Efeito Contrário

18

✦ Capítulo 18 ✦
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O recém chegado manteve sua atenção dividida entre mim e Guang, que sorria de orelha a orelha pela presença do próprio ao brincar com as cordinhas presas no moletom esverdeado. Jeno não sabia disfarçar o desconforto misturado do ciúmes bobo, fazendo sons com a boca por cada palavra ouvida e mordiscando o canto de sua bochecha para evitar dizer coisas proibidas num local infantil. 

— Ele te chantageou com o que dessa vez?! — Yukhei disse usando um tom descontraído e ligeiramente provocativo, que fez os olhos semicerrados do moreno se fixarem na silhueta esguia. 

— Você sabe que se fosse uma chantagem, ela seria obra minha — Respondi na mesma entonação, apesar da situação ser o oposto do que afirmava. 

— Claro que seria, docinho — O moreno tombou sua cabeça ao sorrir largamente, curvando pouco seus olhos grandes e gentis. Mesmo que não estivesse achando o apelido tão horrível — como quando era chamado de coisinha —, não pude evitar de arquear as sobrancelhas e franzir os lábios ouvindo a maneira que se referiu a mim. 

— O que você disse? — Jeno havia desistido de manter-se em silêncio, apenas observando vagamente nosso diálogo e, sendo a gota d'água o apelido íntimo que fora direcionado ao garoto que "gostava". 

— Depende, o que você não ouviu? — Yukhei colocou a mão abaixo do queixo pensativo. 

— Você é bastante tedioso, eu diria, tudo! — Afirmou com um sorriso forçado que se desfez em poucos segundos — Até você dizer essa última palavra e, não sabe como ela mudou meu humor — Jeno ironizou com a expressão exclusivamente feita para o outro, que pouco se importava em estar sendo odiado. 

— Quer dizer, docinho?! — Ele desviou seu olhar na minha direção — Poderia chamá-lo assim por bastante tempo, como pode ter um rostinho tão adorável? — Antes que suas mãos chegassem próximo do meu rosto congelado, a voz grossa e ríspida do moreno ecoou, trazendo-me novamente a realidade onde tinha que lidar com essas situações desde que a poção falhou. 

— Docinho?! — Jeno disse rindo soprado, cruzando seus braços e erguendo o olhar mortal e desacreditado. Obtendo a atenção do esverdeado, que tão pouco se preocupava com sua presença — Acho melhor começar a pensar bem, antes de sair dizendo idiotices ao namorado dos outros — Ele se pôs a minha frente com o peitoral inflado e o rosto avermelhado, pela irritação. 

— Namorado?! — Yukhei riu anasalado — Em que realidade o Renjun, aceitaria namorar um briguento como você?! — E havia sido nessa hora que tive uma premonição, certamente acabaria com todos nós sendo expulsos por má conduta em frente às crianças. 

Assim, acabei tendo que intervir entrando no meio de ambos. Jeno estava prestes a pôr suas mãos no garoto de cabelos úmidos e, semblante debochado que lhe provocava mais do que mínimas palavras. 

— As pessoas estão começando a olhar e sua irmã também — Ele franziu o cenho, desviando o olhar para a pequena de fios lisos e olhos redondos repletos de curiosidade. Jeno se afastou dando passos até retornar a sua posição anterior, respirando fundo e pondo as mãos sobre os ombros da menor.

— Eu sei que vocês se detestam, mas por favor, me deixem fora disso — Ergui meu olhar ao que tinha a feição zombeteira — Não quero ser usado como ponto fraco de ninguém, ainda mais se for por provocações fúteis — Os lábios do mesmo se entre abriram pelas palavras secas direcionadas a si.

— Renjun, eu-

— Jihye, acho que tem um enorme balde de pipoca doce te esperando.. — A garotinha nem esperou que terminasse a frase e, entrelaçou nossas mãos prontamente para voltar e se deliciar com a pipoca feita por Jeno. Ela acenou com sua mão livre ao Guang, que correspondeu dando um sorriso tímido e dizendo um simples adeus como crianças costumavam fazer.