O7

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✦ Capítulo O7 ✦
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O moreno corria disparado pela casa, visivelmente ridículo usando aquele avental amarelo com um passarinho estampado. Ainda sim, conseguindo ser mais rápido do que eu. Já devo ter reclamado trilhões de vezes sobre minhas pernas serem curtas demais, e não conseguir chegar nem perto do mesmo. Ele parou ofegante em frente ao banheiro das visitas — que estava completamente imundo — esticando a pequena chave sobre o vaso sanitário, e apontando para que continuasse onde havia parado.

— Qual é o seu..problema?! — Respirei fundo, regulando minha respiração cansada com ambas as mãos apoiadas na cintura fina.

— Vai me ajudar, sim ou não? — U nos lábios rosados, enquanto balançava a chave e ameaçava jogá-la dentro do vaso. Queria tanto poder usar magia, e lhe virar do avesso até conseguir abrir as portas da sala, mas é uma solução impossível de se realizar. 

— Você não é nem louco ao ponto de.. — As palavras foram diminuindo conforme assistia o moreno soltar a chave, e o som baixo da própria atingindo a água escoar — Por que diabos você fez isso?! — Meus olhos cresceram o vendo pressionar a descarga. 

— Pra ter você aqui — Disse tendo um sorriso travesso nos lábios umedecidos pela língua — Agora, vamos arrumar a casa? — Ele sorriu provocativo, sabendo o quão irritante estava sendo e nada fora do costumeiro Lee Jeno. 

— Eu vou pular o muro! — Dei de ombros, virando meus calcanhares a caminho do quintal na expectativa do mesmo ser baixo. O moreno me acompanhou sem dizer uma palavra sequer que contraria minha decisão, talvez fosse pelo fato do muro ter de dois a três metros. Meus olhos se arregalaram e engolia seco analisando seus tijolos, perdendo toda a confiança que havia criado. 

— Se você cair, saiba que estarei aqui embaixo pra te segurar — Disse próximo ao meu ouvido num sussurro, mantendo aquele sorriso convencido nos lábios que causava uma corrente raivosa nas minhas veias. 

— Não me faça te matar com uma vassoura — Ele riu se afastando com as mãos erguidas, não conseguindo disfarçar o quão contente estava pela minha fuga ter falhado. 

Eu jamais me sujeitaria a fazer algo do tipo, mas ele prometeu dar a chave reserva caso lhe ajudasse e bem, não tive muitas opções como podem notar. A vovó não poderia sonhar que dormi fora em plena manhã de domingo, era algo muito importante pra ela os dias em família e não queria levar outra bronca. Nayu já ficou de castigo por não ter comparecido, mesmo que estivesse fazendo uma prova importante sobre magia obscura da universidade, durante quatro horas. 

Assim, tendo que obrigatoriamente pegar luvas de borracha e um esfregão para limpar aquele banheiro, que não tinha o cheiro minimamente agradável. Jeno estava recolhendo as garrafas espalhadas pelo gramado e podia ver através da janela o saco plástico cheio, ele ficou com a coisa mais fácil. 

Suspirei pesadamente molhando o esfregão e passando pelo piso repleto de sujeira com marcas de pés, tentando pôr em prática o máximo que sabia sobre faxinas convencionais. Se pudesse fazer um ranking sobre as piores coisas a limpar neste banheiro, em primeiro lugar — estaria o box do chuveiro e seu vidro com vômito, e das mais variadas digitais. 

Nunca havia limpado algo tão nojento. 

Havia terminado de passar o pano pelo piso que agora tinha um cheiro bom, por causa do desinfetante verde — o qual era realmente cheiroso, e propunha o que dizia seu comercial na televisão — suspirando aliviado olhando o meu serviço bem feito. Dando um pulo quando me virei e dei de cara com Jeno, parecendo uma assombração, sem dar qualquer aviso da própria presença. 

 Efeito Contrário Onde histórias criam vida. Descubra agora