16

8 2 0
                                    

✦ Capítulo 16 ✦
─━─「✦」─━─

Após sua promessa de comprometimento e meu desdém com a mesma, havíamos acabado de limpar a cozinha e deixado as louças brilhando como antes. Jeno insistia pelos filmes de terror, quase apresentando slides para justificar e convencer sobre a própria escolha, eu preferia não insistir por não fazer diferença o gênero do filme. 

— Dá pra desgrudar? — Reclamei com o cenho franzido, olhando o moreno todo encolhido atrás do meu corpo e o quão patético seria, caso vissem o co-capitão se escondendo atrás de um garoto que é metade do seu tamanho.

— Eu tô com medo — Ele ergueu a pipoca na altura dos olhos, querendo se livrar do susto que viria pela mudança drástica da trilha sonora. 

— Você escolheu o filme, Jeno — Revirei os olhos vendo a cena tosca passar, onde as lâmpadas haviam estourado e os móveis eram arrastados pelo chão. 

— Não pensei que seria tão assustador — Os olhos escuros cresceram quando outro ruído ecoou pela televisão e, aos poucos, um pequeno sorriso surgia em meu rosto. 

— Jeno, você é tão idiota — Neguei com a cabeça reparando o quão patético ele ficava assustado, assistindo um filme de terror que sequer era tão aterrorizante. O mesmo mostrou sua língua, enquanto mantinha a mão dentro da pipoca doce e usava minha silhueta para se esconder das cenas que faziam aquele filme ser de terror. 

Sendo assim, passei a pegar no seu pé, querendo lhe causar mais medo ao fazer barulhos que iriam o assustar por serem repentinos, e escandalosos. Ele parecia ficar cada vez mais aterrorizado, ameaçando desligar a televisão pelas minhas brincadeiras, porém, quando tomou coragem de se levantar, uma mulher com cabelos negros caídos sobre o rosto surgiu na tela e ele voltou correndo até o sofá, quase caindo sob meu corpo. 

— Eu não quero mais assistir… — O moreno cobria os olhos, me fazendo perceber que suas mãos estavam trêmulas e as brincadeiras haviam realmente lhe assustado — Injun, tira esse filme, por favor — Era a primeira vez que ouvia aquela palavra sair pela boca do mesmo e, sem hesitação, caminhei até o controle da televisão a desligando. O moreno abria os dedos para ter certeza que havia tirado, soltando um suspiro de alívio. 

— Não pensei que você fosse ficar com tanto medo.. — Cocei a nuca, me sentindo culpado pelo seu rosto pálido e as mãos trêmulas — Desculpa — Ele negou rapidamente, soltando um sorriso que logo curvaria seus olhos.

— Não é sua culpa, mas também é, um pouquinho — Franzi o cenho perdido nos pensamentos do maior que gesticulava, olhando fixamente o teto antes de voltar a me encarar — Eu detesto completamente filmes de terror e, pensei que você fosse gostar de assistir.. — Suspirou pesado — Como pode ver, estraguei tudo outra vez — Ele se lamentava comendo minha pipoca salgada, fazendo careta por quase quebrar seu dente com o milho.

— Você não estragou tudo... — Dizer isso não fazia diferença ao próprio que permanecia emburrado, se repreendendo por não ser tão corajoso e, parecendo que logo iria afundar no sofá de tamanha decepção. 
Havia tomado coragem para abandonar o resto da minha dignidade, se fosse lhe deixar mais animado. Deixando de lado toda a carrasca que portava, na tentativa falha de evitar demonstrar sentimentos ao mesmo. 

— A gente ainda pode assistir aqueles romances bobos que você gosta, hum, se ainda quiser ver algum filme — Seus olhos cresceram e foram tomados por um brilho gigantesco, assim que pousaram na minha silhueta desengonçada e, com um pequeno sorriso nos lábios.

 Efeito Contrário Onde histórias criam vida. Descubra agora