2000
Acordei com o barulho estridente do despertador.
Pulei da cama quase tropeçando na coberta na tentativa de desligá-lo logo, eu não queria fazer barulho. O despertador marcava exatas 1h57.
Faltavam apenas três minutos.
Saí o mais silenciosamente possível do meu quarto, fechando o trinco com suavidade. Arrastei-me na ponta do pé pelo piso de madeira até o telefone fixo na sala, puxei o fio daquela bugiganga e o carreguei até a cozinha.
Havia quase colocado o primeiro pé no local quando escutei a madeira em baixo do meu pé ranger, paralisei. Fiquei parada por alguns segundos naquela posição esquisita esperando que ninguém tenha me escutado, ninguém apareceu.
Corri os últimos centímetros até a cozinha chegando na dispensa pouco tempo depois, era o lugar mais longe do quarto de mamãe e papai.
Sentei-me no chão da dispensa rodeada de prateleiras com pacotes de comida fechados, coloquei o telefone na tomada e esperei, aconteceria a qualquer momento.
Eu já estava ficando tonta com o tic-tac do relógio da cozinha penetrando meus tímpanos, quando algo muito mais estridente tocou. Puxei o telefone da base o mais rápido que pude para evitar o barulho.
— Alô? — eu atendi apreensiva.
— Oi. — escutei a voz de Jungkook do outro lado.
— Oi. — eu sussurrei, não tinha muito o que dizer. Quando Jungkook pediu para me ligar ainda hoje no fliperama, eu havia dito que esse era o único horário que eu podia atender sem ser pega falando com um garoto.
— Por que está sussurrando? — ele perguntou sussurrando também.
— Preciso fazer silêncio, lembra? — escutei-o murmurar algo em resposta do outro lado.
— Minha mãe tem o sono pesado, por isso eu posso falar sem parecer um criminoso foragido. — ele zombou de mim, escutei seu tom risonho do outro lado.
— Idiota. Vou desligar! — ameacei.
— Não! — ele falou rápido. — Não se atreva. — sua voz transparecia uma seriedade que eu não acatei, eu estava sorrindo toda lesada e batendo meus pés nos ares para tentar dissolver aquele sentimento estranho, eu gostava dele.
— Nossa, parece até meu pai falando. — tive um sobressalto ao perceber o que falei, havia tocado naquela palavra com P que julguei ser sensível para ele.
— Idiota. — ele riu, eu estava tensa esperando sua resposta, mas esta veio acompanhada de um riso, suspirei aliviada.
Depois de um tempo um silêncio se instalou, eu sabia que ele ainda estava do outro lado da linha e ele também sabia que eu estava.
Lembrei de hoje de tarde, de como ele me defendeu no refeitório, de como ele me tirou daquele lugar, de corrermos de mãos dadas, de ele conseguindo o coelho para mim, do abraço... do beijo, meu primeiro beijo de verdade. Coloquei os dedos em meus próprios lábios lembrando que os dele estiveram ali.
Eu sorria mesmo estando em silêncio.
— Kook? — chamei-o, não me importei em falar esse apelido pela primeira vez como se fosse natural.
— Hm. — ele respondeu rápido o que entrega que ele também esteve ali do outro lado esse tempo todo.
— Por que me beijou? — soltei a pergunta rapidamente, eu queria saber o que ele via em mim, precisava dessas palavras, de suas justificativas.
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𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 4 𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐠𝐞̂𝐦𝐞𝐚𝐬 || 🄱🅃🅂
Fiksi Penggemar[Concluída] Quando criança, achei que meu príncipe encantado estava bem ali, na primeira cadeira da sala de aula, com lábios bonitos e um encanto amador. Depois acreditei que príncipes não existiam mais. Comecei a procurar por alguém que me complet...