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Voltar para cara não havia sido uma tarefa difícil, mas expulsar o trio havia. Charli me ligava de hora em hora na intenção de saber como eu estava, aquilo era irritante em certo ponto.
O tom laranja do por do sol tomou conta da sala, estava feliz com o final daquele dia. Amanhã seria diferente, um novo dia, novas chances. Me sentei próxima a janela, a fim de aproveitar todo aquele momento. A quanto tempo eu não fazia aquilo afinal? Permaneci ali até a lua ter tomado o lugar do sol.

Ella dormia calmamente em seu carrinho, próximo ao sofá. Poderíamos passar o resto da noite ali, não era o lugar mais confortável da casa, no entanto, aquele momento, me trazia a paz que eu necessitava. Não sei ao certo quanto tempo passei olhando para a cidade e o céu, mas, diversas casas já se encontravam apagadas. Poucas pessoas ainda caminhavam pela rua, passei a imaginar o que faziam ali. Aproveitavam a bela noite? Ou talvez apenas estivessem voltando do trabalho.

O toque incessante do celular despertou Ella. Maldita seja a pessoa que me ligava. Busquei pelo aparelho, um pouco raivosa. Não seria Charli, ela iria trabalhar aquela noite, não havia motivos para continuar me ligando. Para minha surpresa o nome 'Senhor Hacker' tomava conta da tela. Atendi rapidamente, para ele me ligar algo ruim havia acontecido.

- Boa noite senhorita Devora, me perdoe ligar tão tarde.

- Tudo bem senhor Hacker, aconteceu algo?

- Nada a se preocupar, apenas ressaltar meu e-mail.

   E-mail que E-mail??

- Desculpa senhor, e-mail?- Uma breve risada foi ouvida por mim do outro lado da linha. Céus, ele estava rindo? Pensei que fosse quase impossível isso ocorrer.

- Mandei um para a senhorita, porém não obtive resposta.

- Ah... Desculpa Senhor Hacker, fiquei tão feliz pelo desfile que esqueci de checar.- Não era totalmente mentira

- Tudo bem senhorita Devora, nos vemos amanhã certo?

- Certo...? - Respondi incerta. Por sorte Senhor Hacker apenas desligou.

- Com fome pequena? - Me aproximei da bebê, tomando a mesma em meus braços. A cozinha estava uma bagunça, tudo graças ao trio. Revirei os olhos, não achamava nada que eu precisava, porque tinham que mudar tudo de lugar? - Aonde está sua mamadeira Ella? Seus tios a própria bagunça em pessoa.

A bebê parecia nem notar que eu falava, estava mais focada na alça de minha blusa. Revirei rapidamente a louça, não havia nada ali. Os armários estavam parcialmente vazios, boa parte estava na pia. Ótima mãe eu era, não sabia nem aonde estava as mamadeiras de Ella. Os leves resmungos da Bebê se tornaram constantes, sabia que logo menos aquilo acarretaria um belo choro. Revirei toda a cozinha, mas não obtive sucesso algum. Pensei em ligar para Charli, porém ela deveria está ocupada naquele momento. Não iria atrapalhar o sono de Spencer, sabia que ele tinha um longo dia pela manhã, já Chase, bom... Não fazia ideia do que fazia ou o que faria no dia seguinte. Liguei para o rapaz. Três tentativas, zero sucesso.

Ella me olhava, uma leve súplica estava ali. Suspirei cansada. Liguei para a única pessoa que poderia me ajudar naquele momento: Vincent. O quarto toque da chamada me fez perder a esperança, ele deveria estar ocupado.

- Nailea...?- Seu tom de voz sonolento tomou conta da cozinha do meu apartamento. Céus, eu o acordei. Olhei desesperada para o relógio: vinte e três horas. Me arrependi rapidamente por tê-lo acordado.

- Desculpa Vincent, não queria te acordar. - Disse por fim. Já havia acordado o rapaz, teria ao menos que lê explica o motivo.

- Aconteceu algo?

Ouvi um barulho no qual não indentificar com clareza o que era. Talvez fosse ele se sentando na cama ou talvez alguém sentando ao seu lado. E se Débora estivesse com ele? Porque eu nunca penso direito antes de fazer algo.

- Não, não aconteceu nada, desculpa por ter te acordado Vincent. - O resmungo de Ella se tornou choro. Eu estava perdida naquele momento.

- Nailea o está acontecendo? Por que Ella está chorando?

- Está tudo bem Vin... Senhor Hacker, me perdoe por ter atrapalhado sua noite de sonho, não se repetirá.

Desliguei rapidamente antes que o rapaz pudesse me responder. Minha relação com Vincent era coisa do passado, atualmente ele era meu superior. Aonde eu estava com a cabeça?
Ella chorava em meu colo. Pensei que fazer seu leite em um copo porém não havia mais leite. O que eu faria agora? Como pude ser tão distraída assim. Passei a chorar juntamente com Ella. Precisava sair pra comprar suas coisas, apesar da hora.

Fui atrás de um casaco, vestindo o primeiro que encontrei. Enrolei Ella em uma coberta, peguei minha carteira e sai do apartamento. Tentei acalmar Ella com a chupeta, o que não adiantou muito. Assim que entramos no elevador ela passou a chorar ainda mais alto, torci para que nenhum vizinho acordasse com seu choro, ou que reclamasse. Assim que me retirei do elevador, o porteiro me olhou. Não consegui compreender seu olhar, mas naquele momento nada me importava além de um mercado.

Com os pés já fora do prédio me dei conta que não havia pegado meu celular, não poderia chamar um Uber, e táxi naquela rua era algo impossível. Ótimo, teria que ir andando. Não poderia voltar para dentro, Ella acordaria o prédio inteiro.

Tentei ficar no caminho que fazia, porém com Ella berrando em minha orelha estava sendo impossível. Nunca desejei tanto que minha mãe estivesse ali para acalmá-la. Não tinha mais contato com meus pais a anos, entretanto, queria que estivessem ali, eles saberiam o que fazer com Ella.

Suspirei cansada. As poucas pessoas que passavam na rua, olhavam para nós. Não sabia fazê-la parar, e não sei bem quando eu passei a chorar também. Desejei me sentar no meio da rua e gritar. Gritar para Audrey voltar. Eu não dava conta, não conseguia fazer aquilo sozinha.

Congelei ao ver um carro passando ao nosso lado, eu não consegui ver quem estava dentro. É agora que eu morro? Deus, por favor, eu pedi para trazer a Audrey, não me levar até ela. Tentei apressar o passo, mas percebi depois que seria inútil, seria minhas pernas- Nada atléticas- com uma bebê no colo contra uma pessoa de carro, porém o que custa tentar?

Como uma luz no final do túnel, vi uma pequena farmácia aberta na esquina. Estava perto, talvez eu conseguisse.
Me coloquei a correr, Ella se assustou com a mudança repentina. Quis rir de seus olhinhos arregalados, porém o momento não era propício, meu foco tinha que estar totalmente em minhas pernas. Nunca fui de realizar exercício, e naquele momento estava repensando minhas atitudes, se saísse bem, começaria uma academia rapidamente. Não sei como ou quanto consegui chegar na farmácia, mas eu havia chegado. Meu fôlego não era dos melhores, muito menos minha aparência, porém ali eu estava a salvo, certo?

Consegui comprar o leite de Ella, e duas mamadeiras. Aparentemente a bebê entendeu o que fazíamos já que cessou o choro. Após pagar me preocupei, e se a pessoa ainda estivesse ali? E se esperasse que eu saísse para fazer algo ruim comigo e Ella? O medo dominava meu corpo, entretanto não havia muito o que se fazer, precisava voltar para casa de algum jeito. Me agarrei mais em Ella. Respirei fundo e sai da farmácia. Provavelmente todas as cores do meu rosto sumiram naquele momento, lá estava o carro. Estacionado em frente a farmácia. Aquela seria a minha morte? Sério mesmo deus?

- Eu te amo Ella.- Sussurro para a pequena em meus braços.

A porta do carro de abriu. Não conseguia ver o rosto da pessoa, mas tinha um porte físico bom. Maravilha, não teria nem chance de correr, eu poderia tentar, no entanto, seria alcançada rapidamente. Sem olhar para a pessoa passei a andar rapidamente, mas parei ao ter a cintura puxada. Geleia da cabeça aos pés.

Deus sabe Ella. Foi a única coisa passei a suplicar.

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Obrigada pelas 300 visualizações. ♥️

De Repente Mãe| 𝙑𝙖𝙞𝙡𝙚𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora