Efeito Contrário

12

✦ Capítulo 12 ✦
─━─「✦」─━─

Abria meus olhos lentamente, notando o quão desengonçado havia adormecido na noite passada e, estando magicamente deitado sobre a cama amarrotada. Bocejei, ainda sentindo um tremendo sono, esticando minha mão querendo desligar o despertador que soava barulhento logo pela manhã. Meu corpo estava dolorido e não conseguia respirar direito, suspirando por saber o que viria a seguir. 

O ruivo surgiu se encostando na porta, segurando uma xícara de café entre os dedos repletos de anéis — que eram apenas para sua proteção.

— Renjun-ah, você tá acabado — Fez careta mordiscando o pão puro em sua outra mão.

— Quantas horas são? — Perguntei tentando não parecer estar com o nariz entupido, ao ponto de sequer conseguir respirar ou sentir os odores das meias fedorentas do ruivo.

— Quase sete — Bebericou o café quentinho, que deveria ter um cheiro maravilhoso pela manhã fria e sem cor. Suspirei ao me sentar na cama e sentir dores pontiagudas em minha cabeça, eu detestava ficar doente, principalmente se a culpa fosse de uma "chuvinha''. 

— Não acredito que minha cabeça resolveu me matar tão cedo — Funguei mantendo a feição dolorida e desanimada, encarando a silhueta do ruivo na porta, que aproveitava cada pedaço de seu café da manhã.

— Acho que você pegou um resfriado, pode faltar na escola, que sortudo — Ele sorriu pequeno, fazendo uma careta após meu espirro grotesco que, mesmo sendo abafado, ainda teve o som alto.

— Hã?! Eu não posso faltar hoje — Funguei novamente, engolindo a saliva e sentindo minha garganta arder ao passar pela própria secamente.

— Por que não? — O outro perguntou curioso, tendo seus olhos grandes focados em mim, enquanto levantava da cama a procura das minhas roupas, as quais usava exclusivamente no colégio. 

— T-tenho um trabalho de química.. — Uma tosse repentina interrompeu, e eu sequer conseguia formular uma frase sem sentir minha cabeça doer ou meus olhos marejarem por causa dos espirros. 

— Uau, quando crescer quero ser igual a você — Disse se afastando da porta, erguendo seu indicador com o semblante travesso que demonstrava que logo viria uma provocação — Menos a parte da poção de amor — Forcei um sorriso, que desapareceu quando arremessei o travesseiro no próprio e num súbito desviar, sumiu do corredor.

O gato de pelagem escura surgiu na janela, balançando seu rabo de um lado ao outro, enquanto lambia suas patas e olhava minha situação de canto, soltando miados baixos. 

— Eu deveria ter levado um guarda-chuva.. — Resmunguei erguendo os braços para tirar o casaco, suspirando por cada pedaço do meu corpo doer e implorando que permanecesse em casa até esse resfriado passar. Shiro pareceu notar minha dificuldade e se apressou a trazer as roupas para perto de mim, as pondo em cima da cama após pegá-las com suas presas.

Ele havia pego um moletom branco de mangas longas, junto de uma camiseta esverdeada que viria por cima. A calça era cargo — sequer lembrava de sua existência no guarda-roupas — no mesmo tom da minha camiseta. Assumo que a princípio achei péssima escolha cada peça, mas logo minha percepção mudou quando as vesti em meu corpo. 

— Agora, use este colar — Shiro empurrou com sua pata o acessório que tinha aparência engraçada — Você ainda tem imunidade baixa, deveria parar de se expor tanto, Huang — Soltou um miado raivoso em repreensão pela minha falta de cuidado, que não havia sido pouco. Apenas concordei num aceno, suspirando olhando meu reflexo no espelho e, pondo ambas as alças da mochila nas costas.