De Repente Mãe| 𝙑𝙖𝙞𝙡𝙚𝙖

14

Quando cheguei em casa, eu ainda tremia. Meu sonho havia sido realizado, e eu estava explodindo de felicidade. O sorriso em meu rosto era algo que não desaparecia.

- Pizza para comemorar? - Chase sugeriu.

- Se você pagar. - O rapaz revirou os olhos. Fazendo Charli rir.

Enquanto os irmãos Leigh entravam em uma discussão sobre o sabor da pizza, comecei a me sentir vazia. Era como estar ali, mas ainda assim não, em instantes me senti perdida.

Não é que não amasse a companhia de Charli e Chase, eu os amava, e muito. Mas meu desejo era estar com quem não poderia estar nunca mais. Queria poder abraçar Audrey e Jack, e dizer "eu consegui". Mas eles não estavam mais ali, apesar de ter Ella comigo, não era o suficiente. Spencer chegou minutos depois que a pizza. O trio conversava alegremente, tentei participar, porém minha cabeça estava em outro lugar. Aproveitei que todos estavam distraídos, e sai do apartamento com Ella no colo. Não demoraria muito para voltar, apenas precisava respirar um pouco.

A caminhada até o parque nunca havia me parecido tão rápida como hoje. Ella olhava ao redor, admirada com toda aquela paisagem, só então me dei conta que aquela era a primeira vez na qual a bebê saia de casa sem ser em um carro. O parque não estava cheio, porém, preferi ir para o cantinho que anos atrás pertenceu a Audrey e Jack. Para minha surpresa já havia algum lá. Ele estava de costa para nós, ainda não havia notado que tinha companhia, e eu, particularmente preferia assim. A bebê em meu colo resmungou, nos fazendo ser descobertas

- Pensei que estaria comemorando com seus amigos.

- Eu estava.

- Então o que faz aqui?

- Eu não sei.

Me sentei no banco embaixo das arvores. Os olhinhos de Ella brilhavam com tantas novidades, aquele momento fez o sentimento de culpa nascer em mim. Eu havia privado a de conhecer o mundo fora do apartamento por conta de Vincent e toda a mídia que poderia cair sobre
nós fazendo as coisas erradas e que claramente me deixaria com peso na consciência daqui alguns anos.

- Me senti perdida. - Confessei. - Estavam todos lá, felizes e comemorando minha conquista... Eu me senti uma intrusa no momento, apesar de ser para mim.

- Imaginei.

- O que você faz aqui?

- Precisava respirar, Evangeline está acabando com a minha paciência.

- O que ela quê?

- Que eu me case com Débora.

- E você irá?

- Não sei, provavelmente que não

- Pensei que gostasse dela.

Vincent revirou os olhos , se sentando ao meu lado. Aquele pequeno gesto do rapaz, me mostrou que o assunto de Evangeline e Débora estava fora da pauta naquela noite.

- Oi pequena- Suas grandes mãos fizeram Ella parecer menor do que realmente era.- Senti falta de você

Enquanto o rapaz falava, Ella sorria para ele, era como uma forma de mostrar para nós que ela estava entendendo, ao menos era como eu interpretava. Gostava de pensar que a bebê me entendia, porque assim, eu não me sentia tão só no pequeno apartamento.

- Obrigada.

- Pelo o que?

- Por tudo.

Nossos olhares se encontraram. Havia tantos segredos memorias, mágoas, uma paixão que ainda queimava em nosso peito. Vicent foi o primeiro a desviar o olhar, oque me fez suspirar.

- Melhor eu ir. - Assenti em silencio. Enquanto observava o rapaz se afastar, o vazio voltou em mim.

Ella passou a reclamar em meu colo, sabia que estava com fome. Estávamos a tempo demais fora de casa. Antes de voltarmos, parei próximo a arvore com nossas iniciais. Eu daria tudo para tê-los comigo novamente.