22. Voltar ao passado.

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2009.

Atravessei a rua sem olhar para os lados.

Tentei achar Taehyung atrás do caixa ou atendendo alguma mesa, mas ele não estava em lugar algum. Encostei minha cabeça no vidro da porta de entrada e fiz uma sombra com as mãos para ver melhor, mas ele ainda não estava lá.

Passando meus olhos pelas pessoas, eu encontrei uma senhora que parecia, estranhamente, com minha mãe, a senhora me notou e foi quando eu percebi que ela realmente era a minha mãe. Então eu decidi resolver esse infortúnio que era encontrar mamãe — porque eu estava evitando ela e seus comentários sobre casamentos — da forma mais madura possível: correndo.

Me virei de costas para a porta e me preparei para alcançar velocidade, mas algo me impediu, uma pessoa estava bem atrás de mim e quando eu tentei correr meu corpo se chocou com o dele e todas as coisas que ele carregava nas mãos rolaram pela calçada junto comigo.

Meio atordoada, sentada no chão da calçada, sem entender exatamente o que tinha acontecido nos últimos três segundos, vi Taehyung estender a mão para mim preocupado, ele tinha nos braços o resto das coisas que eu não consegui derrubar.

— O que está fazendo aqui? — indaguei chateada, ele provavelmente não entendeu porque meu tom de voz soava assim e muito menos porque eu tinha corrido em sua direção.

— Eu precisei comprar umas coisa de última hora. — ele prontamente se justificou assustado com meu humor.

Fitei as compras pelo chão: guardanapos, canudos, embalagens para entrega de comida e outras coisas que minha visão confusa não entendeu, comecei a apanhá-las de forma desengonçada e logo Taehyung se juntou a mim.

— Meu fornecedor de descartáveis me deixou na mão hoje. — comentou tentando apaziguar minha cara fincada.

— Você estragou minha fuga. — resmunguei e Taehyung sinalizou que não havia escutado, dei as compras de volta para ele e ajudei a carregar algumas delas já que, na colisão, a sacola de papel que carregava tudo havia rasgado.

— Jihye! Está tudo bem? — minha mãe apareceu na porta fazendo um mini show na frente do Tae. — Está machucada? Consegue andar normalmente? — ela bateu na minha saia para tirar as pedrinhas do chão, meu joelho ardia por causa de um arranhão, mas não doía mais do que o meu ego magoado e da vergonha que eu estava sentindo.

[...]

Depois de um tempo que eu e mamãe estávamos na doceria, papai apareceu e então a família estava quase toda reunida.

Mamãe contou sobre a queda que eu levei para papai mencionando o arranhão no joelho, meu pai, por outro lado, recebeu a informação de forma muito pacifica e nada preocupada.

— Aish, por que vocês são todos assim? Ninguém me escuta! — mamãe bateu os pés como uma criança mal criada.

— Ela parece bem para mim. — papai falou me analisando e eu dei um gole no meu suco de laranja, sem chocolate quente com chocolate extra dessa vez.

— Jihye, querida. — a mudança na voz de mamãe assustou a mim e papai. — Aproveitando que estamos reunidos, por que não conversamos sobre você, uh? — ela sorriu docemente, papai fazia uma careta confusa olhando para ela.

— Está saindo com alguém? — seus olhos me assistiam atentos e imediatamente eu olhei para papai, que desviou o olhar de forma suspeita.

Eu e minha boca grande, por que fui comentar a papai que saí com um amigo?

Imagina se mamãe sonhar que esse tal amigo está a menos de um metro de nós.

— Não. — respondi inocente como se isso bastasse e mamãe me encarou esperando que eu dissesse mais por livre e espontânea vontade, enchi a boca com o doce que ela estava comendo.

𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 4 𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐠𝐞̂𝐦𝐞𝐚𝐬 || 🄱🅃🅂Onde histórias criam vida. Descubra agora