. Ele estava nervoso.

- Certo.

Me sentei no tapete juntamente com ele, Ella estava em meu colo. O ambiente era romântico demais para nós, ao menos para mim. Não estava acostumada a ficar em ambientes assim, principalmente com Vincent Hacker.

- Ela é uma boa mistura de Jake e Audrey.

- Sim, ela é.

Sua tia e eu ficamos naquele escritório por horas, até seu pai e Vincent entrar lá. Seu pai estava preocupado com Nailea ( os dois tinham uma amizade incrível, e te garanto que sua tia te contará aventuras incríveis entre os dois), segundo ele um cara havia entrado na sua roda de amigos e se gabando por ter tirado a vingirdade de uma das garotas de lá. Jake quis garantir que não era sua tia mas não encontrava ela em lado algum, foi quando pediu ajuda para Vincent. Ambos pararam lá em poucos minutos de busca, Nailea chorou no ombro de seu pai e contou o que havia acontecido. Nunca mais vi Jake tão nervoso quanto aquele dia, me lembro do dois rapazes saírem do escritório bufando ( se estivéssemos em um desenho animado, sairia fumaça de suas cabeças), uma confusão se início depois. Fiquei ao lado de Nailea o tempo todo, Jake e Vincent iniciaram uma briga com o rapaz nunca soube o final daquele dia, tirei sua tia de lá e a levei para casa. Nailea estava despedaçada, eu só queria abraça-la e dizer que tudo ficaria bem mas não fazia ideia de como ela se sentia, muito menos se ficaria tudo bem. Acabei ficando em sua casa até o outro dia, passamos a noite em claro, quando ela não estava chorando nós conversamos. Foi naquele momento que nossa amizade nasceu.

- Como você está? - Vincent pergunto. - Digo, em relação a morte de Audrey e sua nova responsabilidade agora.

- Estou lidando bem até, você não apareceu no velório dela.

- Já foi difícil demais enterrar Jake.

Quis gritar com ele, perguntar se ele achava fácil para mim, "eu enterrei meus dois melhores amigos e tive que aguentar firme" desejei gritar, mas me contive, não valia a pena iniciar uma briga naquele momento.

- Pensei em te procurar depois de saber sobre a morte de Audrey, porém não sabia o que dizer

Passei toda minha atenção para Ella, se prestasse atenção em Vincent eu provavelmente o bateria. Arrumei a presilha que segurava os seus poucos fios loiros, naquele momento parecia a coisa mais legal do mundo.

- Sabia que Audrey estava grávida, e consequentemente a bebê ficaria comigo e mesmo assim quis anúnciar em rede nacional que estava namorando comigo.

- Não sabia que a guarda ficaria com você, para mim ela iria para os Bross.

- Claro, por quê os pais de Audrey iriam querer ficar com Ella os lembrando que perderam a filha que tanto amavam.

- As pessoas superam isso

- Eles não superaram nem a morte de Jake, e ele nem filho deles era, pelo amor Vincent.

- Você superou isso eles também poderiam

E novamente minha mente me pedia para gritar com ele, como poderia dizer algo tão convicto sem ter certeza de nada? Eu não o reconhecia mais, esse realmente não era o mesmo Vincent Hacker que eu conheci a anos atrás. Sua aparência poderia ser a mesma, porém seus pensamentos e atitudes mostravam que ele havia mudado, e infelizmente, para pior.

Passei a acompanhar sua tia todos os dias para a escola, descobrimos diversas coisas em comum. Aos poucos íamos nos abrindo mais e mais, minhas brigas com Edward se tornaram mais frequentes o que sempre me levava a ir para casa de Nailea, geralmente passava a noite na casa dela, me lamentando. Em uma das brigas com Edward fui para a casa de Nailea, e seu pai estava lá juntamente com ela e Vincent, estavam tentando a "noite D" ( noite de diversão, passavam a noite jogando ou então bebendo). Acabei me juntando a eles, contei todos os meus problemas com Edward, e em troca eles me encheram de bebidas, claro que no dia seguinte os três me mandaram mensagem com alguns conselhos mas naquela noite a gente bebeu, e ali nasceu o nosso quarteto. Passamos a nós encontrar pela escola, almoçamos juntos e passamos a sair juntos também. Sua tia e eu passamos a ir em todos os jogos que eles tinham, e depois de lá íamos para um lanchonete, cada dia uma diferente da outra, nunca repetiamos o lugar. Criamos um vínculo maravilhoso más que acabou em nossa formatura.

O silêncio da sala estava me incomodando, não aguentava mais estar ali, preferia mil vezes o silêncio do meu apartamento. Vincent havia tirado diversas fotos do nosso jantar, e algumas minha, sabia que logo menos tudo estaria em suas redes sociais.
Ella no so sofá, era tão pequena que chegava a desaparecer no móvel. Sorri enquanto admirava a pequena criança. Queria que os pais dela tivessem a chance de vê-la ao menos uma vez, ficariam felizes e apaixonados pela menininha.

- Você está fazendo um trabalho maravilhoso com ela.

Olhei para Vincent, que me mostrava a tela de seu celular, nele havia uma foto recém tirada minha observando Ella dormir. Sorri, era uma bela foto.

- Não temos uma conversa civilizada a anos, por isso não falei com você, senti medo que gritasse em meu rosto. - Suspirou. - Eu estava lá, afastado de você e do resto mas estava lá. Quando foi que nos afastamos tanto? Éramos todos unidos e depois se tornou cada um por si.

- Eu não sei.

A formatura é um março importante, você fecha um ciclo e inícia outro. Todos estavam animados para o grande dia mas nós não, sabíamos que aquilo nos afastaria e não estávamos prontos para aquilo ainda. Infelizmente chegou mais rápido do que esperávamos, a carta das faculdades já ocupava espaço em nossos quartos. Cada um iria para um canto do país, manter um amizade pareceu impossível para todos nós. Vincent Hacker foi o primeiro a ir embora, ele se afastou completamente de nós ( ao menos de Nailea e eu), depois seu pai se foi. E então só sobrava Nailea e eu, não queria deixá-la e ela também não. Conseguimos ser aceitas na mesma faculdade, sua tia cursou moda e eu comecei enfermagem mas acabei mudando para psicologia. Compramos um pequeno apartamento no centro da cidade, e desde então se tornou nós duas contra o mundo.




De Repente Mãe| 𝙑𝙖𝙞𝙡𝙚𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora