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Esperar estava me matando.

A audiência sobre a adoção de Ella, estava acontecendo naquele momento. Infelizmente não pude comparecer, Spencer me garantiu que não havia necessidade.

Ella estava dois andares abaixo do meu, junto com Jess. O pessoal estava levando a sério o "operação babá", íamos terminar a semana sem que os Hackers percebessem da existência de um bebê no prédio. Ao menos era o que acreditávamos, já que os dois não falaram nada sobre o assunto.

Chequei novamente meu celular, e como antes não havia nada. Spencer me prometeu que ligaria assim que terminasse, mas e se ele tivesse esquecido? E se precisou fazer algo mais importante? Quis jogar o trabalho para o ar e ir até o tribunal, precisava saber o que havia sido decidido. Necessitava de uma resposta.

- Se continuar estressada desse jeito, não chegará aos trinta.

Revirei os olhos, ele poderia ser mais educado e bater na porta antes de entrar? Iremos esquecer por segundos que ele é dono desse prédio e que tem direito aí lugar todo.

- O que você quer Vincent?

- Uau agora sou apenas Vincent?

Tudo oque eu precisava, Vincent Hacker me infernizando. Desejei tê-lo visto antes de adentrar em minha sala, assim poderia ter trancado a porta.

- Irá me contar o que está fazendo você solta fumaça pelos ouvidos?

- não estou soltando fumaça pelos ouvidos.

- Está parecendo.- Respirei fundo. Céus, né dê paciência antes que eu cometa um homicídio.

- A audiência é hoje

E está nervosa por qual motivo? - Olhei para ele como se a resposta fosse obvia, e definitivamente era.

- Pelo visto ainda não sabe.

- Não sei o que? - Ele sorriu.

- Parabéns Nailea Devora, você é oficialmente mãe de Ella.

Olhei-o surpresa, ele estava brincando certo? Quais as chances de ele saber algo antes de mim? Ok, eram muitas.

- Não brinque com isso Vincent.

- Não estou. - Seu tom calmo me fez sorrir. – Vim te parabenizar.

- Como soube?

- Tenho meus contatos.

- Vinnie. - Ele sorriu.

- Parabéns mamãe.

O rapaz se retirou da sala, sem ao menos me explicar como descobriu primeiro. Segundos depois meu celular tocou, era Spencer. Que Vincent não tenha mentido.

- Nai, está sentada?

- Sim, o que aconteceu?

- Você conseguiu, é oficialmente mãe de Ella.

Olhei para a porta do elevador no fim do corredor que se fechava, Vinnie sorria diretamente para mim. Não gostava nenhum pouco do modo como pessoas ricas como os Hackers ganhavam tudo que queriam, mas naquele momento não me importei. Sabia que havia dedo de Vinnie naquele processo, ele não me deixaria perder Ella, mesmo que para isso tivesse que gastar milhões.

- Temos que comemorar.- A voz de Spencer me trouxe novamente para a realidade.

- Claro nos vamos comemorar, agora preciso ir, nos falamos mais tarde Spencer.

Encerrei a ligação. Precisava ver Ella, minha filha. Apenas o peso dessa palavra me fez sorrir. Eu era mãe agora, não do jeito que planejei, mas era, e não podia estar mais feliz.

Ao chegar na sala de Jess encontrei o lugar Fazio, chequei o grupo de mensagens que tínhamos, ainda era horário dela, não havia nada ali além de um bilhete:

Jess está em reunião coração.

Geleia. O apelido já o entregava.

Como pude ser tão ingênua em pensar que os Hackers não saberiam o que se passa na própria empresa. Me dirigi de volta para o elevador, indo diretamente para o penúltimo andar do prédio. Não precisei de muito para saber que o cretino estava com minha filha. A risada dela preenchia todo o ambiente. Adentrei na sua enorme sala, ambos estavam sobre o sofá. Ella ria enquanto Vincent lhe fazia cosquinha.

- O quanto ganho se te processar por sequestro?

- Olha só La, sua mãe está aqui.

- La?

- Sim, melhor do que chamá-ladr Ella.

- É o nome dela Vinnie.

- Desde quando sabe?

- Primeiro dia.

- Por que não falou nada logo de cara?

- Queria ver o que faria com ela, apenas isso.

- Certo, onde está a carta de demissão?

- O que te faz pensar que eu a demitiria?

- Escondi algo dos meus chefes, e esse algo é um bebê, que pode muito bem manchar a imagem da empresa.

- São bons motivos coração, mas ainda assim não seria capaz de demiti-la, afinal quem me desafiaria em uma reunião.

- Você é o chefe, todos iram abaixar a cabeça, não querem perder o emprego.

- Mas você não.

- Não sou eles.

- Eu sei coração.

- Poderia devolver minha filha?

- Não.

- Vincent!

- Deixa de ser chata Devora, todos nessa empresa já passaram um tempo com ela, agora é minha vez.

- Não.

Vincent me ignorou, voltando toda atenção para Ella.

- Terá tempo suficiente para brincar com seu filho quando ele nascer, agora devolva Ella.

- Filho?

- Débora, gravidez.- Lhe encarei com tédio.

- Ah, isso

- Pensei que estivesse feliz, será papai.

- O filho não é meu, coração.

- O que? Mas...

- Eu sei, foi noticiado pelo mundo inteiro que serei pai do filho de Débora, mas não serei, não é meu.

- E como tem tanta certeza disso?

- Simples, mão transei com ela desde que terminamos a meses atrás.

- E por quê aceitou tudo isso? Você foi na minha casa pedir perdão Vincent.

- Minutos de fama, e para sua próxima coleção.

- Próxima coleção? Vincent, eu não tenho outra coleção.

- Vi seu caderno de desenho, as roupinhas e acessórios de bebê.

- São apenas esboços.

- Que logo mais terão seu nome, e estarão em todas as lojas infantis.

- Vinnie...

- Sei que deveria ter contado antes, mas você me conhece, sabe que amo um holofote.

- Então Débora não está...

- Está, mas não de mim.

Olhei para ele, tentando entender assimilar tudo o que ocorreu recentemente.

- Deveria seguir carreira de cantor, se daria bem no ramo.

Ele riu. Me sentei ao seu lado no pequeno sofá de sua sala. Acariciei as enormes bochechas de Ella. Pensei em Vinnie, e em como estaria feliz pela minha recém conquista. Agora Ella era completamente minha. Minha eterna lembrança de meus melhores amigos, estaria ali comigo, para sempre em meus braços.






De Repente Mãe| 𝙑𝙖𝙞𝙡𝙚𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora