Efeito Contrário

O2

✦ Capítulo O2 ✦
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Sinto meu coração se partir em diversos pedaços minúsculos que sequer eram visíveis aos olhos, eu não sabia o que fazer ou dizer a Hyuck, então apenas tentaria ser forte. É isso, eu consigo abrir a boca sem chorar feito criança que perdeu sua primeira varinha. 

— Oh..que bom, fico feliz por ele — O choro havia parado em minha garganta numa bola de sentimentos, e talvez estivesse visível a dificuldade que tinha para falar. 

— Você tá bem? — Ele parecia preocupado, mas eu não queria deixá-lo assim, e se bem conheço Dong-hyuck daqui a pouco apareceria na minha porta com uma cesta de doces.

— Claro.. — Olhei para os lados procurando uma desculpa — O Yuta tá me chamando, depois conversamos — Forcei um sorriso mesmo que ele não estivesse vendo.

— Renjun-ah.. — Encerrei a ligação, abaixando o celular e suspirando cobrindo meu rosto com as mãos. Sentindo as lágrimas quentes escorrerem pelas minhas bochechas, Shiro tentava me fazer erguer a cabeça, batendo com sua patinha em minha perna.

— Agora..não — Pedi o vendo se sentar ao meu lado, ficando em silêncio absoluto. Eu devia estar patético chorando por algo tão bobo, maldito momento em que me apaixonei pelo Jaemin. 

Um barulho atrai minha atenção, fazendo limpar minhas bochechas de forma brusca e engolindo seco, querendo parecer mais animado. Me levantei vendo a vovó surgir segurando uma sacola, sendo acompanhada da tia Hyo que ajeitava seu chapéu pontudo. Elas haviam retornado de uma reunião, que eu sequer sabia da existência.

Ambas me olharam após trocarem seus sapatos, enquanto eu endireitava minha postura com um sorriso forçado nos lábios. 

— Aconteceu algo criança? — Vovó se aproximou, colocando uma mão em minha testa. Ela não parecia estar mais nervosa comigo, era um alívio saber disso. 

— Nada, está tudo bem vovó — Desviei de suas mãos, sorrindo fraco e sendo encarado com desconfiança.

— Por que seus olhos estão vermelhos, então? — Era difícil esconder algo dela — Não precisa me contar o motivo, pode chorar querido — Ela abriu seus braços e não hesitei em lhe abraçar com os olhos marejados, fungando baixinho, e sem perceber quando comecei a chorar feito bebê nos braços da mais velha. 

Eu sentia perfeitamente a lavanda de seu perfume, enquanto ela acariciava minhas costas querendo me acalmar. Ficar abraçado com a vovó, fazia parecer que tudo estava realmente bem e era reconfortante saber que podia contar com ela. 

— Irei preparar o jantar, espero que tenha guardado um lugar especial pra minha comida — Minha tia se pronunciou, e me separei da vovó sorrindo pequeno.

— Claro que sim, tia — Ela se distanciou dando pulinhos animados, a mesma gostava muito de cozinhar, e sempre dizia que comida ajudava em momentos de tristeza. Os dedos da vovó deslizaram pelas minhas lágrimas, limpando meu rosto num gesto delicado. 

— Me desculpe por ter sido tão dura, mas preciso que entenda — Ela soltou um suspiro — O que você fez foi muito errado — Sua expressão estava séria, e eu sabia o que tinha feito e o quão perigoso havia sido.

— Eu sei, e prometo não fazer de novo — Ergui meu dedo mindinho arrancando uma risada da mais velha, que entrelaçou nossos dedos.

— Irei lembrar disso — Sorri em resposta — Todos nós erramos, mas preciso que se lembre disso, para não voltar a acontecer — Ela passou sua mão livre pelos meus cabelos os endireitando, e assenti diversas vezes a vendo se distanciar com seu longo vestido negro arrastando pelo chão.