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Respirei fundo ao sair do elevador. Jessie havia me convencido a ir ver meu pai, eu estava contente em fazer isso? Não. Eu queria fazer isso? Não. Desejei com todas minhas forças que minha mãe não estivesse junto a ele, algo que era completamente impossível, eles quase nunca ficavam longes um do outro. Me contive na porta. Minha mãe dormia no ombro dele, seu sono parecia conturbado, e naquela posição que estava soube que ficaria com uma dor insuportável depois, mas suas mãos estavam unidas. Me encostei no batente da porta, apenas observando o casal. Eles não haviam mudado quase nada, apenas os cabelos de meu pai, que agora se encontram totalmente brancos e minha mãe com um pouco mais de rugas em seu rosto, mas ainda pareciam os mesmos. Pensei em me retirar dali, era o momento deles, porém meu pai me viu. Abriu um sorriso ao entrar meus olhos, me chamando com um leve balançar de cabeça, no qual não consegui negar.

- Oi. -Disse após um longo silêncio.

-Oi. - Sorriu. - Você está linda.

-Obrigada, adorei o cabelo. - Ele deu uma leve risada.

- Sua mãe não muito. - Sorri. Eles não haviam mudado nada. - Como você está?

-Estou bem, e vocês?

-Também, e como vai Audrey?

Travei por instantes. Certo, como contaria que minha melhor amiga

estava morta e que agora eu era mãe da filha dela, ou melhor, como eu contaria que a bebé era filha de Jake que já está morto a dois anos e meio? Ah, e ainda tinha o lance com Audrey.

-Bom - Respirei fundo - Audrey morreu

-Vou e eu sinto muito. -Sua mão tocou a minha, fazendo um breve carinho - Eu não fazia ideia

- Tudo bem.- Sorri - Ela teve uma filha

- Nossa, deve estar sendo difícil para os Coopers

- Na verdade...

Fiz uma pausa, procurava a palavra certa, mas nada que vinha parecia bom o bastante. Donald me encarava, esperando que terminasse

-A bebê está comigo, tecnicamente eu... Eu sou a mãe de Ella.

Seu queixo calu um pouco, seus olhos se encheram de lagrimas. Certo, esse não era o reencontro que havia planejado, para ser sincera, eu nunca havia planejado um reencontro com eles.

-Vo-Você é mãe.

-Bom, perante a justiça sim, eu sou mãe. - Ele sorriu.

-Quantos anos ela tem?

-Seis meses.- Sorri.

-Tem uma foto dela?

A felicidade estava estampada em nossos rostos. Busquei em meu celular, uma foto de Ella. Mostrei para ela a primeira que achei: Ella inteiramente lambuzada de papinha e eu ao seu lado, totalmente brava.

Spencer havia tirado aquela foto, me deixando totalmente irritada com aquilo.

- Ela é perfeita.

- Sim ela é.

- E como está seu trabalho?

- Muito bem, eu tenho uma coleção de roupas no meu nome, bem... no nome do senhor. - Ele sorriu orgulhoso.

- Ainda está na Hacker's?

- Sim

- Creio que algo te prenderá lá por muitos anos ainda.

De Repente Mãe| 𝙑𝙖𝙞𝙡𝙚𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora