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✦ Capítulo O8 ✦
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Apoiei minhas mãos nos joelhos em frente a casa de dois andares e aparência ligeiramente sombria, empurrando os pequenos portões, e arqueando a sobrancelha ao ver o gato preto andando pelas telhas. O clima não me parecia estar muito agradável quando me aproximei das portas, pousando a mão na maçaneta, suspirando pesado antes de lhe girar, e logo sentindo cinco dedos pesarem em meu ombro, fazendo com que fechasse subitamente os olhos. 

— Renjun, acho melhor você vir comigo — Virei meus calcanhares em direção a voz conhecida, me sentindo aliviado por ver o ruivo que tinha um semblante sério e respirava ofegante parecendo ter corrido. 

Ele sequer permitiu que perguntasse algo, segurou minha mão num aperto firme e pronunciou palavras sussurrando. Eu sequer sabia o que elas significavam, mas não demorou para que descobrisse ao olhar nosso redor e ver a coleção de pedras do seu quarto. 

Coloquei a mão na barriga sentindo-me ainda zonzo pelo teletransporte, enquanto tentava acompanhar sua silhueta até a tranca da porta com meus olhos, escutando aquele som indicando que a mesma havia sido trancada. Aproveitei para olhar cada pedaço do meu corpo, verificando se todas as partes estavam presentes. 

— Essa sensação foi horrorosa, me avisa quando for fazer outra vez — Me sentia tonto pela viagem imprevista — O que aconteceu pra você estar tão sério? — Perguntei arqueando a sobrancelha. 

— Você se acostuma com os teleportes, precisei vomitar muitas vezes pra isso — Disse com desdém, dando de ombros ao se aproximar da escrivaninha e agrupar seus papéis. 

— Não fala de vômito comigo — Fiz careta lembrando do banheiro que tive que limpar manualmente — Me conta o que rolou na minha ausência — Estava começando a ficar ansioso pela hesitação do mesmo em dizer, usando um cubo mágico para distrair minha imaginação fértil e paranoica. 

— Minha tia e a vovó discutiram sobre algo, e não estão se falando — Ele suspirou pensativo, virando com seus pés a cadeira de rodinhas em minha direção. 

— Elas brigaram?! — Disse surpreso — Nunca fizeram isso ao ponto de ficarem sem se falar — Fiquei pensativo pondo a mão no queixo, me sentando na cama desarrumada que parecia mais um chiqueiro. Yuta batucava os dedos em sua perna que atingia freneticamente o chão, mantendo o olhar distante nos próprios pensamentos. 

— Quando elas me viram chegar, fingiram que nada havia acontecido — O ruivo quebrou o silêncio — Como num passe de mágica — Ele fez um trocadilho, erguendo as mãos e fazendo pequenas faíscas azuis saírem de seus dedos. 

— Talvez, elas estejam escondendo alguma coisa — Nos entreolhamos sérios, e não demorou para que o ruivo negasse com sua cabeça. Ele não acreditava na minha sugestão, era difícil imaginar elas mentindo, mas as circunstâncias diziam o contrário. 

— Por que você acha isso? — Nayu arqueou sua sobrancelha. 

— Vovó me disse uma coisa bastante suspeita, como querer contar algo, mas não poder — Suspirei, o vendo franzir seu cenho em surpresa, voltando a ficar sério absorvendo a nova informação. Não pretendia tomar atitudes antes da hora, e muito menos estávamos cogitando em fazer um interrogatório com ambas — mas Yuta, talvez, estivesse.

— E se fizermos uma poção e-

— Nem pensar, eu já tenho muitos problemas por conta de uma única poção — Neguei diversas vezes — É melhor esperarmos e ver o que acontece, caso contrário, elas nos matariam — Ele assentiu mesmo inconformado, sabendo que tinha razão e o quão complicado seria tentar enganá-las para beberem a tal poção da verdade. 

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