11. Festas de fraternidade e o baterista.

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2006

Meu Deus, finalmente me tornei adulta.

Tinha vinte e um anos e eu já me sentia a dona do mundo, alguém me belisque!

A vida é um sonho, a faculdade é incrível, tenho muitos amigos e um namorado, hoje é sexta-feira e sairei para curtir com meus amigos, eba!

Bom, nada disso era verdade com exceção de que hoje era sexta.

Acordei desse sonho louco no meio da biblioteca da faculdade.

Seul National University estava estampado por todos os lugares. Aquela faculdade que antes eu só vigiava através da calçada, agora, era meu lugar.

Passei em jornalismo depois de muito esforço para, primeiramente, saber o que eu queria da vida e, segundamente, passar na faculdade, achei que o segundo fosse impossível.

Mas estou aqui, passada e morta de cansada... a vida não é um sonho.

Não tenho mais do que dois amigos e não tenho namorado, pelo menos não um real.

Sempre fui extrovertida e explosiva, então Jisoo disse que eu me daria bem em jornalismo. Como eu não sabia de nada da vida, eu comprei a ideia dela. Pelo menos ela estava certa, estou me dando bem no quesito boas notas e contentamento com o curso.

Mas sei lá, falta algo...

Na verdade, faz um tempo que falta algo, não é culpa da universidade, eu perdi algo na jornada da vida que está fazendo falta agora, eu só não sei o que é.

— Ji? — acordei do devaneio outra vez escutando uma voz conhecida atrás de mim. — O que está fazendo aqui? — Jimin se sentou ao meu lado, levantei todos os livros na minha mesa como se fosse óbvio.

— Estudando? — ironizei e ele riu.

Jimin entrou para a faculdade de artes visuais depois de muito insistir para os pais, eles estavam titubeantes por não acharem que aquele era um bom curso para Jimin, mas meu amigo deu um jeito, afinal ele está aqui fazendo... não sei o que está fazendo!

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, ele balançou um livro no ar, devia ser um daqueles romances melosos e dramáticos de anos atrás da era romancista, os piores!

Amor é... ilusão.

— Oi gente! — escutei outra voz meio nasalada, atrás de mim. — O que estão fazendo aqui? — Lalisa perguntou, eu e Jimin balançamos os materiais no ar como se fosse óbvio, a garota riu sem jeito.

Lalisa Manoban era minha colega de quarto, conheço-a desde que a faculdade começou, há seis meses atrás.

Ela veio da Tailândia para estudar jornalismo também, a admiro muito por conseguir ficar tão longe da família assim, apesar de que tenho cogitado sumir da minha por um tempo. Ela é legal e é a primeira amiga mulher que tenho depois de um tempo.

Dividimos o mesmo dormitório estudantil, lembro da primeira vez que entrei naquele quarto e Lisa estava pendurando suas calcinhas lavadas atrás da geladeira para secarem mais rápido. Foi estranho vê-la naquela posição, ainda mais porque depois ela esbarrou onde não devia e quase morreu eletrocutada. Quando nos recompomos do susto, eu tive certeza que nos daríamos bem.

Às vezes sinto que eu e ela dividimos um único neurônio, sendo que o único que eu tinha eu já dividia com Jimin. No final das contas, todos dividimos o mesmo neurônio. Se mamãe soubesse disso, mandaria eu voltar para casa imediatamente.

Foi quase impossível convencê-la a me deixar morar no dormitório da universidade ao invés de casa, tudo parecia conspirar contra mim, mas papai convenceu-a dizendo que era importante que eu vivesse isso para amadurecer.

𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 4 𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐠𝐞̂𝐦𝐞𝐚𝐬 || 🄱🅃🅂Onde histórias criam vida. Descubra agora