Efeito Contrário

O5

✦ Capítulo O5 ✦
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Nossa brincadeira chegou ao fim, quando o mesmo saiu correndo da piscina com pressa e pôs as mãos na barriga, enquanto vomitava no gramado por conta da bebida. Sem vontade alguma, fui obrigado a lhe ajudar dando apoio para que chegasse até seu quarto no segundo andar.
A festa parecia ter saído completamente do controle e havia diversas pessoas dentro da residência, a tornando ainda mais bagunçada, além de ambos estarmos encharcados e todo o chão de nossa trajetória se encontrar molhado.

— Isso não teria acontecido se você tivesse bebido comigo — Ele reclamou franzindo suas sobrancelhas, e me fazendo revirar os olhos. Jeno era o dobro do meu tamanho e tinha muito mais corpo do que eu, então, estava sendo difícil carregá-lo e seria pior ainda se não calasse a boca. 

— Ninguém mandou você beber toda aquele garrafa, seu idiota — Jeno apontou para a porta da direita do corredor, e me virei abrindo a mesma com meu pé, estando visivelmente irritado e muito cansado. 

— Não briga comigo.. — Quando o moreno se tornou tão manhoso?! 

Suspirei soltando seu corpo com desdém na cama coberta pelo edredom acinzentado, ele me encarava sorrindo travesso e acompanhei seu olhar que se encontrava na minha bunda, marcada pela calça molhada. Lhe acertei um tapa no ombro e o mesmo virou o rosto pondo a mão no local, sem sequer disfarçar aquele sorriso malicioso. Jeno se levantou antes que pudesse dar um soco em seu rosto, indo cambaleando até seu banheiro, e não demorou para que pudesse escutar o chuveiro sendo ligado e suas gotas atingindo o chão. 

Durante sua ausência, comecei a olhar seu quarto que estava muito organizado, apesar dele ter esbarrado em algumas decorações da prateleira de madeira. Ao lado de sua cama tinha uma janela que era possível ver o jardim juntamente a piscina, a parede de sua escrivaninha tinha pôsteres de famosos jogadores de basquete e também algumas bandas. 

Um quadro azul chamou minha atenção, eu lembrava do rosto daquela mulher de cabelos curtinhos e olhos escuros como duas jabuticabas, eu havia visto uma fotografia dela quando entrei na casa. Nesta foto ela segurava um bebê gordinho, que sorria apresentando seus únicos dentinhos, os olhos assim como os dela, se curvaram em lindos riscos. Eles pareciam felizes, a de cabelos escuros principalmente, creio que ela fosse a mãe do Jeno.
A mesma havia falecido durante um acidente de carro quando estava a caminho do trabalho, lembro de ter vindo visitar a família dele com rosas brancas, mesmo não sendo amigos, eu queria dar as condolências do jeito correto, mas naquele dia só recebi grosserias vindas do moreno.

Havia outra foto ao lado desta numa moldura vermelha como um coração, ela parecia mais recente do que a anterior. O moreno fazia uma careta mostrando a língua e tendo os olhos vesgos. Enquanto a de cabelos curtos, usava um vestido florido que deixava seus ombros expostos, ela sorria com os olhos arregalados e fazia dois chifrinhos na cabeça de Jeno.

A semelhança era perceptível, ele havia puxado mais os traços dela e principalmente os seus olhos. Sou trazido de volta a realidade quando ouço um estrondo indicando que algo havia caído, fui apressadamente até a porta do banheiro, batendo na mesma praticamente em pânico. 

— Jeno?! — Não obtive nenhuma resposta, tentei abrir a porta, mas ela estava trancada por dentro — Eu juro que te mato, se estiver brincando comigo — Gritei batendo várias vezes na mesma, começando a me sentir angustiado pelo moreno não responder.
Respirei fundo tentando acalmar meus batimentos desesperados, e dizendo nitidamente num sussurro o feitiço para virar sua chave, escutando um barulho soar através da tranca, e finalmente abrir a porta que rangeu pela falta de óleo em suas dobradiças.