14. Um banho de chuva com o rapaz que me entendeu.

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2006

Eu estava em pânico.

— Jihye, lembra de mim? — Jungkook perguntou.

Eu estava parada de boca aberta fazia uns segundos, Jungkook me olhou como se eu estivesse agindo estranho então piagarreei e respondi titubeante.

— Sim... Você lembra de mim? — a pergunta óbvia só saiu porque eu estava nervosa. Ele assentiu calmamente.

— Nós podemos conversar? — ele perguntou mordendo os lábios. Só agora que havia percebido meu estado, eu estava completamente molhada, a maquiagem borrada e o cabelo grudado no rosto, sem falar no frio de matar.

— Primeiramente, o que você tá fazendo aqui? — perguntei transtornada. Será que ele me seguiu?

— Vim deixar um amigo aqui de carro e quando vi você entrando na chuva eu só... entrei atrás de você. — ele apontou o dedão na direção da entrada no meio da explicação. — Por que está nesse estado? Estava fugindo de alguém? — mudou de assunto. Jungkook me deu o guarda-chuva para eu segurar e estava tirando seu moletom pelo zíper para me dar, eu não conseguia negar.

— Quase isso. — minha voz saiu como um fiapo, Jungkook olhou em volta preocupado que eu estivesse sendo perseguida de verdade, eu não estava a fim de explicar.

Ele colocou o casaco em cima do meu ombro e voltou a segurar o guarda-chuva. Não era como se aquele casaco tivesse feito uma mínima diferença no meu frio.

— O que quer conversar? — perguntei enquanto andávamos pela guia da rua.

— Err... sobre o passado. — engoli em seco. — Quero falar sobre aquela época, sinto que te devo algo. — olhei para seus olhos, ele parecia honesto, mas lembro que já confiei neles uma outra vez...

— Estou escutando. — eu disse serena olhando para o caminho de pedras que arrodeava os blocos dos cursos.

— Naquela época eu era um idiota, mas não era porque eu queria. Eu queria atenção do meu pai, por isso matava aulas e fazia coisas rebeldes. E me envolvia com garotas para tentar preencher esse vazio. — ele falou como se estivesse numa sessão de terapia, assenti com a cabeça me lembrando que eu havia sido uma dessas meninas.

— Depois de um tempo me perguntando porque você fez aquilo, eu entendi. — comentei, ele pigarreou.

Á essa altura, estávamos chegando próximo da área dos dormitórios femininos.

— Eu sinto muito por ter sido um babaca com você, fiz coisas que não faria hoje em dia... tipo desistir de você. — seu tom era baixo, quase um sussurro. Eu já não sentia mais nada por ele, mas me perguntava o que teria acontecido com nós dois se nada dessas coisas ruins tivessem acontecido, era inevitável pensar no "e se?".

— Não desistiria de mim hoje em dia? — perguntei indiferente, tentando colocá-lo contra a parede.

Chegamos na frente do meu dormitório e sinalizei para pararmos ali, eu ainda esperava por sua resposta.

— Não. — respondeu sucinto, acho que meu coração errou uma batida igual no dia que ele disse que me amava... — Você foi diferente das outras...

— Você me já me disse isso uma vez, eu acreditei e aí você fez todas aquelas coisas. — atropelei sua fala relembrando-o. Eu subi o primeiro degrau da escadaria do prédio dos dormitórios, dessa forma ficávamos com a altura nivelada.

— Mas não era mentira, eu amei você de verdade e sentia uma conexão com você... — ele parou no meio da frase como se algo o impedisse. — ... e eu não senti isso com mais ninguém desde então.

𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 4 𝐚𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐠𝐞̂𝐦𝐞𝐚𝐬 || 🄱🅃🅂Onde histórias criam vida. Descubra agora