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✦ Capítulo 14 ✦
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Os horários passaram-se num sopro, como uma brisa fria de inverno que tornava a ponta de minhas orelhas geladas e, a do meu nariz avermelhada. 

Tentava regular minha respiração aguardando o moreno, no fim dos degraus, após ter tido que pôr em prática o pouco que sabia sobre atletismo — costumeiro dos jogadores — para fugir do meu melhor amigo. Querendo evitar seu monólogo e as palavras convictas em dizer que estava certo. 

Eu havia pego os livros dos braços de Jeno, ouvindo o resmungar alto do mesmo ao fazer isso, dando de ombros e ignorando seus chamados. Voltando minha concentração no barulho dos carros que passavam por nós, enquanto andava em direção a gigantesca casa do maior.

— Você aprendeu o caminho direitinho — Ele brincou parando com as mãos na nuca e, tendo um breve sorriso nos lábios. 

— É impossível esquecer da rua que sempre evitei passar, por causa de um certo garoto insuportável — Debochei ao cessar meus passos, lhe vendo balançar a cabeça em negação e voltar a caminhar do meu lado. 

— O garoto que agora é seu namorado — Minha boca se entreabriu para revidar o que imitava a entonação que usei anteriormente. Jeno se apressou a pegar os livros dos meus braços numa ação ágil, desviando quando ameacei tocar nos mesmos. Mantendo seu sorriso intacto, que parecia aumentar cada vez mais através dos olhos riscados. 

Eu não poderia dizer nada que acabaria com aquele enorme sorriso, era bonito e cativante vê-lo estampado no rosto do moreno, — digo isso como um amigo em potencial, claro — que sequer prestava atenção na rua. O maior podia ser bem irritante, estressante e intolerável grande parte do tempo, mas a poção havia demonstrado que ele não é a pessoa terrível que imaginei durante tantos anos e, isso não cheirava nada bem.

Jeno acabou tendo que colocar os livros em sua coxa, se mantendo em equilíbrio ao encostar no corrimão, enquanto procurava pela chave das portas trancadas. Ele não estava me deixando nem chegar perto daquelas apostilas de química e, acabava dando por vencido, pelo simples motivo de não ter paciência para lidar com a teimosia de um garoto como Lee Jeno.

O senhor Lee estava trajado formalmente e parecia estar apressado pela forma desengonçada que pegava as chaves do carro e, colocava o copo de café na pia. Jeno franziu o cenho intrigado, mantendo-se focado na silhueta do mais velho até que se desse conta da nossa presença. 

— Abeoji? — Ele se virou com as madeixas bagunçadas grudadas na testa suada, surpreso em me ver novamente num curto período de tempo.

— Já tá virando hóspede?! — Seu tom soou brincalhão — Sempre que te vejo, você sempre está com meu filho — O mesmo se aproximou de nós, passando a mão pelos cabelos escuros e sorrindo largamente, perdendo toda aquela pressa que tinha. 

— Nós somos amigos, abeoji — Jeno respondeu simplista e, foi a hora que o meu cenho se franziu. Permaneci no mais completo silêncio, deixando um pequeno sorriso sem graça nos lábios cobertos pela máscara e, que aparentava ser um animado através dos meus olhos. Não desmentindo o moreno que contava sobre o trabalho excelente de seu pai numa concessionária conhecida.

— Pare de puxar meu saco, eu não vou te dar aquele carro quando estiver na faculdade — Ele riu vendo o semblante emburrado que surgiu quando não recebeu a resposta que aguardava — Já conversamos sobre isso, mocinho — Jeno suspirou pesado e deu de ombros, voltando a ter uma feição suave no rosto antes carrancudo.

— Tenha um bom dia de trabalho, abeoji — Sorriu sendo respondido pelo beijo no topo de sua cabeça.

— Não esqueça de buscar sua irmã, hoje vou sair um pouco tarde — O moreno havia ficado desconfiado, no entanto, não disse nada que não fosse o aceno positivo — Renjun, coloque um pouco de conhecimento na cabeça desse garoto — Ele disse começando a se distanciar.

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